CIDADE
Projeto de Dongtan: projeto fica pronto
em 2010
DESAFIO URBANO
Por um sonho mais feliz de cidade
Bogotá, Porto Alegre, Curitiba: estão na América Latina três metrópoles
que deram a volta por cima no combate ao caos e à violência urbana e, com
iniciativas brilhantes e pioneiras, vêm melhorando a vida de seus cidadãos -
que se engajaram com tudo nos projetos e dão o exemplo para o mundo
Por Liliane Oraggio Cocchiaro
Revista Claudia - 09/2007
Revista Claudia - 09/2007
Um fato inédito na história vai desafiar cada um de nós: em 2008, mais
da metade da população mundial viverá em cidades, segundo relatório recente do
Fundo de População das Nações Unidas.
A cada ano, 60
milhões de pessoas - o equivalente a duas cidades como Nova York - saem do
campo e partem em busca de sonhos e realizações nas metrópoles. Em breve,
seremos 3,4 bilhões de habitantes urbanos, com necessidade de ar puro,
segurança, moradia, saneamento, saúde, educação e transporte.
Pode ser caótico -
e quem vive em São Paulo já sabe o que é fazer parte do caos. Houve um
crescimento desordenado para abrigar seus 19 milhões de habitantes (12 milhões
na capital e 7 milhões na região metropolitana).
Essa massa, formada
por paulistanos da gema e gente que chega em busca deoportunidades, espreme-se no trânsito, sufoca
com a poluição, é tiranizada pela pressa e pelo medo da violência, pelas
grandes e pequenas agressões diárias. Esse cenário sombrio vem despertando a
vontade de fazer alguma coisa para melhorar a vida nas cidades.
Uma metrópole
latino-americana deu o exemplo para o mundo: Bogotá. "Em 12 anos, a
capital da Colômbia, que tem 8 milhões de habitantes, deixou de ser um lugar
violento e caótico", conta a socióloga Maria Alice Setúbal, de São Paulo,
que já morou lá. "Os três últimos prefeitos mostraram como solucionar os
enormes problemas e tornar a cidade sustentável em termos de transporte,
poluição e integração social."
Uma rede de ações
foi responsável pela mudança positiva em Bogotá. Para combater a violência, o
orçamento para segurança pública dobrou, foram fixadas metas jurídicas claras
de combate ao crime, com punições severas para a corrupção na polícia. Depois,
veio a lei seca: os bares fechavam à 1 da manhã para evitar os inúmeros crimes
ligados ao alcoolismo.
Resultado: em 12
anos, as mortes violentas reduziram à metade. Essa vitória fica mais retumbante
quando se pensa que, não faz muito tempo, o nome da Colômbia era associado
apenas ao narcotráfico.
A partir de 1998, a
reforma de Bogotá se intensificou: foi aberto 1 milhão de metros quadrados de
novas praças e áreas de lazer. Muitas ocuparam o lugar de cortiços e pontos de
tráfico. A prefeitura investiu pesado em transportes coletivos eficientes.
Seguindo o modelo de Curitiba, a metrópole implantou o Transmilênio, sistema de
corredores de ônibus, que diminuiu o trânsito e reduziu a emissão de poluentes.
Nas áreas centrais,
foi proibido o tráfego de veículos e houve uma campanha de incentivo às
caminhadas e ao uso de bicicletas. As calçadas foram ampliadas e hoje a cidade
conta com 330 quilômetros de ciclovias, a maior rede do mundo - com isso
derrotou a poluição.
SÃO PAULO URGENTE
O exemplo de Bogotá serve como inspiração para São Paulo, uma metrópole
com fama de mal-amada, acusada de maltratar e anestesiar seus cidadãos. Mas
muitos deles estão acordando e, em maio, fundaram o movimento apartidário Nossa
São Paulo: Outra Cidade.
Idealizado pelo empresário Oded Grajew, do
Instituto Ethos, obteve a adesão imediata de 250 entidades não-governamentais e
empresas e de 330 pessoas que sonham com um lugar melhor para viver.
O modelo colombiano
também prevê mecanismos para interferir nas ações governamentais, e essa foi
uma das primeiras iniciativas do movimento paulistano: montar um conselho que
opina e fiscaliza orçamentos e ações da prefeitura.
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