sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

DE MAJELLA - OURO PRETO - MINAS GERAIS - BRASIL



 OURO PRETO 

MINAS GERAIS 


BRASIL

Museu dos Inconfidentes
Museu dos Inconfidentes

Geraldo de Majella
Andar em Ouro Preto, subindo e descendo ladeiras, 
é aconselhável para manter o equilíbrio, apurar o 
olhar no casario colonial, além, claro, do
 exercício físico. As ladeiras íngremes, quando molhadas, 
são escorregadias.
 A prudência é a melhor conselheira,
 dizem os mais velhos.
Andar devagar, sem pressa, parando em frente
 às igrejas, capelas, museus. A máquina fotográfica
 é um equipamento essencial. Num tempo 
em que o aparelho celular tem múltiplas funções, 
a tradicional máquina
 fotográfica ganha nas mãos dos mais jovens um
 papel secundário.
Ao caminharmos pelas ruas estreitas, de pavimento irregular,
 ficamos atentos
 mais ao chão que ao casario. Seja morador ou turista, 
o movimento cotidiano
 em alguma medida se perde ao andarmos de olhos fitos
 no chão. Algumas 
ruas são de pedra rachão; outras de paralelepípedo.
A cidade é diferente de tudo o que conhecemos, parecendo
 um cenário 
cinematográfico. Tudo é bonito. Os detalhes sobram, e para
 onde olharmos
 veremos o conjunto arquitetônico constituído no período 
colonial. É, sem exagero,
 um monumento a céu aberto encravado entre as
 montanhas das Minas Gerais.
Ao olhar, como eu olhei pela primeira vez, as obras 
do genial Aleijadinho, 
vi-me diante do inexplicável e do incompreensível. 
Perguntei-me inúmeras vezes
 como uma pessoa com tantas e tão graves dificuldades 
físicas conseguiu produzir
 obras inigualáveis em qualquer tempo. Coisa de gênio é 
a única explicação encontrada.
Os olhos dão o zoom, aproximam o passado barroco 
nos detalhes da cantaria lavrada, 
no azulejo que adorna os casarões seculares.
As pernas estão firmes – a idade ainda ajuda –, mas não é para abusar.
 É recomendável, é
 prudente – digo com prazer – escolher um dos tantos cafés para
 sentar, jogar conversa fora e
 saborear um comprido ou curto, de preferência com leite. 
Afinal, estamos em Minas Gerais, 
e o leite é o principal produto. O café é também um dos bons
 produtos das Gerais. Assim
 como as cachaças − no plural −, pela qualidade e pela variedade.
As comidas não são nada dietéticas (light), pois tudo
 que é bom engorda e em geral 
é saboroso. Não é permitido entrar e sair de Minas Gerais
 sem apreciar as comidas tradicionais. 
O leitão à pururuca, os torresmos e as carnes. 
É tão só a entrada; em seguida, é a vez das 
sobremesas: os doces são bons, maravilhosos. Eu, 
apesar de diabético, 
me fiz no doce de mamão
 verde com cravo e canela. Houve algumas variações, e às 
vezes parcerias entre doces de leite, 
mamão e abóbora no mesmo prato, com queijo minas.
A culpa, essa eterna perseguidora, me acompanhou durante
 as minhas andanças pelas Minas 
Gerais. Antes que fosse consumido por ela, caminhei 
sempre em companhia de Vânia mais
 que o necessário para queimar o açúcar consumido nas sobremesas.
Após as minhas extravagâncias, vali-me do poeta 
Fernando Pessoa. Valeu a pena? “Tudo vale 
a pena se a alma não é pequena.”
Ouro Preto, até a próxima.

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