segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

"LATRINA " ... (4) - Evolução dos Sistemas de Esgotamento

"LATRINA - A MAIOR INVENÇÃO DA HUMANIDADE" (Vargas Llosa) (4)

"Evolução dos Sistemas de Esgotamento  (I)

Os primeiros sistemas de esgotamento executados pelo homem tinham como objetivo protegê-lo das vazões pluviais, devendo-se isto, principalmente, à inexistência de redes regulares de distribuição de água potável encanada e de peças sanitárias com descargas hídricas, fazendo com que não houvesse, a primeira vista, vazões de esgotos tipicamente domésticos.
Sítios escavados em Mohenjo-Daro, no vale da Índia, e em Harappa, no Punjab, indicam a existência de ruas alinhadas, pavimentadas e drenadas com esgotos canalizados em galerias subterâneas de tijolos argamassados a, pelo menos 50 centímetros abaixo do nível da rua. Nas residências constatou-se a existência de banheiros com esgotos canalizados em manilhas cerâmicas rejuntadas com gesso. Isto a mais de 3000 a. C.
No Egito, no médio Império (2100-1700 a. C.), em Kahum, uma cidade arquitetonicamente planejada, construíram-se nas partes centrais, galerias em pedras de mármore para drenagem urbana de águas superficiais, assim como em Tel-el-Amarma, onde até algumas moradias mais modestas dispunham de banheiros. Em Tróia regulamentava-se o destino dos dejetos, sendo que a cidade contava com um desenvolvido sistemas de esgotos. e Knossos, em Creta, a mais de 1000 a. C., contava com excelentes instalações hidro-sanirtárias, notadamente nos palácios e edifícios reais. Na América do Sul os incas e vizinhos de língua quíchua, desenvolveram adiantados conhecimentos em engenharia sanitária como atestam ruínas de sistemas de esgoto e drenagem de áreas encharcadas, em suas cidades.
Historicamente é observado que as civilizações primitivas não se destacaram por práticas higiênicas individuais por razões absolutamente sanitárias e sim, muito freqüentemente, por religiosidade, de modo a se apresentarem limpos e puros aos olhos dos deuses de modo a não serem castigados com doenças. Os primeiros indícios de tratamento científico do assunto, ou seja, de que as doenças não eram exclusivamente castigos divinos, começaram a aparecer na Grécia, por volta dos anos 500 a. C., particularmente a partir do trabalho de Empédocles de Agrigenco (1), que construiu obras de drenagem das águas estagnadas de dois rios, em Selenute, na Sicília, visando combater uma epidemia de malária.
No livro hipocrático Ares, Águas e Lugares (2), um texto médico por excelência, consideravam-se insalubres planícies encharcadas e regiões pantanosas, sugerindo a construção de casas em áreas elevadas, ensolaradas e com ventilação saudável. Saliente-se que nas cidades gregas havia os administradores públicos, os astínomos, responsáveis pelos serviços de abastecimento de água e de esgotamentos urbanos como, por exemplo, a manutenção e a limpeza dos condutos. Nas cidades romanas do período republicano esta gerência era desempenhada pelos censores e no imperial, a partir de Augusto (3), pelos zeladores e atendentes. A prestação destes serviços, no entanto, eram prioridade das áreas nobres das cidades gregas e principalmente das romanas, onde os moradores tinham de pagar pelo uso do serviço.
É importante citar que uma obra como a cloaca máxima, destinada ao esgotamento subterrâneo de águas estagnadas dos pés da colina do Capitólio até o Tibre, ainda hoje em operação, foi concluída no governo de Tarquínio Prisco (5). Em De Arquitetura, Vitrúvio (6) justificava a importância de se construírem as cidades em áreas livres de águas estagnadas e onde a drenagem das edificações fossem facilitadas. relatos de Josefos (7) sobre o Oriente Médio, descrevem elogios ao sistema de drenagem em Cesaréia, construído por Herodes (8). Já Estrabão surpreendeu-se negativamente com a construção de galerias a céu aberto em Nova Esmirna.
A partir de 476 DC., com a queda do Império romano, iniciou-se o período medieval, que duraria cerca de um milênio, e desgraçadamente para o Ocidente, caracterizou-se por uma fusão de culturas clássicas, bárbaras e ensinamentos cristãos, centralizado em Constatinopla (9). Grande parte dos conhecimentos científicos foram deslocados pelos cientistas em fuga, para o mundo árabe, notadamente a Pérsia, dando início na Europa, a uma substituição deste conhecimento por uma cultura a base de superstições, gerando a hoje denominada Idade das Trevas (500-1000 DC.). Como a ênfase de que as doenças eram castigos divinos às impurezas espirituais humanas e seus tratamentos eram resolvidos com procedimentos místicos ou orações e penitências, as práticas sanitárias urbanas sofreram, se não um retrocesso, pelo menos uma estagnação. Neste período, no Ocidente, como o conhecimento científico restringiu-se ao interior dos mosteiros, as instalações sanitárias como encanamentos de água e esgotamentos canalizados, ficaram por conta da iniciativa eclesiástica. Como exemplos desta afirmativa, pode-se citar que enquanto no século IX, a cidade do Cairo, no Egito, já dispunha de um serviço público de adução de água encanada, só em 1310 os franciscanos concordaram em que habitantes da cidade de Southampton utilizassem a água excedente de um convento que tinha um sistema próprio de abastecimento de água desde 1290".

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('Evolução dos Sistemas de Esgotamento" prossegue amanhã, terça, 1º de fevereiro)

MARCIA CASTRO - SÁBADO /FESTIVAL DE VERÃO/SALVADOR

"LATRINA .. . (3) - OPAS - SANEAMENTO BÁSICO

"LATRINA,   A MAIOR INVENÇÃO DO SER HUMANO... (3)

 

Organização Pan-Americana da Saúde

representação BrasilSaúde e ambiente

Opas > Saúde e ambiente

Tema:
Esgotamento sanitário

Conceito
Os dejetos gerados pelas atividades humanas, comerciais, e industriais necessitam ser coletados, transportados, tratados e dispostos mediante a processos técnicos, de forma que não gerem ameaça à saúde e ao meio ambiente.

