ACORDO DE OBEDIÊNCIA PREMIADA
Calma, muita calma nessa hora ...
ACORDO DE OBEDIÊNCIA PREMIADA foi o feito, ‘in illo tempore’ - entre Deus (ele o propositor) e Adão & Eva. Por esse Acordo, o querido casal Lhe guardaria obediência e fidelidade; ou seja não comer aquela fruta daquele pomar. Nunca esteve claro está claro se essa proibida e sedutora fruta foi u’a maçã, jaca, jambo ou jaboticaba. Isto é o que menos importa. Mais interessante é reconhecer que a tal fruta nada mais era que ‘ a fruta da linguagem” – aquela que permitiria aos dois desobedientes o poder da linguagem e, marco zero da conquista, isto é, o discernimento entre o Bem e o Mal ... como acontece com qualquer criança quando começa a aprender a falar ... Lavar as mãozinhas antes de comer é do Bem ... insinua a ‘tia’ da creche.
Especialmente importante é especular qual teria sido o prêmio ao casal pela obediência - e pela sua resistência ao discurso subversivo da serpente – na verdade Lilith – a primeira mulher do casadoiro Adão.
O prêmio para os dois seria a imortalidade. Nem Adão & Eva nem nós, seus filhos, morreríamos. Seríamos imortais? Sim. Nesses dias sob o sol, no fundo no fundo, por pior que esteja a vida quase todos gostaríamos de ser imortais – mesmo que o amor não fosse imortal “posto que é chama” (Vinicius de Moraes)
Seríamos imortais, porque não falaríamos ... e bicho que não fala não sabe o que é a morte por não saber o que é a vida. Vida e Morte são efeitos de linguagem e portanto podem ser metaforizadas; “Êta vida besta meu Deus” (Drummond). ”A vida continua”... “Não quero mais saber de você; você morreu pra mim!”...
Tal bicharada não-falante (incluam os humanos fora disso!) tem ‘apenas’ emoções, inteligência, sentimentos, instintos, libido sob o império do cio ... e a percepção binária da presença ou da ausência do dono, da comida ou bebida, ou de seus pares de espécie. Lá eles, os outros bichos. Os por assim dizer bichos não conhecem, não têm o poder do Conhecimento; eles apenas Sabem poiis apenas sabe-oreiam através dos sentidos: visão, tato, olfato ... Em português saber é sinonímia de sabor. Em francês, a grafia de savour (saber) é muito parecida com a de savoir (saber). Hoje (206) seria um arcaísmo comentar após o almoço: “Gostosa a comida mas está sabendo um pouco a alho”. Quer dizer, está com gosto forte de alho.
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