sábado, 26 de setembro de 2015

NO MEIO DO CAMINHO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA TINHA UMA PEDRA
 
"No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.
 
(Drummond - "No meio do caminho")
 
No meio do caminho da educação brasileira tinha uma pedra. Uma pedra filosofal. Uma pedra fundamental. E qual é/foi essa pedra (filosofal, fundamental)?
Digo logo: uma escola de samba.
 
"Se alguém quer matar-me de amor
Que me mate no Estácio ..."
 
Estes belos versos de Luiz Melodia exaltam a importância do Largo do Estácio (Rio de Janeiro), considerado o berço do samba. Eu diria berço também do que hoje (e haja hojes!) conhecemos e amamos como ESCOLA DE SAMBA.
 
De um lado do  Largo do Estácio havia uma escola normal. Lembram das escolas normais, do ICEIA, das normalistas, da "normalista linda/ que não pode casar ainda/ só depois que se formar"?. Do outro, (primeiras décadas do século XX) sambistas ancestrais e dermiugos, mestres que eram,   reuniam jovens que queriam aprender a sambar.´Aí então juntaram a escola normal com o samba e daí temos ESCOLA DE SAMBA
 
Será que esta feliz combinação não nos apontava, desde já, uma espécie de pedra filosofal para os alquimistas da Educação; ou não teria sido um sinal do espírito grego da Paidéia apontando nas salas de aula e de discussões pedagógicas que devemos misturar, mesclar, miscigenar a alegria, a paixão e a disciplina ascética das escolas de samba com a Escola?
 
****
 
E já que falei em Drummond e em CEIA (Instituto Central de Educação Isaias Alves), bairro Barbalho (Salvador - Bahia), será que este belo e soberbo monumento da história da Educação baiana não me será, dentro de alguns segundos, o que  foi Itabira (terra natal de Drummond) apenas  "um retrato na parede mas como dói!".
 
Nos idos de 60 (séc XX) assisti, no elegante e imenso auditório do ICEIA, o show "Transversal do Tempo" (que deu esse mesmo nome ao LP), de Ellis Regina. Provocante, ela vestia um collant (roupa colada no corpo de cima abaixo), então na moda. Um collant cor de pele..
O ICEIA hoje, onde prestei vestibular em 1968, aos 17 anos, realmente é hoje um retrato abandonado na parede da memória. E esta lembrança é um quadro que me dói muito.

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