sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

CENTRO DA CIDADE (6) - PRECISAMOS REJUVENESCER/1

CENTRO DA CIDADE: REDESCOBERTA E RETORNO (6)

PRECISAMOS  REJUVENESCER/1


Vicente Deocoleciano Moreira

Vamos abrir a postagem de hoje, 20 de janeiro de 2012 - a cinco dias do aniversário da velha São Paulo - com a letra de Belchior "VELHA ROUPA COLORIDA", na íntegra. Não exatamente a título de epígrafe (e, às vezes epígrafes são meramente  frouxas labaredas das fogueiras das vaidades ...) - e vejam que a letra está abaixo e não acima do nome deste autor que  a virtude da modéstia impede de repetir.


Velha Roupa Colorida

Você não sente nem vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
E o que há algum tempo era jovem novo
Hoje é antigo, e precisamos todos rejuvenescer
Nunca mais meu pai falou: "She's leaving home"
E meteu o pé na estrada, "Like a Rolling Stone..."
Nunca mais eu convidei minha menina
Para correr no meu carro...(loucura, chiclete e som)
Nunca mais você saiu a rua em grupo reunido
O dedo em V, cabelo ao vento, amor e flor, quero cartaz
No presente a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa que não nos serve mais
No presente a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa que não nos serve mais
Como Poe, poeta louco americano,
Eu pergunto ao passarinho: "Black bird, o que se faz?"
Haven never haven never haven
Black bird me responde
Tudo já ficou atras
Haven never haven never haven
Assum-preto me responde
O passado nunca mais
Você não sente não vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
O que há algum tempo era jovem novo,
Hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer (bis)
E precisamos rejuvenescer


De fato. Centros presbíteros de cidades são  como velhas roupas coloridas. Sim, é verdade que essas cores nem sempre nos agradam o senso estético e a  busca de dignidade para os outros humanos. Não raras vezes, nossos presbíteros centros estão vestidos, faz tempo, de mendigos, drogados, prédios em ruínas, de pessoas que moram nas ruas por não terem onde morarlixo, buracos e esgotos  a céu aberto.

Mas, apesar de tudo estar “demorando em ser tão ruin” (Caetano Veloso e Gilberto Gil). Moradores ou não desses centros urbanos alimentamos alguma esperança em algum tipo de mudança: ou  para pior ou para melhor.

Há muito tempo e em todas as capitais e grandes cidades, centros   presbíteros foram novos e jovens, hoje não só antigos. Têm sido, séculos após séculos, vítimas do abandono e da indiferença de poderes públicos e de grupos privados; nenhum investimento social, nenhum investimento do capital privado. Os pobres foram entregues à própria sorte e sob seus ombros a responsabilidade para resolver problemas habitacionais, econômico-financeiros e de infraestrutura urbana. Esse raciocínio também se aplica às favelas do Rio de Janeiro e de outras cidades brasileiras. 

Nesses últimos anos, o Estado e a iniciativa estão redescobrindo centros e favelas das cidades e a eles retornando. Tal redescoberta e qual retorno nos inspiraram a decisão e o título desta série de postagens (meia dúzia até aqui): CENTRO DA CIDADE: REDESCOBERTA E RETORNO (6)


Afinal, o passado, seja o presbítero, o pretérito passado ou o passado recente são roupas que não nos servem mais.

PRECISAMOS REJUVENESCER

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