[fonte - jornal Folha de São Paulo. São Paulo (SP - Brasil), 25 de abril de 2012, p. C4]
DANIEL CARVALHO
DE SÃO PAUL
Moradores de zonas urbanas do
Nordeste enfrentam problemas indiretos da estiagem
Nas cidades do Nordeste atingidas
pela seca, agricultores e criadores de gado não são os únicos a sofrer com a
estiagem. Na zona urbana, os moradores enfrentam problemas indiretos da falta
de chuva, como inflação, queda de movimento no comércio e aumento da
inadimplência.
Diferentemente dos agricultores, os
moradores das cidades não receberão o Bolsa Estiagem -lançado anteontem pela
presidente Dilma Rousseff (PT), pagará R$ 400 em cinco parcelas.
Um exemplo dos efeitos da seca é a
disparada do preço dos alimentos.
Em alguns locais, o quilo do feijão
mais do que dobrou desde o início do ano. Em Sergipe, Estado com o maior
percentual da população atingida pela seca (93,3%, segundo o Ministério da
Integração Nacional), Poço Redondo, a 179 km de Aracaju, é o município mais
castigado.
Moradora da zona urbana de Poço
Redondo, a comerciante Maria Dantas sente a queda nas vendas em sua farmácia e
o aumento da inadimplência, que chega a 60%.
"Falta dinheiro. Ou [o criador]
vai manter o gado ou vai pagar os compromissos. Aí fica entre a cruz e a
espada. Se não mantém o gado, como vai ser depois?", questiona.
Na cidade, o quilo do feijão saltou
de R$ 3,70 para R$ 5,95.
O Ministério da Integração Nacional
diz que mesmo quem não tem direito ao Bolsa Estiagem será contemplado com
programas como Água para Todos e com a instalação de milhares de cisternas,
sistemas simplificados de abastecimento e poços, até junho.
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