No Cristianismo (Catolicismos, Protestantismos ...),
crianças ou mesmo adultos vestem uma roupa nova (branca de preferência) para a
cerimônia do batismo. Mas não é somente sobre esse tipo de roupa que estamos a
refletir. É, com maior foco, sobre uma
veste, uma roupa, chamada linguagem na sua particularidade do nome (chamado
próprio) das pessoas. Digo, de cada pessoa. Se João (nome fictício) vai ser
batizado na Igreja Católica por exemplo, ele já chega à pia batismal com uma
roupa (o nome próprio) com que ele é vestido antes mesmo de nascer. Porém uma vestimenta
nova lhe é sobreposta - a de cristão/católico – que ele irá
usar/justificar no Crisma, no Matrimônio ... pelo resto da vida e para além da
morte.
O próprio cardeal/bispo quando é escolhido papa, pelos seus pares, ele é
vestido não só com os paramentos papais (dos sapatos, meias ... à mitra), mas também com uma roupa nova: o nome
papal: João XXIII ... Bento XVI ... Francisco; claro que na identidade civil e
no cartão de crédito constará o nome civil (roupa anterior) desse religioso.
No Islã, a cerimônia ‘batismal’ difere – como era de se
esperar – das vigentes nas religiões ocidentais. A criança muçulmana
nasce na presença do pai, da mãe, ou de ambos.
Menino ou menina, o pai (ou na ausência deste a mãe) toma a criança aos
seus braços, e falando-lhe numa orelha convida-o (a) pelo nome para a prece. E
na outra orelha conclama-o(a) para a palavra de testemunho de Álah único, inimitável e indivisível.
Antes da primeira amamentação, o pai (ou a mãe se este não está presente)
fricciona algo adocicado no “céu da boca” (no palato) do bebê. Ao cumprir esse
ritual, do ponto de vista antropológico há sim uma nova veste sobre o corpo
do(a) recém nascido(a): a ETERNA FIDELIDADE a Álah, para além da vida, para além da morte.
Não existe na
religião mulçumana o fenômeno da conversão. Pois todo(as),
em qualquer lugar do Mundo, já nascem
sob as graças de Álah ... e a ele, desde então, lhe tem que ser FIEL.
Os INFIÉIS - ou
seja, aquele(as) que são batizados em qualquer outra
religião – se desejarem tornar-se muçulmano(a) terão que fazer a Reversão:
voltar ao amparo de Álah onde nasceram e de onde jamais deveriam ter saído ou ter sido
afastado. Ao fazer a Reversão, o(a) neófito(a) muda o nome (roupa) anterior
para um nome (vestimenta simbólica) próprio de configuração linguística e
significado religioso árabes. Sob o ponto de vista antropológico este novo nome
é sua nova roupa. Cassius Clay, famoso e premiado boxeador norte
americano, teve seu nome mudado para Mohamed Ali ao se Reverter para a religião muçulmana.
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