Para muitas pessoas, principalmente nos países em desenvolvimento, a falta de um adequado sistema de coleta, tratamento e destino dos dejetos é a mais importante das questões ambientais. O problema é particularmente acentuado nas áreas periurbanas e em áreas rurais onde a maioria da população é compostas de pessoas de baixa renda. É estimado que acima de um bilhão de pessoas que vivem nas cidades e acima de 2 bilhões que vivem nas áreas rurais não possuem serviços adequados de coleta, tratamento e destino dos dejetos. Estas condições são as causas primárias da alta incidência de diarréia observada nos países em desenvolvimento e que é responsável pela morte de cerca de 2 milhões de crianças e causa cerca de 900 milhões de episódios de doenças por ano. Além disso, a falta de um adequado sistema de coleta, tratamento e destino dos dejetos é a maior causa da degradação da qualidade das águas subterrâneas e superficiais.

Apesar dos esforços nas últimas duas décadas, os investimentos nesta área continuam inadequados enquanto a necessidade continua a crescer, principalmente em relação ao tratamento dos dejetos. Esta situação é o resultado da baixa prioridade dada ao tratamento dos dejetos.

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domingo, 30 de janeiro de 2011

"LATRINA (3) ... FALTA DE SANEAMENTO E DOENÇAS

FALTA DE SANEAMENTO E DOENÇAS - TRATA BRASIL

Estudo Trata Brasil confirma relação entre doenças e falta de saneamento


 Estudo revela expressiva participação infantil nas internações por diarréias e que, em 2008, 67 mil crianças com até 5 anos foram internadas por diarréias nos 81 municípios pesquisados.


Os resultados do estudo também comprovam que as crianças de até 5 anos são o grupo mais vulnerável às diarréias e representam mais de 50% das internações por esse tipo de enfermidade.

Em 2008, 67,3 mil crianças menores de 5 anos foram internadas por diarréias nos 81 municípios analisados pelo estudo, um acréscimo de 61% em comparação a 2007, quando 39.265 crianças de até 5 anos haviam sido internadas por diarréias. Este contingente representou 61% de todas as hospitalizações por diarréias registradas no universo pesquisado. Em 16 das 81 cidades analisadas, a proporção superou 70%. A situação é mais grave onde há menos saneamento e mais pobreza.

Veja na tabela abaixo a participação das internações por diarréias de crianças com até 5 anos no total, das hospitalizações por diarréias (2007 e 2008)


Esgotamento Sanitário X Taxas de Internação



Este estudo visou analisar os impactos na saúde e no Sistema Único de Saúde (SUS) provocados pelo esgotamento sanitário inadequado nos 81 municípios com mais de 300 mil habitantes. A pesquisa, que abrangeu o período 2003-2008, também buscou identificar as relações entre esgotamento sanitário inadequado e a ocorrência das diarréias; avaliar os gastos do SUS com tratamento de agravos relacionados ao esgotamento sanitário inadequado; e analisar as relações entre indicadores de pobreza, esgotamento sanitário inadequado e ocorrência de diarréias.
Conclusão


Os resultados do estudo aqui apresentado transmitem mensagens bastante claras:

 A universalização do saneamento básico, em especial dos serviços de coleta e tratamento de esgoto, é urgente para poder alterar o panorama das internações por diarréia nos País, contribuindo para melhorar a saúde da população e para diminuir os gastos com internação por essa enfermidade;

 As diarréias acometem, principalmente, crianças de até 5 anos de idade, que necessitam, mais do que o restante da população, de boas condições de saúde e bem-estar para seu pleno desenvolvimento, aprendizado escolar e participação na sociedade civil;

 Em 2008, 67,3 mil crianças menores de 5 anos foram internados por diarréias nos 81 municípios analisados pelo estudo;

 Fazer com que os municípios brasileiros avancem rumo à universalização do saneamento básico é firmar um compromisso com um amanhã melhor para todos.

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Instituto Trata Brasil O Instituto Trata Brasil é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), iniciativa de responsabilidade socioambiental que visa à mobilização dos diversos segmentos da sociedade para garantir a universalização do saneamento no País.

Criado em julho de 2007, o Instituto Trata Brasil tem como proposta informar e sensibilizar a população sobre a importância e o direito de acesso à coleta e ao tratamento de esgoto e mobilizá-la a participar das decisões de planejamento em seu bairro e sua cidade; cobrar do poder público recursos para a universalização do saneamento; apoiar ações de melhoria da gestão em saneamento nos âmbitos municipal, estadual e federal; estimular a elaboração de projetos de saneamento e oferecer aos municípios consultoria para o desenvolvimento desses projetos, e incentivar o acompanhamento da liberação e da aplicação de recursos para obras.
]
Hoje, o Instituto conta com o apoio das empresas e entidades Amanco, Braskem, Solvay Indupa, Tigre, CAB Ambiental, Foz do Brasil, Saint-Gobain, Acqua Manager, Fundação Getúlio Vargas (FGV), Pastoral da Criança, Agencia Nacional de Águas (ANA), Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), Associação Brasileira de Agências de Regulação (ABAR), Associação Brasileira de Municípios (ABM), Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais (Aesbe), Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), Fundação Nacional dos Urbanitários (FNU) e Instituto Brasil PNUMA. Visite o site http://www.tratabrasil.org.br/.

