AS CALÇADAS DAS CIDADES E A ACEITAÇÃO DE SI MESMO

AS CALÇADAS DAS CIDADES E A ACEITAÇÃO DE SI MESMO



 

As calçadas da cidades estão cada vez mais estreitas comparativamente à explosão do crescimento demográfico. Estreitas mas ao mesmo tempo largas. Não aquela largueza das portas que conduzem à perdição. Mas a largueza das calçadas que, mesmo estreitas, conduzem à aceitação de si mesmo; aceitação não tanto como um movimento de si para si, mas em grande proporção de si para o outro.



 

E se esse tal desse outro que vem na calçada onde estou a caminhar, mas que vem no sentido contrário, não gostar de meus peitos grandes e caídos e da minha barriga descendo as encostas do corpo, de minhas pernas tortas, minha bengala, minha perna mecânica, minha feiúra ou minha belezura, não gostar de minhas celulites, minha cadeira de rodas e de meus braços derretendo pelanca abaixo, de minha bocona e de meu narigão, detestar meu andar cai-mas-não-cai, de meu olho torto ...

... então mude de calçada; ou permaneça na mesma calçada. Isso não é uma decisão minha; é do outro que não está gostando de mim do jeito que eu sou. As calçadas da cidades estão cada vez mais estreitas comparativamente à explosão do crescimento demográfico. Estreitas mas ao mesmo tempo largas