sábado, 28 de fevereiro de 2015

MEMÓRIA 5 ANOS - BAUDELAIRE, UM LÍRICO NO AUGE DO CAPITALISMO, de WALTER BENJAMIN

MEMÓRIA - 5 ANOS - CHARLES BAUDELAIRE, UM LÍRICO NO AUGE DO CAPITALISMO, de WALTER BENJAMIN




- NO DIA 28 DE FEVEREIRO DE 2010 NOSSO BLOGUE PUBLICAVA DO LIVRO CHARLES BAUDELAIRE, UM LÍRICO NO AUGE DO CAPITALISMO, DE WALTER BENJAMIN


DOMINGO, 28 DE FEVEREIRO DE 2010

RESENHA DO LIVRO DE BENJAMIN

RESENHA

LIVRO- 
CHARLES BAUDELAIRE, UM LÍRICO NO AUGE DO CAPITALISMO, de WALTER BENJAMIN

BENJAMIN, Walter. Charles Baudelaire, um lírico no auge do capitalismo. / Auswhrl in drei Baenden/ Trad. José Carlos Martins Barbosa e Hemerson Alves Baptista. 1ª ed. São Paulo, Brasiliense, 1989, 271 p.



Resenhista – Vicente Deocleciano Moreira


A cidade é moderna
Dizia o cego a seu filho 
Os olhos cheios de terra
O bonde fora dos trilhos
A aventura começa no coração dos navios
Pensava o filho calado
Pensava o filho ouvindo
Que a cidade é moderna
Pensava o filho sorrindo
E era surdo e era mudo
Mas que falava e ouvia

(“Trastevere” - Milton Nascimento e Ronaldo Bastos)

Seja no auge do capitalismo seja na atual (2010) fase do capitalismo, qual é mesmo o nome desta fase?, a cidade moderna é vista pelo cego e ouvida pelo surdo mudo; tudo está fora de ordem, fora da antiga ordem das cidades. Nas cidades mais do que antes, no auge do capitalismo, há um certo despudor na exibição de suas entranhas; elas, as cidades? suas entranhas?, gritam, brilham e erguem espelhos altos, até o céu, como moinhos de vento para Dom Quixote, espelhos narcísicos e babélicos ... onde ela possa se ver e se amar a si mesma dia e noite. Não há quem não a veja, não há quem não ouça suas estridências.

Baudelaire opera, com seu saber satanista, uma verdadeira chuva ácida e iconoclasta contra a sacralização do poético e se entrega à perdição profana do decadentismo trazido pela modernidade. Pelo capitalismo. Contra Victor Hugo, contra Lamartine. A lógica da mercadoria se impõe; nela, o capitalismo fixa suas mais profundas raízes. Poetas não são mais semideuses quase etéreos. Se Baudelaire xinga o leitor de hipócrita – e isto é uma agressão, uma indelicadeza … para ele tudo bem! Ele também se autodenomina hipócrita e, et pour cause, irmão desse leitor. E não para por aí. Em As Flores do Mal ao se referir a uma meretriz, diante dela prostra-se como um vendedor do próprio pensamento:

“Para ter sapatos, ela vende sua alma,
Mas o bom Deus riria se, perto dessa infame,
Eu bancasse o Tartufo e fingisse altivez,
Eu, que vendo meu pensamento e quero ser autor”

Há uma indisfarçável ironia, fina ironia, no veredito: “um lírico no auge do capitalismo” que Benjamin oferece a Charles Baudelaire. É mesmo a oposição entre o capitalismo e a lírica? Entre o princípio da realidade e o princípio do prazer? Em Paris, e onde mais houvera, paga-se para colocar a cabeça sob algum teto. Credores perseguem o inadimplente e ‘sem teto’ Baudelaire que procura amoldar sua imagem de artista à imagem de herói. Escreve à mãe em 26 de dezembro de 1853:

“Estou a tal ponto habituado a sofrimentos físicos, sei tão bem contentar-me com umas calças rotas, com uma jaqueta que deixa passar o vento e com dias camisas apenas, tenho tanta prática de encher os sapatos furados com palha ou mesmo com papel que quase só sinto os padecimentos morais. Todavia devo confessar que agora estou a ponto de não mais fazer movimentos bruscos, de não caminhar muito, por medo de dilacerar’ ainda mais as minhas coisas”. (Baudelaire, Dernières lettres inèdites à as mère, Paris, 1926, pp 44-45, Citado por Benjamin, W., Op. Cit., p. 71-72)

As máquinas são barulhentas. As cidades são barulhentas; não fora a abençoada macadamização ninguém ouviria ninguém à mesma mesa de um mesmo café.

