Leitura de fatos violentospublicados na mídiaAno 12, nº 14, 17/09/2012Salvador - Bahia - Brasil | |
ÀS COMPRAS,
DEPOIS DA MORTE!
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“Saiu
no Fantástico” em 26 de agosto de 2012. E “sair no Fantástico”
corresponde a aparecer no Brasil nas noites de domingo. Uma quadrilha
foi presa no Rio Grande do Norte e a “novidade fantástica” é a
estratégia do bando ao usar dados bancários de ricos-mortos na compra de
objetos caros (como carros de luxo) e também no pagamento de despesa de
restaurantes, casas noturnas etc. O bando tomava ciência dos óbitos e
do porte econômico adequado às suas atividades através das notícias que
circulavam nos meios de comunicação e, a partir das informações,
compravam de outros criminosos os dados cadastrais dos mortos e, de
posse disto, davam vida a crédito junto ao mundo do consumo.
A
modalidade conta com uma vantagem especial: os mortos não correm atrás
dos seus falsos. Além disso, um único vivo serve para representar vários
falecidos, pois a simulação é limitada aos dados bancários e o pedido
de cartão, por exemplo, pode ser feita por telefone, assim como a
ligação a uma concessionária para a compra de um carro.
Estes
feitos não são novos. O uso de documentos de mortos para a compra de
bens, recebimento de pensão ou outras vantagens já é do conhecimento de
todos. O elemento novo é a “consulta” à mídia, ou seja, o uso da
informação midiática para a “seleção” do morto. Também fica clara a
atuação de outra atividade criminosa responsável pela venda de dados
daquele que for selecionado. Fica evidente, então, a prática da venda
ilegal de dados por encomenda. Finalmente, se faz necessária a
possibilidade de venda dos bens adquiridos por meio deste golpe.
As
atividades aqui indicadas sugerem certo grau de complexidade da trama
e, portanto, a existência de indivíduos com postos bem definidos e cujos
papéis se assemelham a organizações de caráter complementar.
Outro
aspecto que se mostra diz respeito à insegurança de dados os quais
somos levados a usar, a exemplo dos cartões de crédito. Não há mais
qualquer possibilidade de retorno às nem tão velhas formas de relação no
mundo do consumo. O virtual é real. O real, propriamente, foi
ultrapassado, o indivíduo é um login e uma senha. É neste mundo
de correspondências imediatas entre um eu e um click que os mortos
deixam senhas a lhes darem vida nas pontas dos dedos de golpistas que
encarnam a alma dos números tão caros ao mercado de consumo.
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