Mais informações
Instituto Trata Brasil – Comunicação
Milena Serro (11) 3021-3143 – milena.serro@tratabrasil.org.br
O estudo também revelou que há uma nítida tendência de redução das taxas de internação por diarréias com a expansão do esgotamento sanitário. Com base na média das taxas de internação por diarréias nos 10 municípios com maior cobertura de coleta de esgoto, o estudo identificou uma média de 49,1 internações por grupo de 100 mil habitantes entre 2003 e 2008. Esse resultado é 4 vezes menor do que a média das taxas de hospitalização observada nas 10 cidades com os piores índices, como mostra a tabela abaixo:

O quadro acima confirma o Ranking Trata Brasil de avaliação dos serviços de saneamento das 81 maiores cidades do País, lançado em 2010, ou seja, as cidades melhor atendidas em coleta e tratamento de esgoto possuem as menores taxas de internação por diarréias. O mesmo se aplica as cidades que ocupam as piores posições no Ranking, que apresentam taxas de internação maiores.
Metodologia utilizada
Crianças são o elo mais frágil
O estudo "Esgotamento Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da População", desenvolvido pelos pesquisadores Denise Maria Penna Kronemberger e Judicael Clevelário Júnior, a pedido do Instituto Trata Brasil, revela que as diarréias respondem por mais de 50% das doenças relacionadas a saneamento básico inadequado, sendo responsáveis também por mais da metade dos gastos com esse tipo de enfermidade. O estudo confirma ainda a associação entre saneamento básico precário, pobreza e índices de internação por diarréias.

Segundo Édison Carlos, Presidente Executivo do Instituto Trata Brasil, os resultados do estudo evidenciam a existência de dois "Brasis" no que se refere a abrangência dos serviços de coleta de esgoto. O primeiro é formado por municípios com elevados níveis de cobertura e, portanto, menos sujeitos a doenças decorrentes de saneamento inadequado. No segundo, predominam localidades mais pobres, desassistidas de condições mínimas de esgotamento sanitário e com uma população permanentemente exposta a enfermidades.

As regiões Norte, Nordeste e as periferias das grandes cidades são as áreas com as maiores taxas de internação por diarréias entre 2003 e 2008 – 7 das 10 cidades com pior desempenho eram dessas regiões. Algumas cidades estiveram entre as 10 piores em todos os anos da série histórica: Ananindeua (PA), Belém (PA), Belford Roxo (RJ), Campina Grande (PB), Maceió (AL), Teresina (PI) e Vitória da Conquista (BA).

Em 2008, as 10 piores cidades em taxas de internação por diarréias responderam por 38% das hospitalizações por esse tipo de doença, mesmo representando apenas 9% da população pesquisada. Confira na tabela abaixo os 10 municípios com as maiores e com as menores taxas de internação por diarréia em 2008:

Dentre os municípios com as maiores taxas de internação por diarréia, cabe destacar Belford Roxo, no Rio de Janeiro. Segundo lugar entre os municípios com a maior participação de pobres em sua população é um dos piores na taxa de internação. Além disso, está entre aqueles com maiores custos de hospitalização pela enfermidade com as maiores participações dos gastos nos custos totais com internações para todas as endemias.

Outro destaque é Maceió, em Alagoas. Além de ocupar o quarto lugar no ranking das cidades com maior proporção de pobres, também é uma das piores em coleta de esgoto, em taxa de internação por diarréias e um dos 10 municipios com os maiores custos de internação. Também incluída entre as cidades com menores índices de coleta de esgoto está Belém do Pará, que é, ao mesmo tempo, uma das cidades com as piores taxas de internação por diarréias, e com mais um agravante: tem uma das piores taxas de participação de crianças de até 5 anos no total das hospitalizações.

VISUALIZAÇÕES DO BLOG - 23 a 30/01/2011

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Mais uma vez, obrigado amig@s,

Vicente
vicentedeocleciano@yahoo.com.br

MUNDO ... EGITO ... DE 30/ JAN/ 2011

MUNDO VASTO MUNDO ... EGITO ... DE 30 DE JANEIRO DE 2011


Faraó Divindade do Egito


Deuses!
Divindade infinita do universo
Predominante
Esquema Mitológico
A ênfase do espírito original
Exu!
Formará
No Eden um novo cósmico...

A Emersão!
Nem Osíris sabe
Como aconteceu
A Emersão!
Nem Osíris sabe
Como aconteceu...

A Ordem ou submissão
Do olho seu
Transformou-se
Na verdadeira humanidade...
Epopéia!
Do código de Gerbi
Eu falei Nuti
E Nuti!
Gerou as estrelas...
Osiris!
Proclamou matrimônio com Isis
E o mal Seth
Hiradu assassinou
Impera-ar
Horus levando avante
A vingança do pai
Derrotando o império
Do mal Seth
Ao grito da vitória
Que nos satisfaz...
Cadê?
Tutacamom
Hei Gize!
Akhaenaton
Hei Gize!
Tutacamom
Hei Gize!
Akhaenaton...
Eu falei Faraó
Êeeeeh Faraó!
É!
Eu clamo Olodum Pelourinho
Êeeeeh Faraó!
É!
Pirâmide da paz e do Egito
Êeeeeh Faraó!
É!
Eu clamo Olodum Pelourinho
Êeeeeh Faraó!
É!
Que Mara Mara
Maravilha Êh!
Egito, Egito Êh!
É!
Que Mara Mara
Maravilha Êh!
Egito, Egito Êh!
Faraó ó ó ó Ó!
Faraó ó ó ó Ó!
Hum! Pelourinho
Uma pequena comunidade
Que porém Olodum um dia
Em laço de confraternidade
Despertai-vos
Para cultura Egípcia
No Brasil
Em vez de cabelos trançados
Veremos turbantes
De Tutacamom...
E nas cabeças
Enchei-se de liberdade
O povo negro pede igualdade
Deixando de lado
As separações...
Cadê?
Tutacamom
Hei Gize!
Akhaenaton
Hei Gize!
Tutacamom
Hei Gize!
Akhaenaton...
Eu falei Faraó!
Êeeeeh Faraó!
É!
Eu clamo Olodum Pelourinho
Êeeeeh Faraó!
É!
Pirâmide da paz e do Egito
Êeeeeh Faraó!
É!
Eu clamo Olodum Pelourinho
Êeeeeh Faraó!
É!
Que Mara Mara
Maravilha Êh!
Egito, Egito Êh!
Egito, Egito Êh!
É!
Que Mara Mara
Maravilha Êh!
Egito, Egito Êh!
Egito Egito Ê
Faraó ó ó ó Ó!
Faraó ó ó ó Ó!
Faraó ó ó ó Ó!
Faraó ó ó ó Ó!
Faraó ó ó ó Ó!
Faraó ó ó ó Ó!

