SINTESES – O METRÔ DE CURITIBA
ARTIGO
Mobilidade urbana e
metrô(politano) de Curitiba
metrô(politano) de Curitiba
Fábio Dória Scatolin e César Rissete
A cidade de Curitiba iniciou, em 1974, a trajetória de construção de um sistema de transporte coletivo sobre pneus que se tornou referência não apenas no Brasil, mas projetou a solução de mobilidade desenvolvida em Curitiba em nível internacional. Passados 40 anos, vários estudos apontam para a necessidade de se introduzir novos modais na proposta de mobilidade urbana de nossa cidade – dentre eles, o metrô.
No mundo inteiro, e no Brasil em menor escala devido ao reduzido investimento em infraestrutura que tradicionalmente aplicamos, cidades metropolitanas como Curitiba constroem linhas de metrô para cumprir um papel central no transporte coletivo, como a coluna vertebral de um sistema que deve atuar em rede.
Um sistema de transporte coletivo deve conferir ao mesmo tempo acessibilidade e mobilidade, e a formação em rede tem sido adotada nesse sentido.
O metrô de Curitiba não é apenas um modal que irá substituir os outros modais existentes. Deve ser tratado como um novo elemento que potencialize o sistema e ajude a inverter a tendência de adoção de meios individuais de transporte em detrimento do transporte coletivo. Importante lembrarmos que Curitiba já é a capital mais motorizada do Brasil, possuindo 1,3 milhão de carros para 1,7 milhão de habitantes.
Apesar de ser uma solução que demanda mais investimentos inicialmente, o sistema de alta capacidade de transporte confere mais mobilidade aos cidadãos, e o investimento e custos/benefícios associados devem ser considerados em um horizonte de mais longo prazo, entre 50 e 100 anos. As previsões apontam para uma crescente urbanização de nossa sociedade. Curitiba já possui o quarto maior PIB do país e está no centro de uma região metropolitana com pouco mais de 3,2 milhões de habitantes. Tem renda per capita acima da média nacional, tendo como motor a área de serviços, e é considerada uma das 600 cidades mais dinâmicas do mundo.
A inclusão do modal sobre trilhos permite um salto em termos de mobilidade e produtividade das pessoas, atendendo à necessidade da nossa sociedade, e ao mesmo tempo trazendo novos investimentos durante e após as obras. Além disso, é um meio que utiliza fontes renováveis de energia, contribuindo, portanto, para a redução da poluição em nossa cidade. Dados os efeitos multiplicadores que o investimento propicia, o metrô também impactará positivamente na geração de renda e emprego na cidade e contribuirá para elevar a qualidade de vida da população. A mobilidade, afinal, é reconhecida atualmente como um direito das pessoas.
Para garantir esse direito, a prefeitura está, nesse momento, alterando o projeto do metrô de Curitiba e, ao mesmo tempo, viabilizando outras propostas que contribuirão para melhorar o sistema de transporte público de Curitiba e região metropolitana. No caso específico do metrô, dadas algumas deficiências do projeto – apontadas inclusive pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná –, foi lançado o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI). O PMI abre um canal transparente e institucional para que empresas apresentem propostas viáveis para a implantação do novo modal, e em especial para que a sociedade possa acompanhar as decisões que serão tomadas e que afetarão a vida de todos os que vivem na cidade.
Fábio Dória Scatolin é secretário municipal de Planejamento e Gestão; César Rissete é superintendente da Secretaria Municipal de Administração.
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