segunda-feira, 26 de março de 2012

EDWARD GLAESER - É POSSÍVEL SER FELIZ NAS CIDADES?

Edward Glaeser

Edward Glaser, economista norte-americano, é professor da Harvard University, onde é diretror de um centro de pesquisas e assessoria em políticas públicas

É POSSÍVEL SER FELIZ

NAS CIDADES?

 

A integração é a única solução para as cidades. Em Londres, não temos favelas. Mas temos pessoas vivendo em habitações sociais, que são subsidiadas pelo governo. São prédios privados, nos quais o governo pode colocar pessoas pobres na porta ao lado de alguém muito rico. Um área só para ricos contraria a ideia de cidade.
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O sistema londrino obriga bairros ricos a terem habitações sociais. Esse tipo de sistema já é aplicado na Holanda, na Dinamarca e na Suécia. É preciso criar leis para ter essa integração.

O problema de pobres e ricos no Brasil é igual ao que existia entre brancos e negros nos Estados Unidos. Cidades não podem ter guetos, seja para negros ou pobres.
Richard Rogers, arquiteto. Vale a pena ler a entrevista completa que a Folha fez com ele. Solução para o trânsito (mais impostos para compra de carros; em Londres, os carros pagam taxa para entrar no Centro), melhorar o transporte público (93% dos londrinos optam pelo transporte coletivo), criação de espaços públicos em todos os distritos e controlar as forças do mercado são alguns pontos levantados por Rogers para melhorar a vida urbana.

Se a visão de Rogers soa restritiva para você, há quem busque novos horizontes para o tema. Ao contrário do senso comum, a metrópole também representa uma resposta eficaz para os problemas ambientais (exemplo: nos EUA, uma pequena casa gasta 88% mais energia que um apartamento). Essa é a tese do professor de economia Edward Glaeser. Em seu livro, Triumph of the City, Glaeser defende que a cidade é “a maior invenção da humanidade“. Além disso, quem vive em grandes centros é mais feliz. Outro mito que o autor quer derrubar.  A fuga para um ambiente idílico sempre pareceu mais convidativa que o caos urbano.

As aglomerações urbanas também propiciam a inovação. As conexões entre pessoas que moram num mesmo local transformam as áreas urbanas em cidades criativas. Não que essa seja a única via: as tecnologias digitais propiciam a interação de talentos, sem respeitar diferenças geográficas.

Ademais, as metrópoles representam um ambiente rico culturalmente. São vantagens que nem sempre são associadas às áreas urbanas. Pior: para muitos, as cidades seriam problemas intransponíveis. Felizmente, o debate avança. Não nega os problemas, mas também saúda os benefícios da vida urbana.


De toda forma, morar num grande centro não significa apenas um estilo de vida acelerado. É possível encontrar diversas dinâmicas de interação social. Mesmo na cidade, é possível ter uma vida em comunidade. Há quem raramente saia dos domínios do seu bairro. Encontram todos os serviços que necessitam em locais próximos. Ou na internet.

Há mais. Para ele, adotar usos mistos para recuperar áreas degradadas de uma cidade seria a solução mais eficiente. Nos últimos 15 anos, já vi muitas cidades transformarem regiões abandonadas em centros de lazer e turismo. Em pouco tempo, tais regiões foram esquecidas pela população e pelo poder público.  Ademais, uma forma indicada por especialistas para melhorar o degradado centro de várias cidades brasileiras seria incentivar a moradia de pessoas.

Muitos estranham quando digo que não sei dirigir. Para Rogers, “não há soluções para o trânsito com carros”. Nesse caso, não sei se sigo com Rogers. Carros são importantes por vários motivos. Penso em soluções restritivas, e não proibitivas.

Opto pelo transporte público porque prefiro ambientes coletivos. E plurais. Isso vale para tudo. Prefiro locais públicos -praças e praias, por exemplo – que acolhem grupos distintos. O carnaval de rua é mais divertido que o baile do clube. O diferente e a mistura me enriquecem. O mais triste é que conheço gente que nunca pegou ônibus. Andar sozinho no carro é uma extensão pública da vida “protegida” que levam. Vivem numa redoma, sem novas experiências. Não saem da sua zona de conforto: convivem com pessoas que seguem os mesmos preceitos. O desconhecido não representa um convite, mas sim desperta medo, julgamento.Se a visão de Rogers soa restritiva para você, há quem busque novos horizontes para o tema. Ao contrário do senso comum, a metrópole também representa uma resposta eficaz para os problemas ambientais (exemplo: nos EUA, uma pequena casa gasta 88% mais energia que um apartamento). Essa é a tese do professor de economia Edward Glaeser. Em seu livro, Triumph of the City, Glaeser defende que a cidade é “a maior invenção da humanidade“. Além disso, quem vive em grandes centros é mais feliz. Outro mito que o autor quer derrubar.  A fuga para um ambiente idílico sempre pareceu mais convidativa que o caos urbano.

As aglomerações urbanas também propiciam a inovação. As conexões entre pessoas que moram num mesmo local transformam as áreas urbanas em cidades criativas. Não que essa seja a única via: as tecnologias digitais propiciam a interação de talentos, sem respeitar diferenças geográficas.
Ademais, as metrópoles representam um ambiente rico culturalmente. São vantagens que nem sempre são associadas às áreas urbanas. Pior: para muitos, as cidades seriam problemas intransponíveis. Felizmente, o debate avança. Não nega os problemas, mas também saúda os benefícios da vida urbana.


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