quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

ÁGUA ... (3) - TRAGÉDIA, CATÁSTROFE OU CALAMIDADE?

ÁGUA, TERRA, FOGO E AR (3)

RIO, SÃO PAULO, MINAS GERAIS E FLORIANÓPOLIS  ... DE JANEIRO DE 2011.
 TRAGÉDIA, CATÁSTROFE OU CALAMIDADE?


QUEM É O BODE EXPIATÓRIO?
QUEM É O PERSONAGEM EXEMPLAR?

Vicente D. Moreira

Na Grécia Antiga, quando se queria proteger a comunidade, a polis, de reedições de acontecimentos naturais  violentos e, como sempre, ligados à água, terra, ao fogo ou ao ar, fazia-se a Festa do Bode ou Tragoedie, ou – como nos habituamos a chamar – TRAGÉDIA.  Mesmo quando a proatividade e  a prevenção brilhavam  mais que a reatividade, que o “chorar e o lamentar pelo leite derramado” ou “o fechar a porta só depois de roubado”,  também fazia-se a Festa do Bode. Sacrificava-se o  bode (o animal) ... daí a expressão “bode expiatório” ... porque realmente o animal ‘expiava’ a má consciência, a culpa, o medo ... dos humanos - E, segundo crença então corrente, o sacro-ofício (sacrfício) do bode protegeria as pessoas contra novos ataques de ira da natureza, dos deuses ... e contra as desditas operadas pelo  acaso e pelo infortúnio.. 
Quando essa festa chega à sofisticação do mundo do Teatro, temos a Tragédia Grega (Sófocles e tantos outros autores TRÁGICOS), em que algum humano  é punido, paga com a vida e as dores  da tortura e da mutilação eternas, com a culpa insaciável,  e a automutilação (Édipo cega a si próprio)  pelo erro cometido, pela ofensa à moral e aos bons costumes vigentes. Tudo isso para que ninguém tente fazer o ilícito que fizeram sob penas de acabar como eles. A Tragédia Grega tinha uma nítida função pedagógica através do exemplo. Édipo que matou o pai, sem o saber e, também sem o saber,  casou-se com mãe.  Sísifo,  Prometeu ... foram alguns dos vários  heróis trágicos, ou seja, “bodes expiatórios” ...
A palavra calamidade (que significa catástrofe) está comprometida, primitivamente – com a prática agrícola. Ela se origina de   cálamo, um caniço ou talo do trigo.

[A mitologia nos ensina que o jovem Cálamo, deprimido e inconformado ante a morte de seu melhor amigo, instala-se para sempre junto a um riacho, falece e do defunto nasce, alí,  uma vegetação em forma de canudo, de cálamo]

Quando a chuva desabava sem trégua ou por ocasião das tempestades de granizo, os calamos ou “talos do trigo”, eram quebrados, o que causava incontrolável destruição de plantações e animais. No correr dos tempos calamidade adquiriu o sentido de desgraça pública.   Costumamos ouvir ou ler que o prefeito Fulano de Tal decretou estado de “calamidade pública”; e isto poderá atrair  dinheiro e ajudas de variada ordem para o município ou cidade vitimada pela catástrofe. Calamidade, em origem, tem a ver com chuva, com água derramada excessiva e nocivamente.
Esse sentido de calamidade chegou a Roma para ficar. Tanto que os romanos chamavam de calamidade – especificamente de calamitas (doenças do cálamo) -  as doenças que atingissem as hastes do trigo.
Primeira pergunta retórica. Pergunta retórica é aquela  que  quem a faz sabe muito bem a resposta. Vamos lá:
RIO, SÃO PAULO, MINAS GERAIS E FLORIANÓPOLIS  ... DE JANEIRO DE 2011, quem foi  o herói trágico, o bode expiatório, o ‘personagem exemplar’ ,  quem foi  aquele que pagou  a conta do descaso, da prodigalidade e da indiferença dos poderes públicos  com a vida e  a perda de tudo  e de todos  que, de importante, tinham na vida?
RIO, SÃO PAULO, MINAS GERAIS E FLORIANÓPOLIS  ... DE JANEIRO DE 2011 FOI TRAGÉDIA, CATÁSTROFE OU CALAMIDADE?

A palavra catástrofe vem (do grego) kata+strophein e assinala um acontecimento que, contraiando determinadas expectativas, transforma-se em desastre frustrando as previsões positivas ou otimistas . A exemplo da Tragédia, a catástrofe tinha também seu “personagem exemplar” sobre quem desaba os erros, ou pecados do mundo. “O Cristo” como se costuma dizer.

Segunda pergunta retórica: No RIO, SÃO PAULO, MINAS GERAIS E FLORIANÓPOLIS  ... DE JANEIRO DE 2011, quem foi  o “personagem exemplar”?

Terceira pergunta retórica:  RIO, SÃO PAULO, MINAS GERAIS E FLORIANÓPOLIS  ... DE JANEIRO DE 2011: TRAGÉDIA, CATÁSTROFE OU CALAMIDADE?





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