FOTO: GRAFIA DA MORTE E DA MEMÓRIA
Roland Bartthes (no livro "Câmara Clara") afirma que os fotógrafos que andam fotografando pelo mundo são na verdade agentes da morte,
Salvo situações de fraude, de falsificação, quem foi fotografado jamais pode negar que esteve naquele lugar, naquele momento.
Um tempo-espaço-tempo que não se repete nem se repetirá jamais. Mesmo que ainda esteja viva - aqui e agora - a pessoa fotografada está morta ali na foto; está congelada por aquele e naquele presente não presentificado. Não presenticado pois o presente é impalpável, mal acabo de pensar e de falar a palavra PRESENTE tudo já é passado, A pessoa fotografada foi 'assassinada' pelo fotógrafo e sua máquina infernal
Quando o daguerrótipo foi inventado por Daguerre (Louis Jacques Mandé Daguerre - 1787-1851), na França, não foram poucas as pessoas que se recusavam fotografar/daguerrotipar pois tinham medo que sua alma, através de sua imagem, ficasse aprisionada na placa metálica que, depois, seria afixada sobre o papel, 'carimbando-o.'
É de Heráclito (Heráclito de Éfeso - 535 aC-475 aC), filósofo grego, a conhecida frase: "Sobre os que mergulham passam diferentes águas". Trocando em 'miúdos', ninguém mergulha ou se banha duas vezes nas mesma águas de um mesmo rio, pois o mergulhador, o banhista sai da água e quando volta a água já passou (não é a mesma de antes) e ele está imerso numa nova água.
Quando contemplamos a foto de uma pessoa ainda viva somos invadidos por uma estranha sensação de mortalidade e, ao mesmo tempo e imortalidade, de eternidade e de efemeridade, envolvendo a pessoa e o seu entorno (quarto, praça, paisagem ...)
Imaginem contemplar a foto de uma pessoa que já morreu. Ou, mais grave, a fotografia do defunto no velório ou dentro do caixão?
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