domingo, 27 de novembro de 2011

TEMPOESIA NAS CIDADES - MÁRIO DE ANDRADE


TEMPOESIA NAS CIDADES  
POSTAGENS  DE POESIAS QUE EXIBAM  
ALGUM DESTAQUE À  CIDADE


QUANDO EU MORRER

Mário de Andrade

Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
       Saudade.

Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
       Esqueçam.

No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
       Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
       Sereia.

O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade,
       Saudade.






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