quarta-feira, 19 de setembro de 2012

FCCV - ÀS COMPRAS, DEPOIS DA MORTE!

 

Leitura de fatos violentos 

publicados na mídia

Ano 12, nº 14, 17/09/2012  

Salvador - Bahia - Brasil

ÀS COMPRAS, 
DEPOIS DA MORTE!

 
“Saiu no Fantástico” em 26 de agosto de 2012. E “sair no Fantástico” corresponde a aparecer no Brasil nas noites de domingo. Uma quadrilha foi presa no Rio Grande do Norte e a “novidade fantástica” é a estratégia do bando ao usar dados bancários de ricos-mortos na compra de objetos caros (como carros de luxo) e também no pagamento de despesa de restaurantes, casas noturnas etc. O bando tomava ciência dos óbitos e do porte econômico adequado às suas atividades através das notícias que circulavam nos meios de comunicação e, a partir das informações, compravam de outros criminosos os dados cadastrais dos mortos e, de posse disto, davam vida a crédito junto ao mundo do consumo.

A modalidade conta com uma vantagem especial: os mortos não correm atrás dos seus falsos. Além disso, um único vivo serve para representar vários falecidos, pois a simulação é limitada aos dados bancários e o pedido de cartão, por exemplo, pode ser feita por telefone, assim como a ligação a uma concessionária para a compra de um carro.
Estes feitos não são novos. O uso de documentos de mortos para a compra de bens, recebimento de pensão ou outras vantagens já é do conhecimento de todos. O elemento novo é a “consulta” à mídia, ou seja, o uso da informação midiática para a “seleção” do morto. Também fica clara a atuação de outra atividade criminosa responsável pela venda de dados daquele que for selecionado. Fica evidente, então, a prática da venda ilegal de dados por encomenda. Finalmente, se faz necessária a possibilidade de venda dos bens adquiridos por meio deste golpe. 

As atividades aqui indicadas sugerem certo grau de complexidade da trama e, portanto, a existência de indivíduos com postos bem definidos e cujos papéis se assemelham a organizações de caráter complementar.

Outro aspecto que se mostra diz respeito à insegurança de dados os quais somos levados a usar, a exemplo dos cartões de crédito. Não há mais qualquer possibilidade de retorno às nem tão velhas formas de relação no mundo do consumo. O virtual é real. O real, propriamente, foi ultrapassado, o indivíduo é um login e uma senha. É neste mundo de correspondências imediatas entre um eu e um click que os mortos deixam senhas a lhes darem vida nas pontas dos dedos de golpistas que encarnam a alma dos números tão caros ao mercado de consumo.


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