segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

20 ANOS SEM MÁRIO QUINTANA (2) - O POETA DE PORTO ALEGRE

20 ANOS SEM MÁRIO QUINTANA (1906-1994)

 O POETA DE PORTO ALEGRE

(RIO GRANDE DO SUL - BRASIL)




                                                             (*)
A VACA E O HIPOGRIFO

comentário por Arthur Nestrovski
Editor da Publifolha 
e articulista do jornal Folha de São Paulo. São Paulo - Brasil
S. Paulo, 2008


A vaca todo  mundo conhece. Já o hipogrifo ... Mas não é justamente nesse contraste, entre o  que há de mais prosaico e oque é da ordem do  mito, que a poesia de Mário Quintana (1906-1994) inventa(19770 uma de suas chaves? Quintana foi um dos poetas mais cultoa e ao mesmo tempo mais diretos da nossa literatura. Nada do que escreveu deixa de sugerir a tradição dos séculos, mas tudo se dá de modo que qualquer um entende, o que explica e justifica sua popularidade.

"Tudo comporta o  seu contrário; e a nossa alma (...) nunca deixa de estar do outro lado das coisas". Nesse mesmo espírito, o leitor pode entrar no seu livro em qualquer ponto. Há belezas e verdades por toda parte, espalhadas sem ordem fixa e sem a menor ostentação. Reunindo crônicas, poemas, anotações, anedotas e frases publicadas ao longo de mais de uma década no suplemento literário do Correio do Povo, de Poro Alegre - muitos também, simultaneamente, na Folha de S. Paulo, - A Vaca e o Hipogrifo (1977) vale como verdadeiro compêndio da arte do poeta.

Quintana foi, é e será para sempre o poeta de Porto Alegre. Nisso, como ele mesmo ensina, está sua chance de falar ao mundo. E assim como a circunstância social lhe serve de cifra do universo, também o teatro do estilo vira um instrumento para chegar a dizer o que ele quer. Mesmo aquilo que parecia datado, um tom meio  fora de época, transcende agora o maneirismo e vem se confirmar como umas vozes definitivas do seu e do nosso tempo.

"O mundo era sempre de frente", diz ele, em meio a memórias da infância. Talvez só na infância, mesmo, se tenha força para ver o mundo assim; mas a poesia de Mário Quintana é um suplemento e tanto para quem perdeu essa primeira, espontânea forma de sabedoria, e agora quer se descobrir de novo, naquele ponto misterioso de entendimento das coisas, equilibrado entre o céu e a terra, entre o chão e o  mito, entre a vaca e hipogrifo.

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(*)
QUINTANA, Mário - A vaca e o hipogrifo. 1ª ed. Rio de Janeiro : MEDIAfashion, 2008. 
(Col Folha Grandes Escritores ; v.19)


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