domingo, 20 de maio de 2012

AS CIDADES QUE TEMOS E AS CIDADES QUE QUEREMOS (2)

AS CIDADES QUE TEMOS 
E AS CIDADES QUE QUEREMOS (2)


A dicotomia Casa / Rua, discutida pelo antropólogo Roberto da Matta ( em seu livro "A Casa e a |Rua"), ganha contornos especiais quando estudiosos e amantes das cidades nos dispomos a refletir sobre mobilidade urbana.  O dito popular "Boa romaria faz quem em casa está em paz" parecer querer nos oferecer algum conforto: proposta de conforto que talvez não passe de uma ilusão enquanto tal nem mesmo nos finais de semana que a máquina produtiva  concede ao  indispensável descanso de muitos. Ilusão e idealismo. Todos já alimentamos, algum dia, o desejo de ficar em casa, cercados de todos os confortos e comodidades possíveis e impossíveis que a tecnologia e os serviços em domicílio (comida, bebida, roupas, jornais e revistas ,,,) possam nos oferecer ao preço e ao custo que podemos pagar. 

Não sair da casa, do triplex/cobertura/piscina/área gourmet ... nunca mais. Nem mesmo aposentados com exuberante apo$entadoria sustentariam, por muito tempo, essa promessa a si mesmo e ao mundo . O fato é que, uma grande maioria passa mais tempo ... 8 ... 16 ... 18 horas ... na rua,  e seis / oito horas quando muito em casa. Não que necessariamente  se trabalhe fora de casa essas 8 ... 16 ... 18 horas. Mas certamente está incluído nessas ... 8 ... 16 ... 18 horas ... o tempo em que nos deslocamos caminhando/dentro automóveis/ônibus/trem/metrô/ aeronaves/ embarcações  ...) da casa para a rua e da rua para a casa.


Nossas cidades mais pobres 'incharam' e distanciaram, mais e mais, a casa do trabalhador (onde habita ou sub habita) da rua onde ele trabalha; e os serviços públicos (transporte, saneamento básico, etc.) não têm diminuído tal distância nem tornado mais rápida e mais segura a mobilidade interna à rua e, pior, entre os dois extremos (casa/rua). 


O tempo gasto no percurso casa/rua/casa (para fins de trabalho, lazer, visitas a aparentes e amigos, consultas e exames médicos, de frequência escolar, etc) tem equivalido, em muitas cidades, à viagem entre municípios de regiões metropolitanas - e mesmo estados! - diferentes; quando, não raras vezes, se viaja entre bairros ou bairro/centro de uma mesma cidade. São Paulo, a maior e mais rica capital & cidade do Brasil é o melhor embora não único exemplo.


Humanos, construímos e continuamos edificando a maior invenção cultural do planeta, as cidades, ... mas parece que a visão da árvore (a cidade propriamente dita) nos impediu a visão da floresta, ou seja, seus moradores.


Já que os humanos vivemos a maior parte do tempo na rua (e não na casa) exigimos que poderes públicos e tantos outros criem condições gerais de mobilidade para que essa longa permanência sob o céu, chuva sol ou sereno, frio ou calor, seja mais rápida, mais confortável e mais sutentável.

















Nenhum comentário:

Postar um comentário