CARTOLA & NIETZSCHE - CRÔNICA DOMINICAL DE 30 DE JANEIRO/2011


CARTOLA & NIETZSCHE - CRÔNICA DOMINICAL DE 30 /JANEIRO/2011


        Cartola                  Friedrich W. Nietzsche

Estou sendo informado que hoje - último domingo deste janeiro tragicamente inesquecível - em São Paulo tivemos concertoS da Filarmônica Bachiana do SESI e da Escola de Samba Vai Vai na Praça Victor Civita. Sim, ConcertoS no plural. O comandante será o maestro João Carlos Martins.

Domingo se há um dia musical de música de qualidade. Não aceito ser acusado de pleonasmo pelo musical de música, até porque acrescento as palavras de qualidade. Estamos começando 2011 e não vejo sinais - "luz no fim do túnel" ... para quem ama tal expressão - de avanço na qualidade, no gosto e na audiência  musicais (de música de qualidade, claro!).

Um país musical é um país que gosta e que ouve música clássica, ou música erudita - se for de vosso apreço. Por que as cidades deste país musical, chamado Brasil, não promovem aos domingos apresentações de erudito ou mesmo de instrumental?

Fui informado também que na semi-árida cidade de Conceição do Coité (Bahia - Brasil) um jovem músico autodidata está fazendo uma revolução musical entre crianças e adolescente de lá. Fui conferir e, mesmo sem entender de música (talvez por isso mesmo!), foi emocionante ver jovens avançados na manobra técnica dos instrumentos tocando peças eruditas, tocando "Asa Branca", de Luiz Gonzaga.

Domingo é um dia dionisíaco e começa à meia noite e um segundo da noite de sábado.

Por ser dionisíaco, Domingo é dia de música. Nietzsche, em "A origem da tragédia / na Música", só faltou, com sua genialidade,  enriquecer dionisiacamente o Domingo. Mas nós, aprendizes de super homens, o fizemos.

Domingo é, também e como de hábito, dia de acordar (mais) tarde; acordar tarde aos Domingos ... há poucas coisas mais dionisíacas que tal hábito.

 Por que as cidades deste país musical, chamado Brasil, não promovem aos domingos apresentações de erudito ou mesmo de instrumental? Dez e trinta, onze horas da manhã não seriam bons horarios para isso.

Há exatos três meses, numa postagem deste Blog (http://www.viverascidades.blogspot.com/), em 30 de outubro de 2010, deixei uma pergunta no ar (ou on line?):

 
CARTOLA, COMPOSITOR BRASILEIRO, 70 ANOS DE MORTO. FREDERICO NIETZSCHE, FILÓSOFO ALEMÃO,110 ANOS DE MORTO. . O QUE HÁ DE COMUM E DE DIÁLOGO ENTRE ESSES DOIS HOMENS TÃO DISTANTES E TÃO PRÓXIMOS? (*)


Três meses depois, eu respondo: Dioniso, o deus da Música. Cartola e Nietzsche são dionisos.

São dionisos, também, a Filarmônica Bachiana do SESI, a Escola de Samba Vai Vai e  o maestro João Carlos Martins, o professor/regente de Conceição do Coité e seus jovens alunos/músicos.
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(*)
30 Out 2010
CARTOLA, COMPOSITOR BRASILEIRO, 70 ANOS DE MORTO. FREDERICO NIETZSCHE, FILÓSOFO ALEMÃO,110 ANOS DE MORTO. . O QUE HÁ DE COMUM E DE DIÁLOGO ENTRE ESSES DOIS HOMENS TÃO DISTANTES E TÃO PRÓXIMOS?








ATRAÇÕES DESTE FINAL DE JANEIRO

Aproveite o final do mês de janeiro com atrações grátis

[Por Redação Yahoo! Brasil]

 
São Paulo

Água na Oca (SP)

A megaexposição tem entrada gratuita todo último domingo do mês. Idealizada e realizada pelo Instituto Sangari, em parceria com o Museu de História Natural de Nova York, possui 8 mil m² de instalações que levam a uma viagem pelos rios, oceanos e vida marinha.

Concerto da Filarmônica Bachiana Sesi (SP)

Domingo (30), a Praça Victor Civita recebe um concerto da Filarmônica Bachiana Sesi SP comandada pelo maestro João Carlos Martins, com a participação especial da bateria da Vai-Vai.

Rio de Janeiro

Adeus Charlie Brown (RJ)

O CCBB e o Cineduc apresentam o programa "Sessão Criança" que no sábado e domingo (29 e 30) exibe o filme Adeus Charlie Brown, com apresentação do cantor e compositor Paulo Bi.


Minas Gerais

14ª Mostra de Cinema de Tiradentes (MG)
A mostra traz mais de 100 produções de 14 estados do país como curtas, longas e homenagens especiais até sábado (29) em locais espalhados na cidade de Tiradentes.

sábado, 29 de janeiro de 2011

"LATRINA - A MAIOR INVENÇÃO DA HUMANIDADE" (2)

"LATRINA - A MAIOR INVENÇÃO DA HUMANIDADE" (2)

Vicente Deocleciano Moreira
vicentedeocleciano@yahoo.com.br


Embora a expressão acima, atribuída a Mário Vargas Llosa vá rotular a série de postagens que começamos ontem - sexta-feira -, nesta segunda gostaria de fazer avançar, em aligeirados comentários, a pertinente  resposta do escritor peruano.

