segunda-feira, 2 de novembro de 2015

ALGUMAS REGRAS DE EVITAÇÃO DA MORTE

ALGUMAS REGRAS DE EVITAÇÃO DA MORTE

 Como o nome está a sugerir, a regra de evitação é um expediente simbólico ou efetivo de que humanos em todas as sociedades se utilizam na crença de que se pode evitar ameças e fatos concretos e  situações constrangedoras.

Há sociedades em que o 'genro' evita falar diretamente com a sogra mesmo que seja apenas um simples cumprimento; ele o faz através da esposa. A sogra o responde ou a ele se dirige através da filha. E assim a tradição e o distanciamento respeitoso genro-sogra-genro são mantidos.

Algumas regras de evitação da Morte na cultura brasileira:

1 - Dia dos Finados e seus ritos.  Trata-se de um acordo, um toma-lá-dá-cá que, vivos, fazemos com a Morte ... 'homenageando-a' com um  feriado. Em troca, ela nos esquece e nos deixa em paz;

2 - Referir-se aos mortos como finados - ou seja, os que tiveram fim -- ou ao mencionar-lhes o nome dizer: "Deus o(a) tenha muitos anos sem nenhum de nós". "Deus o guarde em Sua santa glória" ...

3 - Desemborcar chinelos e sapatos. Não se trata de um comportamento mágico-religioso mas apenas mágico pois, agindo assim, evitamos a morte nossa ou do dono dos chinelos ou sapatos.

4 - Seja na sala de velório do maior cemitério de grife de uma cidade, seja na sala do casebre mais remoto do Sertão, deitar o defunto com os pés apontados para a porta, a fim de que o querido e pranteado morto 'saia' e não volte mais; com os pés voltados para dentro do cômodo ... jamais !!!'

5 - Responder  três vezes "está em Roma, está em Roma, está em Roma", quando ouvimos 'alguém' chamar nosso nome depois de olharmos e não detectarmos a presença de pessoa alguma.


Embora tal regra de evitação da Morte (já que é ela que está a nos chamar) possa parecer algo 'apenas' engraçado, a verdade é que responder assim à 'voz' que nos chama pode ser o limite, a fronteira entre a Neurose e a Psicose. "Responder 'está (tá) em Roma (lugar remoto ... distante do Brasil ...) pode traduzir a DÚVIDA, a INCERTEZA de que a 'voz' realmente existiu, ou se foi 'maluquice da cabeça'. À CERTEZA  (a certeza da Psicose, do delírio da loucura) de que foi chamado pode se seguir a atitude de alimentar o episódio a ponto de ouvir 'vozes' ou uma 'voz' decidida a mandar o 'ouvinte' a fazer isso ou aquilo (matar, agredir, violentar ...)


6 - Assim que se chega de um sepultamento ou cremação, por imediatamente no cesto de roupa suja  as roupas com que se compareceu ao evento. Assim, evita-se que sejamos contagiados pela impureza do cemitério, dos mortos e da Morte.

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