Nessas ruas e suas calçadas alargadas graças ao ‘bisturi’ reformista de Haussmann (aquele mesmo citado pelo Prof. Jackson, (em entrevista à Folha de S. Paulo) na postagem (deste Blog) do dia 19 de fevereiro ... eis que surge, enigmático, o flâneur ... a rua é seu habitat. É a figura central do universo urbano capitalista baudelaireano. Isolado na/da multidão vê e é visto, profeta da modernidade, lento contra toda e qualquer velocidade, sobretudo à velocidade esmagadora da mercadoria. Mas ele é mercadoria. O flâneur imprime no olhar, em todos os sentidos, sua subjetividade, sua privacidade guardada a sete chaves. Ele é sujeito e não um traste esmagado pelas luzes e pelas trevas da cidade como o basbaque.
À maneira de um banquete de filósofos, Benjamin convida Marx e Engels, Coubert, Vitor Hugo, Verlaine, Valéry e tantos outros além de Poe. Paris, o prato principal. Londre, outro prato bem degustado. Benjamin faz mediação no encontro Baudelaire e Poe e sua visão detetivesca (?) no estranho solitário na multidão da cidade moderna; estranho e, vale dizer, obscuro; ecce homo o flâneur de Poe.

É Baudelaire o flâneur. E isto basta como veneno antiromantismo, é.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

LUIZ MELODIA - ZERIMA - RIO DE JANEIRO





20 e 21/03 – LUIZ MELODIA - TEATRO RIVAL
de Sexta-feira, 20 de Março às 19:30 a Sábado, 21 de Março às 22:30
Teatro Rival BR em Rio de Janeiro

RAIO-X DO TRABALHO NO BRASIL



Mercado de trabalho 2003-2015

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

MEMÓRIA - 5 ANOS - EURICO ALVES E A SAÚDE COMO QUALIDADE DE VIDA

MEMÓRIA - 5 ANOS 




- NO DIA 25 DE FEVEREIRO DE 2010 NOSSO BLOGUE PUBLICAVA O ARTIGO "EURICO ALVES BOAVENTURA: PROFETA-POETA DO CONCEITO DE SAÚDE COMO QUALIDADE DE VIDA.



ESTE ARTIGO INTEGRA AS COMEMORAÇÕES DOS DEZ ANOS (1999-2009) DO NÚCLEO DE ANTROPOLOGIA DA SAÚDE (NUAS/DCHF/UEFS)

 Autores/Pesquisadores do Núcleo de Antropologia da Saúde (NUAS/UEFS):
Prof. Ms. Vicente Deocleciano Moreira - antropólogo
Profa. Dra. Maria da Luz Silva - enfermeira
Prof. Ms. Edna Lucia do Nascimento Macedo - enfermeira
Profa. Eronize Lima Souza - historiadora


RESUMO
Eurico Alves Boaventura, poeta nascido em Feira de Santana – Bahia, (falecido em 1974) estaria com 100  anos de idade em 2009. Este artigo classifica este poeta como profeta-poeta do conceito de Saúde como Qualidade de Vida porque muito de sua escritura poética, ao enaltecer as belezas naturais, climáticas e ambientais da cidade em que nasceu, antevê muitos indicadores qualitativos e qualtitativos do referido conceito no campo da Saúde Pública.

Palavras Chave: Feira de Santana; Poesia; Saúde; Qualidade de Vida; Ecologia

ABSTRACT

Eurico Alves Boaventura, poet born in Feira de Santana, Bahia, (dead in 1974) would be 100 years of age in 2009. This article classifies the poet as prophet-poet of the concept of Health as Quality of Life because of its very poetic writing, to enhance the natural beauty, climate and environment of city in which he was born, he predict qualitative and quantitative indicators of the concept in the field of Public Health.