A diferença básica, a distância príncipe que nos separa dos demias primatas e de todos os outros animais é que somos dotados de linguagem. A linguagem é um aditivo importante, um algo mais sui generis  que nos faz dar "um" passo à frente dos atributos de: inteligência, capacidade de comunicação de dor e de prazer, uso dos sentidos, afetividade e emoção. Tais predicados estão presentes em todos os animais incluindo, claro, o ser humano. Mas este último fala, pensa, sonha dormindo, 'sonha' acordado e faz projetos  para o presente e para o futuro, e opera no mundo com ações do consciente e do inconsciente ... e com isso se difere e se distancia dos demais elementos da fauna do planeta Terra.

A satisfação das necessidades fisiológicas urinar e defecar não se constitui num ato privado, privativo e praticado fora dos olhares dos outros em todas as culturas. Em algumas, as pessoas se satisfazem (urinar. defecar) no lugar e na hora que lhe der vontade não importa se num lugar escondido ou se numa praça cheia de gente. Quer nas sociedades de pequena escala ("primitivas"), quer nas grandes cidades ocidentais, há homens e mulheres que urinam e defecam  sob os olhos do(a)s demais. Claro que em muitas dessas cidades  tais atos, quando praticados na via pública (praças, ruas, paredes postes ...) são considerados "mau costume", "falta de educação", "ofensa à população ou aos transeuntes" e até mesmo crime.

Latrina aberta


Em muitas sociedades, mesmo na mais remota área rural, existe algum lugar coletivamente combinado, para defecar, urinar, ou atirar fzes embrulhadas: as bananeiras, conjunto de arbustos,  em "latrinas abertas" (foto acima) "no meio do mato", enfim.


Latrina antiga


Latrinas são sinais inequívocos da preocupação humana com a higiene pública, com o bem-estar geral e com a prevenção de doenças - séculos antes de Cristo e antes de se falar em saneamento básico,  saúde preventiva ... Descobertas arqueológicas dão conta desta preocupação mais antiga do que se possa imaginar (foto acima)



Latrina romana
As latrinas  são filhas da cidade e se constituem peças importantes do seu  sistema de sanemaneto e de esgotamento sanitário As  mais antigas e que têm lugar, ainda, na contemporaneidade são as latrinas romanas.  Muitos quartéis adotam seu sistema de latrinas sob inspiração das  latrinas romanas. (foto acima).
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CONTINUA AMANHÃ, DOMINGO

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

BEM VINDO, MUITO BEM VINDO, MARCOS ROSA

BEM VINDO, MUITO BEM VINDO, MARCOS ROSA
Peço-lhes o carinho e a atenção para este CONVITE do Marcos Rosa para que possamos recebê-lo de modo especial:

Senhores(as)

Tenho a satisfação de anunciar meu mais novo projeto: um blog com comentários e dicas sobre filmes diversos, se você aprecia a sétima arte não deixe de visitá-lo.
muito obrigado.

Blog Alguns Filmes
http://algunsfilmes.blogspot.com/

Marcos Rosa


Um forte abraço ... e grandes  perspectivas de interfaces entre nossos Blogs.


Vicente 

"LATRINA - A MAIOR INVENÇÃO DA HUMANIDADE" (1)

"LATRINA - A MAIOR INVENÇÃO DA HUMANIDADE" (1)


Vicente Deocleciano Moreira

Em artigo publicado na folha de São Paulo (não lembro título, autor e data) lí referência a uma resposta dada pelo escritor peruano Maria Vargas llosa (Nobel de Literatura/2010) ao lhe perguntarem a opinião qual teria sido a maior invenção da humanidade; o escritor respondeu: "a latrina". Evidentemente, Vargas Llosa estava fazendo a apologia, através da palavra e do objeto latrina, da importância do saneamento básico.

Ao ter acesso a essa informação me veio à mente, de pronto, a famosa frase do escritor e jurista brasileiro Rui Barbosa: "Os principais problemas de Saúde no Brasil se resolvem com água e sabão".

Tanto em Vargas Llosa como em Rui Barbosa está presente uma perspectiva preventivista e higene em Saúde Pública - particularmente em Saúde Urbana. Eles falam, com palavras e imagens diferentes do sanemento; dificilmente encontraremos um exemplo concreto, prático de prevenção e de educação em Saúde da estatura do sanemaneto básico: água potável, água encanada, deposição e destinação aproporiada de águas servidas e escretas (urina, fezes) e de resíduos domésticos, comerciais e industriais, resíduos de saúde (consultórios médicos e odontológicos, ambulatórios, uinidades de saúde, hospitais ...)

A frase de Rui Barbosa aponta mais especificamente para a importância da higiene como fator de prevenção de doenças e agravos à saúde. Aliás, a propria palavra HIGIENE vem de Higéia (prevenção, asseio) que, na mnitologia grega, era irmã de Panacéia (cura); ambas eram filhas de Asclépio ou, como  era chamado no mundo romano, Esculápio. Os sacerdotes de Esculápio recolhiam um sem número de moedas que fiéis atiravam na fonte, dando graças por alguma cura ao deus atribuída. Esses mesmos fiéis levavam, ao templo,  braços, pernas, cabeças de cera ou de madeira também quando alcançavam alguma cura mediante ação de Esculápio.

