sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

OSCAR E CANÔ: ESPERANÇA DE VIDA

 

Leitura de fatos violentos

 publicados na mídia

Ano 12, nº 24, 30/12/2012 

CANÔ E OSCAR: 

ESPERANÇA DE VIDA

          
Primeiro foi embora Oscar, depois foi a vez de Canô. E ficamos tristes com a partida desses campeões do tempo e do nosso tempo. Dois belos exemplos do que o humano pode ter e ser. Partiram lúcidos no alto dos mais de cem anos, clamaram os jornais, como se dissessem que se retiraram ainda intactos, preservados.

Caíram de pé, à vista do mundo. Ele queria sair do hospital porque tinha trabalho a cumprir, e ela quis e conseguiu a alta médica para retornar a Santo Amaro, para a sua casa. Deixaram como última lição a ideia de que se vive até o último minuto, se é até a derradeira inspiração.
Ele amava a curva e ela a Purificação. Fazia um traço e dele falava com um calor de quem revela um filho, um Oscar pequenininho não menos humano que Brasília ou as obras da universidade da Argélia.
Ela    amava    a   sua  cidade,   seus filhos
famosos ou não. No último natal sentiu falta da sua menina que morrera aos 85 anos e não estava ali em meio aos outros. Conhecia a saudade e dela experimentara em formas de Subaé puro e impuro.
Estas saudades são nobres e bonitas porque assentadas sobre a sensação de vidas plenas que alcançaram as últimas horas sem descontos. Pode-se dizer, dada a esta impressão de plenitude, que estas são mortes invejáveis. Assim, na “hipótese” de finitude, que nos seja dada este jeitinho, este leitinho, estas dignas reticências.

Que em 2013 não colecionemos saudades precipitadas pelas partidas de crianças, jovens e adolescentes que têm sido finalizados antes de tantas curvas e de tantas purificações. Podemos combater esta hipótese de perecimento e deixar a vida correr solta. Deixemos crescer tantos Oscar e tantas Canô que um dia vão nos emocionar.

O Fórum Comunitário de Combate à Violência deseja um feliz 2013!



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