NATAL URBANO NATAL
Vicente Deocleciano Moreira, antropólogo, texto especial para o Blogue CIDADE.
Segundo a repetida narrativa, Cristo nasceu numa manjedoura, um mundo cuja ecologia está distante da loucura consumista da cidade nesta também repetida época do ano (eterno retorno) chamada natalina.
Início de inverno no hemisfério Norte, início de verão no Sul, o sol é a figura central ,,, o natalis invicti solis ... o nascimento invencível do sol respectivamente alguns povos comemoravam com pesar o 'afastamento' do deus sol, outros se entregavam à alegria da chegada desse poderoso deus ressignificado simbolicamente em Cristo. Daí que, inteligentemente, os cristãos primeiros convencionaram 25 de dezembro como o dia do nascimento de Jesus Cristo.
Esta convenção e o contexto geográfico e ecológico de Cristo caminharam por vias diferentes e distantes da orgia urbana dos excessos de compras, presentes, comidas e bebidas em que mergulhou no contexto urbano, de todos os tamanhos, a festa religiosa ... talvez a mais comemorada entre tantas que assinalam o calendário mágico e ritual das diversas religiões ... ao menos as mais conhecidas no mundo.
Só que é preciso dizer o seguinte: a tradição de dar e receber como presentes é anterior ao Cristianismo e à (mal) chamada 'sociedade de consumo'. Ela fazia parte dos ritos de diversas sociedades durante o natalis invicti solis. Mas, de algum modo, o Cristianismo incorporou essa tradição de troca de presentes.
Afinal, logo que viram a "estrela" (cometa?) natalina 'riscar' os céus e apontar para a direção da mangedoura sagrada, para lá correram os três Reis Magos com presentes, nas mãos, para oferecer ao recém nascido Menino Jesus. As cidades e o capitalismo abriram as portas para essa tradição do dom e do contradom (do dar e do receber presentes e presenças), como acrescentaria a tradição teórico-antropológica herdada de Marcel Mauss.
Só que é preciso dizer o seguinte: a tradição de dar e receber como presentes é anterior ao Cristianismo e à (mal) chamada 'sociedade de consumo'. Ela fazia parte dos ritos de diversas sociedades durante o natalis invicti solis. Mas, de algum modo, o Cristianismo incorporou essa tradição de troca de presentes.
Afinal, logo que viram a "estrela" (cometa?) natalina 'riscar' os céus e apontar para a direção da mangedoura sagrada, para lá correram os três Reis Magos com presentes, nas mãos, para oferecer ao recém nascido Menino Jesus. As cidades e o capitalismo abriram as portas para essa tradição do dom e do contradom (do dar e do receber presentes e presenças), como acrescentaria a tradição teórico-antropológica herdada de Marcel Mauss.
Talvez nos rincões mais distantes e menos urbanos do mundo cristão, as comemorações natalinas passem por longe desta entrega orgiástica.
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