Em Salvador (Bahia - Brasil) a igreja do Senhor do Bomfim  hoje deve ter sido palco de rituais católicos de de Candomblé pela ocasião da última sexta-feira do mês. Esse templo abriga uma sala em que estão pendurados ou expostos pernas, braços, cabecas de cera ou de madeira (os ex-votos), quadros, orações, fotografias. Desse modo o Senhor do Bomfim - santo católico - também cultuado como Oxalá, no Candomblé - é o Esculápio greco-baiano-santo-orixá dos baianos

Com esta breve Introdução este Blog inicia hoje, 28/janeiro/2011, uma série de postagens cujo título preserva a palavra/símbolo LATRINA. Adotamos  a expressão LATRINA a título de mote e de provocação/estímulo ao debate. Sonho que, agindo assim, poderemos enriquecer diversas reflexões sobre a importância do saneamento principalmente nas cidades.

________
Amanhã, sábado, a segunda postagem.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

GEOTECNIA E ENCOSTAS NA BAHIA: DE HERNANI SOBRAL AO SÉCULO XXI

EXTRATO PARCIAL DE TEXTOS DE PALESTRA PROFERIDA PELO PROFESSOR *MOACIR SCHWAB EM 06-12-2010

GEOTECNIA E ENCOSTAS NA BAHIA: DE HERNANI SOBRAL AO SÉCULO XXI

Bjerrum, 1967:
"Um demônio do deslizamento
parece rir da incompetência humana".

Comecemos pelas conclusões técnicas:

1ª) Além das incertezas decorrentes da impossibilidade de quantificar os efeitos e/ou a participação da ação climática, ainda há muitas imprecisões e indeterminações a superar nas análises da estabilidade de taludes e de encostas, em particular onde ocorrem solos residuais tropicais, não saturados.

2ª) Em decorrência deste fato, QUALQUER talude, ou encosta, que apresente parte de, ou toda a, sua face exposta ou revestida com vegetação, está sujeito(a) a sofrer desprendimentos, erosão e, até mesmo, rupturas, no decorrer de sua vida.

3ª) Cada talude ou encosta deve ser analisado(a) como problema individual e receber uma solução compatível com o resultado dessa análise.

4ª) Não há métodos e/ou soluções de aplicação geral, ou de caráter exclusivo, ou inteiramente seguros, para a estabilização de taludes e de encostas, em especial em regiões tropicais.

5ª) As únicas soluções que oferecem segurança absoluta requerem a execução de contenções e/ou o revestimento total do talude, com concreto projetado; são, sempre, as mais onerosas.

6ª) O bom senso e a engenharia, contudo, recomendam buscar soluções que conduzam a RISCO MÍNIMO, associado a menor custo e levando em conta o tipo e proximidade de ocupação das áreas que possam vir a ser afetadas por possíveis deslocamentos de massas de solo e/ou rocha.

O exposto é uma síntese de alguns fatos que comecei a assimilar a partir de 1958, quando, graças à visão do Professor Hernani Sávio Sobral e por ele orientado, fui encarregado de instalar e de ministrar a Disciplina de Mecânica dos Solos e Fundações na EPUFBA.

Voltando aos aspectos técnicos e com ênfase em Salvador, é fato comprovado que, nos centros urbanos, o problema de estabilização é mais grave, pois as populações de baixa renda costumam ocupar as encostas, que representam áreas de difícil acesso ou de maior risco, carentes de obras de proteção, de estabilização e de drenagem entre outras.


Essa ocupação não traduz uma preferência; decorre do fato de que construir em encostas é sempre mais caro que em áreas planas, ou onduladas, ou ao longo das linhas de cumeada; este fato afasta os investidores dos terrenos mais “acidentados”.

Tivemos um Secretário de Obras, na Prefeitura de Salvador, colega nosso, cujo período exato de gestão não sei precisar (após o dito Golpe de 64, por volta do fim da década de 60). Nessa época, o Prof. Antônio José da Costa Nunes esteve em Salvador com o objetivo avaliar o problema de nossas encostas e estimar a ordem de grandeza dos custos dos estudos, dos projetos e da execução de obras emergências em nossa Cidade, com base em sua experiência pessoal e na do Instituto de Geotécnica do Rio de Janeiro.

Ao ouvir as conclusões do Prof. Nunes, que informou da relação entre possíveis acidentes e as condições de clima, o nosso Secretário de Obras pronunciou-se: “não temos dinheiro para tanto; não choverá, durante minha gestão, o suficiente para a ocorrência de acidentes catastróficos”. Não choveu ...

Essa foi a primeira vez que a Escola Politécnica e a Prefeitura de Salvador tentaram posicionar-se com relação ao problema de encostas em Salvador. A solução foi salomônica ...

Constatei que falava para surdos. Decidi, então, calar, salvo para transmitir um pouco do pouco que conheço sobre o assunto, em palestras, quando convidado para fazê-lo e sem qualquer ônus para quem convida.

Ocorridos os acidentes, quando há vítimas fatais e/ou elevado número de desabrigados, aparecem as manchetes em jornais e na televisão, em geral complementadas por entrevistas e/ou pronunciamentos, nos quais são apresentadas as supostas causas de tais acidentes e as medidas necessárias para evitá-las, nem sempre partindo de pessoas qualificadas para fazê-lo.

O problema da estabilidade e da estabilização de taludes e de encostas é tão complexo que, ainda hoje, sempre tem lugar certo em Congressos e é objeto específico de Colóquios, Simpósios e outros, além de ser tema permanente de teses de Mestrado e de Doutorado em Geotecnia e em Geologia.

E o que aconteceu nos últimos cinquenta anos, em Salvador?

Agravou-se o problema? Não.

Quantas vítimas fatais tivemos, nesses quarenta anos, em decorrência de rupturas de taludes e de encostas?
O número de vítimas é proporcional ao aumento da população em áreas de risco? Asseguro que não; é muito menor do que o imaginável.

O número de vítimas aumentou apesar do número, proporcionalmente reduzido, de ações implementadas visando à estabilização de encostas ? Reitero que não.

