A CIDADE NAS (RE)INVENÇÕES DO RESTAURANTE (4)
Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...
A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...
A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...
Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...
A gente não quer só comer
A gente quer comer
E quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer
Prá aliviar a dor...
A gente quer comer
E quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer
Prá aliviar a dor...
(“Comida” - Arnaldo Antunes)
Vicente Deocleciano Moreira
Restaurantes e, também, shopping centers são poderosos templos urbanos do desejo.
O restaurante é o templo urbano do desejo de consumir comida e bebida e, em alguns raros e deliciosos casos, de consumir também diversão e arte.
O shopping é o templo do desejo de consumir roupas, calçados, jóias e bijuterias, etc., etc ... e também, nas lucrativas e superlotadas praças de alimentação, de consumir comida e bebida. Praças que são, na maior parte dos casos, vizinhas das salas de cinema e de teatro do shopping. Quem atrai quem? O fato é que nos cinemas e teatros, realiza-se a missão complementar do shopping de consumir diversão.
Desde Ur até ... Paris ... até ... Nova Iorque ... até Dubai ... sei lá! ... humanos conseguimos – a duras penas e a custas de sangues e saques do corpo e do patrimônio de oprimidos e saqueados – construir cidades, babéis ... restaurantes e shopping centers.
Que ‘combustíveis’ nos moveram a fazer tanto e tantas coisas até construirmos cidades? Inúmeros, mas estacionemos “apenas” num combustível (ou num bonde?) chamado desejo.
Humanos, somos sujeitos da natureza, somos seres do desejo e gerimos através da linguagem, da fala, nosso estar-no-mundo.
A lógica do desejo é movimentada pela falta. Só desejamos o que nos falta. Somos seres faltosos Embrulhados com andrajos ou com roupas infantis das mais caras grifes, saímos vestidos (jamais nus!) da maternidade, da sala de parto. Comemos para além da improvável necessidade e na medida faltosa do desejo.
A lógica do desejo é movimentada pela falta. Só desejamos o que nos falta. Somos seres faltosos Embrulhados com andrajos ou com roupas infantis das mais caras grifes, saímos vestidos (jamais nus!) da maternidade, da sala de parto. Comemos para além da improvável necessidade e na medida faltosa do desejo.
Com a palavra, Arnaldo Antunes:
A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...
Os outros animais da fauna e as plantas da flora terrestre são objetos da natureza, não falam, apenas comunicam dor, prazer, sentimentos ... são seres da necessidade. Não se sabem nus, pois não se sabem vestidos e ‘comem/bebem’ a quantidade e a qualidade na medida precisa de que carecem (e de que lhes impõe a natureza) para minimamente (sobre)viver.
Humanos descobrimos o fogo e inventamos a roda, ontem. Humanos depois inventamos as cidades. E, faz tempo que, dentro das cidades, criamos restaurantes e shopping centers.
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