ANTES DE TUDO, FALTA DE HIGIENE É QUALQUER COISA QUE ESTÁ FORA DO SEU DEVIDO LUGAR
Antes das leis e das recomendações da Infectologia e da Patologia ...
1) ... enfermeira(o)s, médico(a)s, dentistas ... usam luvas e máscaras porque o lugar das bactérias, micróbios e outros micro-organismos nocivos à saúde não é nas mãos. narinas, face ou epiderme destes profissionais. E sim no corpo do paciente;
2) ... lavamos as mãos (com maior ou menor apuro técnico) porque o lugar das bactérias, micróbios e outros micro-organismos nocivos à saúde não é nas mãos. E sim no ralo do esgoto;
3) ... o mesmo lixo (resíduo sólido) que alguém coloca, a céu aberto, em via pública, abriga os mesmos micro-organismos e vetores (ratos, baratas ...) é o mesmo que outra pessoa deposita num recipiente adequado; higiênico.
Quem foi menos higiênico? Quem colocou o resíduo fora do lugar considerado adequado.
Antes das leis sagradas e recomendações mágico-religiosas, judeus e muçulmanos, coerentes e respeitosos com a própria fé, não comem carne de porco porque o lugar da carne desse animal (tido por eles como impuro, anti higiênico) é em seu próprio corpo. E não no prato, boca ou organismo desses fiéis.
Antes dos costumes e crenças de culturas que consideram impura a mulher menstruada, está a compreensão de que lugar dela é, enquanto durar o ciclo, isolada numa habitação ou longe das mãos e olhares principalmente dos homens.
Antes dos costumes e regras higiênicas, da maior parte das sociedades ocidentais e principalmente daqueles veiculados pelas propagandas comerciais, o lugar do sangue menstrual não é na calcinha, calça ou vestido. E sim no absorvente.
Sentimos um certo asco quando um jogador (de futebol, por exemplo) cospe, em pleno desenrolar da partida, sobre a grama. Sentimos esse mal porque estamos convencidos de que o 'depósito' do cuspe (eca !!!), da saliva não é na grama - e sim no vaso sanitário onde aliás, em nome da higiene. depositamos nossos excretas (cocô, xixi). Mas, convenhamos, seria impraticável que cada jogador pedisse licença ao juiz para descer ao vestuário para cuspir - aí sim! - no lugar adequado.
No Brasil Colônia, as elites dispunham de uma peça de louça (decorada com bom gosto e delicadeza) e mantida no chão próximo às poltronas,
chamada cuspideira - hoje admirada peça de museu.
Casas coloniais desafiam arquitetos e engenheiros quando esses profissionais têm a missão de restaurá-lo e dotá-lo de função adequada aos dias de hoje p-p sem, claro, descaraterizar o secular imóvel. É que naqueles tempos os moradores faziam xixi e defecavam em urinóis que, depois de algum uso diário, eram levados pelos escravos até um barril muito grande, o 'tigre', instalado sob a escada ou no quintal. Quando cheio, o 'tigre' era conduzido pelos escravos ou carroças e seu conteúdo (mais que fedido) era lançado na areia da praia. A areia da praia, e não o interior da residência, era o lugar certo para tal fim. Em nome da higiene.
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Sugiro-lhes que façam uma experiência emocionante mas não tão arriscada, talvez:
Quando comprarem, em uma loja de shopping center, um sapato, tênis, chinelo, dirijam-se à praça de alimentação e, lá, tire-o da caixa e o coloquem sobre a bandeja bem juntinho do sanduiche, lanche, suco ... que você estiver a comer/beber. Agora, prepare-se para enfrentar (e curtir) os olhares de reprovação dos passantes ou vizinhos de outras mesas. Sim, todos estão vendo que se trata de um calçado novo. Mas, lugar de sapato (novo ou velho) é no chão ... protegendo os pés
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