Ao que parece, as ações da Prefeitura de Salvador não seguem um planejamento e não têm continuidade; obras projetadas nem sempre são executadas; as vítimas passam meses ou anos em abrigos “provisórios”; sucedem-se mesas redondas, seminários, convênios entre Prefeitura e Universidade e as conclusões e sugestões dos técnicos e especialistas são relegadas ao esquecimento. Poderia ocupar páginas relacionando reuniões técnicas, pronunciamentos, convênios, contratos com empresas de consultoria e obras, tudo realizado sem a devida coordenação e/ou planejamento; quase sempre, ações esporádicas, interrompidas após alguns meses ou após um a dois anos de seu início, início este que, com frequência, coincide com a ocorrência de deslizamentos ou de acidentes que deixam algumas mortes e muitos desabrigados.

Qual a frequência com que ocorrem as chuvas “catastróficas” ?


Que são chuvas catastróficas, para a Cidade do Salvador ?
Isto é assunto para outro artigo, pois depende da análise de elevado volume de dados oficiais e relativos a precipitações máximas, sua distribuição no tempo, tempo de recorrencia e outros.

Concluo, com algumas considerações e proposições para debate.

1ª) Nada na vida é totalmente positivo ou negativo, dentro da relatividade que rege nossas ações, nosso conhecimento, nossas emoções e o destino que traçamos, mas este nem sempre é aquele que se realiza ...

2ª) Assim, a densidade de ocupação, desordenada, de nossas encostas, inadequada do ponto de vista de saúde pública e de uso do solo, entre outros, revelou-se positiva na grande maioria das áreas ocupadas, por reduzir a infiltração de águas pluviais.

3ª) Aqui e ali, em áreas dispersas, há lixo e aterros ou bota-fora mal construídos, drenagem inadequada, e/ou ausência de rede de esgotos contribuindo para a ocorrência de acidentes com vítimas, quando chove; no entanto, as áreas ocupadas e/ou protegidas pela ocupação desordenada são de tal monta que o número de vítimas tem-se revelado proporcionalmente muito inferior ao crescimento da população que ocupa nossas encostas e/ou à nefasta ação antrópica.

4ª) O problema atual das encostas, em Salvador, nada tem a ver com encostas e/ou taludes em rodovias, áreas industriais, áreas de mineração, bacias de acumulação de barragens e outras semelhantes: a determinação de áreas de risco, assim como a estabilização de encostas e de taludes representam um problema técnico que tem solução a médio ou longo prazo e requer recursos hoje não disponíveis.

5ª) O problema real, e mais grave que o problema técnico, é o problema social, envolvendo saneamento básico, alimentação e instrução para toda a população que ocupa as encostas, representando mais de dois terços da população de Salvador, mas da qual apenas uma minoria tem, de fato, suas vidas ameaçadas quando chove.

6ª) Quando chove, divulgam-se dados qualitativos, tais como: “chuvas excepcionais”; ou “chuvas mais intensas que aquelas que normalmente ocorrem nesse mês”; ou "chuvas que ultrapassaram X mm em um dia” etc. Considero esse procedimento uma manipulação de dados, com fins políticos inadequados, cujos objetivos variam, quando não traduzem a incompetência de quem os apresenta.

7ª) Por que não esclarecer o público, divulgando mais informações, tais como: o que é tempo de recorrência; qual a intensidade de precipitação em uma hora, ou duas, ou vinte e quatro horas; qual a frequência de dias com chuvas; qual o vlume diário de precipitação; qual o tempo de recorrência utilizado no dimensionamento das obras de drenagem; comparação com chuvas registradas em anos anteriores, desde que em período superior a dez ou vinte anos ?

8ª) A resposta é óbvia: para não revelar, entre outros:
  • a) o subdimensionamento das obras de drenagem; ou
  • b) a falta de planejamento urbano; ou
  • c) o descaso com a ocupação do solo; ou
  • d) a economia nos projetos e nas obras visando à possibilidade de executar mais obras, ainda que de pior qualidade; ou, no meu entender, o pior:
  • e) a miséria e a ignorância sem controle, que deixam as famosas autoridades sem força moral para fazer cumprir a lei. Deixam de fiscalizar a ocupação do solo, permitem invasões, sejam elas de ricos ou de pobres, entre outras ações tais como não permitir, à polícia, intervir quando gente faminta saqueia mercados...
9ª) A conjunção das condições climáticas, geológicas, topográficas e geotécnicas de Salvador é desfavorável, mas não é pior que as de outras cidades brasileiras. As condições sociais da maioria de sua população, contudo, são tais que em breve poderão vir a igualar as das favelas do Rio de Janeiro.

10ª) As dificuldades são evidentes; enunciá-las ocuparia tempo e espaço não disponíveis. No entanto, ações parciais e periódicas já foram implementadas. Hoje, a situação não é melhor, em parte por falta de vontade política e, principalmente, por falta de planejamento, de continuidade e/ou perseverança.

11ª) Quando aqueles que aceitam ocupar cargos de liderança e/ou chefia, nos diversos escalões, decidirem despir-se de vaidades e de ambições, colocando seus projetos pessoais como consequência dos objetivos sociais, e não como prioridade, ou seja quando houver mais humildade, sinceridade e honestidade, os caminhos serão encontrados e os fins atingidos, ainda que apenas na ou nas próximas gerações. “Não basta dizer e fazer; é necessário ser, em espírito e verdade, aquilo que recomendamos aos outros”. (Huberto Rohden).

12ª) A conclusão anterior não é utópica; dizer sim, mas, seja lá o que for, é dizer não (sim, mas = não). Diga-se, então: NÃO concordo, NÃO aceito, NÃO participo, NÃO acredito, mas nunca: NÃO É POSSÍVEL ou, É DIFÍCIL. “Não jureis de forma alguma; seja o vosso modo de falar um simples sim, um simples não; o que passa daí vem do mal”.
Qual a verdade sobre o problema de estabilidade de encostas e de taludes em Salvador?
A Verdade é a Harmonia entre nosso Pensamento e a Realidade (H. Rohden).

