domingo, 17 de maio de 2015

MINHA CASA MAL ASSOMBRADA DE OURO PRETO

MINHA CASA MAL ASSOMBRADA DE OURO PRETO
O senhorio comemorou ao ter alugado aquela casa (térrea) em Ouro Preto - Minas.

Corria pela cidade a informação de que aquela casa era mal assombrada. Pessoas juravam ter visto espíritos a adentar e a sair das paredes. Desassombrado, aluguei a casa pois não tenho medo dos a(s)sombrados, ou seja aqueles que não têm ou não fazem sombra devido à particular imaterialidade de seus corpos. Móveis pesados, antigos e escuros de cedro, apenas uma janela e uma porta, a casa só havia sido banhada pelo sol quando esteve em construção. Intrigava-me porém o solo ondulado do quintal. Uma terra árida, talvez tivesse sido pisado por Átila, rei dos hunos, cuja crueldade - dizia-se - impedia que nascesse sequer erva daninha. onde ele pisava.


À noite sentava à porta para curtir a noite e o céu da antiga Vila Rica e, por adição, o delicioso perfume exalado pelas damas da noite - uma pequenina flor que adornava toda Ouro Preto. Os transeuntes desciam a calçada vizinha para evitar passar diante de mim. Afastavam-se metros de mim. Intrigado, eu fazia movimentos com a mão para me certificar, para ter segurança, de que eu ainda era sombrado, quero dizer, que eu ainda fazia sombra

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