CHÁS DE COZINHA, (OU DE CASA NOVA) DE BEBÊ, ... ANIVERSÁRIOS E OUTRAS EXPRESSÕES DO DOM E DO CNTRADOM NAS SOCIEDADES OCIDENTAIS
A operacionalização dos conceitos de DOM E CONTRADOM tem sido atribuída ao antropólogo Marcel Mauss (1872-1950).
No chá de cozinha, o DOM é a presença de convidada(o)s que oferecem não só a sua própria visita e presença como presenteiam com alguma utilidade doméstica (previamente acertada através de lista de objetos). Como CONTRADOM, a anfitriã, a dona da casa oferece bolos, chás mesmo, tortas, sucos, café gourmet, etc., etc.
No chá de bebê, a expectativa da gestante é que o DOM apareça e aconteça sob forma de fraldas (tamanho P), embora ela também aceite roupinhas, móbiles e coisas que tais combinados na lista do chá. O CONTRADOM da gestante, face a tanta ‘gentileza’, é oferecer às visitas – quase sempre mulheres - bolos, tortas, chás e outros itens igualmente leves e delicados. Oferecer uma lembrancinha às visitas é também uma forma de O CONTRADOM
.
É muito comum alguém dizer a uma visita: "Vou passar um café (CONTRADOM) ou "Você bebe alguma coisa, quer uma bebida? (CONTRADOM) ... para agradecer a visita (DOM) de uma pessoa.
Agora imagine que você foi convidado(a) para um aniversário ... de criança, por exemplo. Salvo quando anfitriões (os pais da criança) e as visitas têm alguma intimidade, geralmente o presente é uma surpresa, fica a cargo a e (bom?) gosto da visita.
Sim, você foi convidado(a) ao aniversário, depositou seu presente no baú - o DOM – e, surpreendentemente, a anfitriã/anfitrião lhe anuncia: “Infelizmente, não vai haver festa. Obrigado pelo presente. Deus lhe pague e proteja seus filhinhos tão bonitinhos, bilu, bilu, etc e tal, é a crise ... sabe como é!!!
Que vexame, hein? Neste caso, não aconteceu a esperada reciprocidade (salgados, doces sobre mesas decoradas, paredes cobertas de painéis ... e o esperado bolo.
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Outra situação: Você recebe um convite de casamento e na parte inferior do cartão está escrito: “Os noivos se despedirão na porta da igreja”. Você ainda vai a esse casamento? Não sei. Depende da relação simbólica (e até econômica) entre custo e benefício.
Outra situação: Você recebe um convite de casamento e na parte inferior do cartão está escrito: “Os noivos se despedirão na porta da igreja”. Você ainda vai a esse casamento? Não sei. Depende da relação simbólica (e até econômica) entre custo e benefício.
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Em algumas sociedades que os antropólogos não mais chamam de ‘primitivas’, uma pessoa convida várias outras para uma festa. No melhor da festa, pleno desvario da gula, o dono da casa que deu o DOM das bebidas e das comidas ante o CONTRADOM das presenças dos convidados. Esse anfitrião anuncia como um desafio: “Vocês devem estar gostando da festa, não? Sabem quanto eu gastei para que vocês estivessem comendo e bebendo agora do bom e do melhor? Gastei tanto! Desafio qualquer um de vocês a dar uma festa tão cara e tão bonita com a que eu estou lhes oferecendo ! ...
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Claro que em nossas culturas ocidentais, fico imaginando o que os convidados diriam a tal anfitrião:
“ Olhe sabe o que você faz com sua festa, hein? Pegue sua festa e... @@###$@#@#@##@# ...”
“Vou-me embora, e não me chame mais pra nenhuma de suas festas !”
“ Olhe sabe o que você faz com sua festa, hein? Pegue sua festa e... @@###$@#@#@##@# ...”
“Vou-me embora, e não me chame mais pra nenhuma de suas festas !”
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Naquelas sociedades, tal comportamento é aceito com a maior naturalidade do mundo e contribui para o desenvolvimento da economia local.
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