Concluo: a solução para o problema das encostas de Salvador não está nas mãos dos técnicos, pois os temos e altamente preparados; apenas depende da contribuição deles.
É necessária uma decisão política, adulta, associada a uma mudança de postura dos diversos grupos que integram nossa sociedade, dividindo as responsabilidades entre o Governo Federal, o Estadual e o Muncicpal, cabendo, a este último, planejar, projetar, aprovar e fiscalizar as ações e as obras no âmbito da Cidade do Salvador.

Salvador, 17/01/2011.
* Moacyr Schwab de Souza Menezes é engenheiro civil, professor da Politécnica da UFBA e pioneiro no ensino da Geotecnia, na Bahia.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

ÁGUA ... (3) - TRAGÉDIA, CATÁSTROFE OU CALAMIDADE?

ÁGUA, TERRA, FOGO E AR (3)

RIO, SÃO PAULO, MINAS GERAIS E FLORIANÓPOLIS  ... DE JANEIRO DE 2011.
 TRAGÉDIA, CATÁSTROFE OU CALAMIDADE?


QUEM É O BODE EXPIATÓRIO?
QUEM É O PERSONAGEM EXEMPLAR?

Vicente D. Moreira

Na Grécia Antiga, quando se queria proteger a comunidade, a polis, de reedições de acontecimentos naturais  violentos e, como sempre, ligados à água, terra, ao fogo ou ao ar, fazia-se a Festa do Bode ou Tragoedie, ou – como nos habituamos a chamar – TRAGÉDIA.  Mesmo quando a proatividade e  a prevenção brilhavam  mais que a reatividade, que o “chorar e o lamentar pelo leite derramado” ou “o fechar a porta só depois de roubado”,  também fazia-se a Festa do Bode. Sacrificava-se o  bode (o animal) ... daí a expressão “bode expiatório” ... porque realmente o animal ‘expiava’ a má consciência, a culpa, o medo ... dos humanos - E, segundo crença então corrente, o sacro-ofício (sacrfício) do bode protegeria as pessoas contra novos ataques de ira da natureza, dos deuses ... e contra as desditas operadas pelo  acaso e pelo infortúnio.. 
Quando essa festa chega à sofisticação do mundo do Teatro, temos a Tragédia Grega (Sófocles e tantos outros autores TRÁGICOS), em que algum humano  é punido, paga com a vida e as dores  da tortura e da mutilação eternas, com a culpa insaciável,  e a automutilação (Édipo cega a si próprio)  pelo erro cometido, pela ofensa à moral e aos bons costumes vigentes. Tudo isso para que ninguém tente fazer o ilícito que fizeram sob penas de acabar como eles. A Tragédia Grega tinha uma nítida função pedagógica através do exemplo. Édipo que matou o pai, sem o saber e, também sem o saber,  casou-se com mãe.  Sísifo,  Prometeu ... foram alguns dos vários  heróis trágicos, ou seja, “bodes expiatórios” ...
A palavra calamidade (que significa catástrofe) está comprometida, primitivamente – com a prática agrícola. Ela se origina de   cálamo, um caniço ou talo do trigo.

[A mitologia nos ensina que o jovem Cálamo, deprimido e inconformado ante a morte de seu melhor amigo, instala-se para sempre junto a um riacho, falece e do defunto nasce, alí,  uma vegetação em forma de canudo, de cálamo]

Quando a chuva desabava sem trégua ou por ocasião das tempestades de granizo, os calamos ou “talos do trigo”, eram quebrados, o que causava incontrolável destruição de plantações e animais. No correr dos tempos calamidade adquiriu o sentido de desgraça pública.   Costumamos ouvir ou ler que o prefeito Fulano de Tal decretou estado de “calamidade pública”; e isto poderá atrair  dinheiro e ajudas de variada ordem para o município ou cidade vitimada pela catástrofe. Calamidade, em origem, tem a ver com chuva, com água derramada excessiva e nocivamente.
Esse sentido de calamidade chegou a Roma para ficar. Tanto que os romanos chamavam de calamidade – especificamente de calamitas (doenças do cálamo) -  as doenças que atingissem as hastes do trigo.
Primeira pergunta retórica. Pergunta retórica é aquela  que  quem a faz sabe muito bem a resposta. Vamos lá:
RIO, SÃO PAULO, MINAS GERAIS E FLORIANÓPOLIS  ... DE JANEIRO DE 2011, quem foi  o herói trágico, o bode expiatório, o ‘personagem exemplar’ ,  quem foi  aquele que pagou  a conta do descaso, da prodigalidade e da indiferença dos poderes públicos  com a vida e  a perda de tudo  e de todos  que, de importante, tinham na vida?
RIO, SÃO PAULO, MINAS GERAIS E FLORIANÓPOLIS  ... DE JANEIRO DE 2011 FOI TRAGÉDIA, CATÁSTROFE OU CALAMIDADE?

A palavra catástrofe vem (do grego) kata+strophein e assinala um acontecimento que, contraiando determinadas expectativas, transforma-se em desastre frustrando as previsões positivas ou otimistas . A exemplo da Tragédia, a catástrofe tinha também seu “personagem exemplar” sobre quem desaba os erros, ou pecados do mundo. “O Cristo” como se costuma dizer.

Segunda pergunta retórica: No RIO, SÃO PAULO, MINAS GERAIS E FLORIANÓPOLIS  ... DE JANEIRO DE 2011, quem foi  o “personagem exemplar”?

Terceira pergunta retórica:  RIO, SÃO PAULO, MINAS GERAIS E FLORIANÓPOLIS  ... DE JANEIRO DE 2011: TRAGÉDIA, CATÁSTROFE OU CALAMIDADE?