Feira do Japão

Publicado em 03/12/2007 por

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por Jordan Mendes

Numa das transversais da Avenida Lima e Silva, que corta o bairro da Liberdade, fica a Feira do Japão. Uma placa azul com o nome da feira marca o seu início. Numa rua estreita, em frente ao colégio Duque de Caxias, acumulam-se barracas com os mais diferentes produtos. Frutas, verduras, legumes, temperos, frutos do mar e carnes são os mais encontrados. O trânsito de pessoas é intenso e os esbarrões, inevitáveis. O asfalto está sempre úmido, pois os feirantes estão molhando os seus produtos constantemente. As barracas são de tamanhos diversos e aspecto humilde.  O cheiro não é muito agradável. Inclusive, no mês de setembro deste ano, a feira sofreu uma apreensão de carnes pela Vigilância Sanitária, por falta de higiene na comercialização.

A feira é freqüentada geralmente pelos próprios moradores do bairro da Liberdade, que acham vários produtos com melhor preço e qualidade. Para Lígia Conceição, moradora do bairro há 40 anos, as frutas, legumes e principalmente os temperos são de ótima qualidade, e os preços, bem mais em conta do que os dos supermercados.

Os preços dos produtos variam pouco entre os feirantes, a pechincha é uma arma muito usada pelos clientes. Ao passar pelas barracas, é possível perceber as negociações: “Assim você me quebra, freguês”, disse um feirante que usava um velho chapéu de palha. O horário também influencia nos preços dos produtos. “Às vezes você vem na feira pela manhã comprar alguma coisa que está de R$ 10, por exemplo. À tarde, quando você volta, está bem mais barato”, comentou Lígia, que usava um vistoso lenço azul na cabeça.

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A Secretaria Municipal de Serviços Públicos (SESP) é a responsável pela fiscalização das feiras livres da cidade. O órgão fiscaliza a higiene, organização e o trânsito nas feiras. “Nós pedimos aos feirantes que não deixem os alimentos no chão, tudo tem que estar em cima das barracas”, disse João Nascimento, funcionário da SESP, que estava acompanhado de um outro fiscal, ambos usando um colete de identificação. Os barraqueiros que não cumprirem com as exigências são notificados, podendo ter sua mercadoria apreendida. “Caso o feirante não respeite o pedido, fazemos a notificação. Se o mesmo persistir, a mercadoria é apreendida”, reforçou Nascimento.

No mês de setembro desse ano [2007 - grifo nosso], houve uma blitz da Vigilância Sanitária na Feira do Japão. Na ação, 60 kg de carne foram apreendidos por não estarem refrigerados. “As carnes estavam em cima de papelões, sem qualquer cuidado”, disse Nascimento. A mercadoria foi apreendida e levada para o aterro sanitário da cidade. Depois desse episódio, a fiscalização da Vigilância Sanitária na Feira do Japão foi intensificada.

Higiene, organização e segurança
Noemia dos Santos, que comercializa temperos e frutos do mar há 20 anos, afirmou: “Eu amo o trabalho na feira. Comecei a vender aqui com a ‘cara e a coragem’. Acho que a feira melhorou bastante desde que comecei a trabalhar aqui”. A feira passou por uma padronização no ano de 2003, na qual todos os feirantes tinham barracas nos mesmos moldes. “Quando houve a padronização teve uma melhora, mas depois de um tempo voltou tudo ao normal. Ao que era antes”, comentou Germivaldo Rosário, que comercializa vegetais e raízes há 15 anos na feira. Para Germivaldo, que tem uma banca apoiada no passeio, a prefeitura deveria dar mais atenção a eles. Ele diz que a fiscalização existe, mas o incentivo, não.

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“Durante esses anos que freqüento a feira, sem dúvida ela melhorou, mas é necessário que o governo faça mais. Na organização, higiene, segurança. Apesar de nunca ter sido assaltada aqui na feira, a Liberdade como um todo precisa de um melhor policiamento. Dia de sábado mesmo, eu nunca venho na feira, porque a quantidade de pessoas é muito grande e é muito perigoso”, declarou Lígia, que trabalha na área de saúde. A necessidade de melhoria nas questões de segurança, higiene e organização da Feira do Japão, são as mais visíveis para qualquer um que a visite. Para Noemia, o governo deveria olhar mais para as feiras de Salvador como um todo. Ela diz que os problemas com a limpeza, organização e segurança são muito sério.

(Outubro de 2007)