Por Natalia Ruiz Diaz*
Proliferação de algas, resíduos nas margens e água cada
vez mais escura formam a paisagem que espera quem
visita o paraguaio Lago de Ypacaraí.
Assunção, Paraguai - O famoso Lago de Ypacaraí,
emblema da promoção turística do Paraguai, é foco
de atenção pela acelerada contaminação de suas
águas. Faltando dois meses para começar a temporada
de verão, o estado do Ypacaraí causa preocupação
pelo peso que tem no turismo interno,
especialmente no município de San Bernardino,
a 48 quilômetros da capital.
A principal atração de San Bernardino, que ostenta
o título de cidade do verão, é este Lago de quase
90 quilômetros quadrados que deixou de ser
azul, como diz a canção “Recuerdos de Ypacaraí”.
Embora há algum tempo seja executado um trabalho
com municípios locais na tarefa de reduzir a
contaminação, os dejetos continuam chegando”,
disse ao Terramérica o fiscal do Meio Ambiente,
José Luis Casaccia.
O Lago está rodeado por pelo menos dez cidades
nos departamentos Central e Cordilheira, na região
sudeste do país. O comum dessas cidades é não
terem saneamento e seu esgoto ir sem tratamento
para os cursos de água próximos, como os riachos
San Lorenzo e Jukyry, e para os mangues da região.
Nesta época, além disso, proliferam as algas verdes
nas margens. “A presença de algas é produto da
superalimentação e falta de oxigênio do Lago, devido
ao exagerado acúmulo de lama e sedimentos fecais”,
explicou o fiscal.
Em 2005, a Promotoria Ambiental detectou
uma centena de indústrias com atividades que
afetavam o Ypacaraí, que foi declarado Parque
Nacional em maio de 1990. No entanto, a proteção
não deteve o impacto da urbanização, as indústrias
sem infraestrutura adequada e o turismo em lugares
como San Bernardino e Areguá. Para José Luis,
ex-ministro do Meio Ambiente, são necessárias
medidas drásticas. Mas as autoridades municipais
não veem o assunto com tanta presteza.
O intendente local, Berna Espinoza, disse ao
Terramérica que a situação do Lago não é grave.
“Isto sempre foi assim, as algas, por exemplo,
aparecem pelo calor ambiente, sobem à superfície
pelo calor do Sol. Não são tóxicas, com se diz”,
afirmou. Gustavo Florentín, presidente da Fundação
Consciência Ambiental do Paraguai, alertou para o
uso de produtos de limpeza, como detergentes
com certos componentes, que vão parar no Lago.
“O aspecto esverdeado das águas se deve
à excessiva presença de nutrientes devido
ao deságue de esgoto domiciliar e industrial, com
alto conteúdo de tripolifosfato de sódio, na bacia
do Lago”, disse Gustavo ao Terramérica. Isto eleva
a concentração de nitrogênio e fosfato, disparando
a presença de organismos como as algas. Não faltam
planos para recuperar o Ypacaraí, inclusive
concebido por especialistas estrangeiros.
“Sempre houve o inconveniente da contrapartida
local”, disse José Luis. O Estado deveria dar cerca
de US$ 10 milhões para uma estratégia de recuperação
cujo custo total era de US$ 60 milhões. O
Ministério de Obras Públicas e Comunicações apresentou
em agosto um projeto para a recuperação e o
saneamento da bacia do Lago, que será financiado
pela companhia coreana Samsung, como parte
de sua política de responsabilidade social empresarial.
O custo desta iniciativa é de US$ 5 milhões.
* A autora é correspondente da IPS.
Crédito da imagem: Natalia Ruiz Díaz/IPS
Legenda: O lixo é protagonista na praia
da cidade de Areguá, no Paraguai.
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Aquífero paraguaio sangra pela ferida
dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela
Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência
Envolverde.
Fonte: Envolverde/Terramérica
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