20 ANOS SEM MÁRIO QUINTANA (1906-1994)
O POETA DE PORTO ALEGRE
(RIO GRANDE DO SUL - BRASIL)
(*)
A VACA E O HIPOGRIFO
comentário por Arthur Nestrovski
Editor da Publifolha
e articulista do jornal Folha de São Paulo. São Paulo - Brasil
S. Paulo, 2008
A vaca todo mundo conhece. Já o hipogrifo ... Mas não é justamente nesse contraste, entre o que há de mais prosaico e oque é da ordem do mito, que a poesia de Mário Quintana (1906-1994) inventa(19770 uma de suas chaves? Quintana foi um dos poetas mais cultoa e ao mesmo tempo mais diretos da nossa literatura. Nada do que escreveu deixa de sugerir a tradição dos séculos, mas tudo se dá de modo que qualquer um entende, o que explica e justifica sua popularidade.
"Tudo comporta o seu contrário; e a nossa alma (...) nunca deixa de estar do outro lado das coisas". Nesse mesmo espírito, o leitor pode entrar no seu livro em qualquer ponto. Há belezas e verdades por toda parte, espalhadas sem ordem fixa e sem a menor ostentação. Reunindo crônicas, poemas, anotações, anedotas e frases publicadas ao longo de mais de uma década no suplemento literário do Correio do Povo, de Poro Alegre - muitos também, simultaneamente, na Folha de S. Paulo, - A Vaca e o Hipogrifo (1977) vale como verdadeiro compêndio da arte do poeta.
Quintana foi, é e será para sempre o poeta de Porto Alegre. Nisso, como ele mesmo ensina, está sua chance de falar ao mundo. E assim como a circunstância social lhe serve de cifra do universo, também o teatro do estilo vira um instrumento para chegar a dizer o que ele quer. Mesmo aquilo que parecia datado, um tom meio fora de época, transcende agora o maneirismo e vem se confirmar como umas vozes definitivas do seu e do nosso tempo.
"O mundo era sempre de frente", diz ele, em meio a memórias da infância. Talvez só na infância, mesmo, se tenha força para ver o mundo assim; mas a poesia de Mário Quintana é um suplemento e tanto para quem perdeu essa primeira, espontânea forma de sabedoria, e agora quer se descobrir de novo, naquele ponto misterioso de entendimento das coisas, equilibrado entre o céu e a terra, entre o chão e o mito, entre a vaca e hipogrifo.
_______________
Quintana foi, é e será para sempre o poeta de Porto Alegre. Nisso, como ele mesmo ensina, está sua chance de falar ao mundo. E assim como a circunstância social lhe serve de cifra do universo, também o teatro do estilo vira um instrumento para chegar a dizer o que ele quer. Mesmo aquilo que parecia datado, um tom meio fora de época, transcende agora o maneirismo e vem se confirmar como umas vozes definitivas do seu e do nosso tempo.
"O mundo era sempre de frente", diz ele, em meio a memórias da infância. Talvez só na infância, mesmo, se tenha força para ver o mundo assim; mas a poesia de Mário Quintana é um suplemento e tanto para quem perdeu essa primeira, espontânea forma de sabedoria, e agora quer se descobrir de novo, naquele ponto misterioso de entendimento das coisas, equilibrado entre o céu e a terra, entre o chão e o mito, entre a vaca e hipogrifo.
_______________
(*)
QUINTANA, Mário - A vaca e o hipogrifo. 1ª ed. Rio de Janeiro : MEDIAfashion, 2008.
(Col Folha Grandes Escritores ; v.19)
Nenhum comentário:
Postar um comentário