[fonte - jornal Folha de São Paulo. São Paulo (SP - Brasil), 29 de outubro de 2012, cad Eeleições 2012,, p. 2]
O ALERTA DAS METRÓPOLES
André Singer
O SEGUNDO turno envolveu nada menos que 17 capitais. Nelas, de modo
geral, os atuais prefeitos foram os grandes derrotados, em meio à eleição mais
acirrada dos últimos 20 anos, segundo levantamento do repórter César Felício
(“Valor”, 26/10).
Em contrapartida, o pleito anterior (2008) foi o menos disputado dos
seis havidos a partir de 1992. O que aconteceu de lá para cá? Arrisco uma
hipótese.
Em 2008, o país estava em plena aceleração do crescimento. A economia
chegou ao período eleitoral girando ao redor de 7% de expansão anualizada do
PIB.
Com o vento soprando a favor, os então mandatários navegavam em um
ambiente otimista e, sobretudo, com os cofres cheios. Por isso, teria ocorrido
uma onda situacionista, não importando qual fosse o partido do governo local.
Em seguida, o quadro mudou. Depois de uma fase de retração (2009), o
lulismo conseguiu promover rápida retomada em 2010 (7,5% de aumento do PIB), a
qual, no entanto, foi seguida de dois anos de pouco dinamismo (menos de 2%).
A consequência foi a alta taxa de rejeição dos dirigentes de cada
cidade, que não conseguiram sucesso na campanha encerrada ontem. Estamos em
maré de mudança municipal, novamente a despeito das siglas.
Assistimos a uma dança das cadeiras. O PT, por exemplo, perdeu a direção
de Recife e de Fortaleza, mas ganhou a de São Paulo. O PSDB viu-se alijado do
controle paulistano, porém obteve o de Manaus e o de Belém. Configurações
análogas repetiram-se em outras praças. Foram as oposições metropolitanas que
venceram.
As exceções se deram em Porto Alegre,
Rio de Janeiro e Belo Horizonte, nas quais gestões bem avaliadas foram
confirmadas no primeiro turno. Note-se que dados divulgados pelo IBGE na semana
passada indicaram que as três vivem “fase de baixo desemprego” (Folha, 26/10),
mesmo nas condições econômicas descritas.
Uma das leituras de 2012 indica, assim, um aumento de pressões urbanas,
para as quais cabe atentar.
ANDRÉ SINGER, 54, é professor de Ciência Política da USP e autor de “Os
sentidos do lulismo
Com a tag André Singer, Folha de São Paulo
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