Keywords: Feira de Santana, Poetry, Health, Quality of Life, Ecology


Uma lata existe para conter algo,
Mas quando o poeta diz lata
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo,
Mas quando o poeta diz meta
Pode estar querendo dizer o inatingível
Por isso não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudo-nada cabe,
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível
Deixe a meta do poeta, não discuta,
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora.
(Gilberto Gil – Metáfora)

INTRODUÇÃO

Eurico Alves Boaventura nasceu em Feira de Santana (Bahia) em 1909. Em 1923, mudou-se para Salador. Na capital baiana fez curso ginasial e, em 1933, se formou em Direito. Ainda estudante, participou do movimento modernista baiano e do grupo que fundou a revista Arco e Flexa. De 1928 a 1929, Eurico Alves Boaventura participou de um grupo de precursores do movimento modernista e publicou, até a década de 60, poemas, contos e crônicas em jornais da Bahia e de alguns outros estados nordestinos. Profundamente inspirado na vivência do sertão baiano, escreveu diversas obras sobre esta região, a exemplo do livro “Fidalgo e Vaqueiros”, além de poesias e contos.. O poeta feirense fez parte de um grupo de intelectuais e artistas defensores de um ideário denominado “tradicionalismo dinâmico”. Foi magistrado e, depois, juiz concursado tendo percorrido, nesta condição, diversos municípios e regiões da Bahia. Aposentou-se e retornou a Feira de Santana em 1965. e faleceu, em Salvador, em 1974..

Vinculado à Área de Conhecimento de Antropologia do Departamento de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana, o Núcleo de Antropologia da Saúde (NUAS) desde a sua criação oficial (1999) sempre abrigou e fez avançar discussões em torno dos conceitos de Saúde. Isto porque faz dez anos, pesquisadores, alunos e bolsistas de diversos campos de conhecimento consideramos a adoção e a orientação de um conceito de Saúde como fator decisivo para as políticas públicas, gestões de cidadania e ações práticas em Saúde. Daí que por consideramos Saúde como ausência de doença e mesmo o conceito clássico da Organização Mundial de Saúde (OMS) – saúde é o completo bem estar físico, psicológico, social ... “. 

O fato é que, desde sempre, defendemos o conceito de Saúde como Qualidade de Vida como o mais apropriado para a realidade socioeconômica do Brasil e, pelo menos, vários outros países da América Latina, África. Enquanto o conceito de Saúde como ausência de doença se prendia e se reduz às dimensões biologicistas do processo Saúde/Doença, e o da OMS é idealista (“completo bem estar ...”) está sintonizado com o irrealizável, a concepção Saúde/Qualidade de Vida incorpora elementos políticos, ambientais e dá ênfase aos aspectos socioeconômicos e culturais da produção da doença no próprio processo Saúde/Doença. Não apenas isso; o conceito que defendemos é mensurável por diversos indicadores qualitativos e quantitativos: renda, habitação, educação/instrução, lazer, saneamento básico, assistência médica, prevenção e promoção da saúde, dieta equilibrada, estados psicológicos positivos, alegria de viver, alegria no que faz e no que trabalha, bom relacionamento e afetividade com familiares, vizinhos, amigos, e, na rua ou na cidade em que se mora e trabalha, arborização, espaços verdes, vida simples e sem muito estresse, conforto ambiental (incluindo o visual, o sonoro, redução da poluição sonora ...), qualidade do ar e dos recursos ambientais em geral, segurança pública etc, etc.

Na radicalidade, vale dizer, no ir à raiz do conceito de Saúde/Qualidade de Vida, mesmo que os exames laboratoriais (sangue, fezes, urina, biópsias, etc), poligráficos (ultrassonografias, eletrocardiograma, etc.) dentre outros tipos de exames médicos, de uma pessoa apresente resultados morbo-negativados – isto é, não indicativos de doenças – ainda assim isto não garante que essa pessoa tenha saúde se, no seu cotidiano, ela enfrenta condições insatisfatórias, insalubres e arriscadas relativas aos índicadores de Saúde/Qualidade de Vida mencionados no parágrafo anterior. Porém, se os resultados do exame médico de alguém apontar para alguma situação morbo-positivada (indicativo positivo de alguma doença),mas se ela viver sob condições ao menos razoáveis de indicadores de Saúde/Qualidade de Vida ela será considerada uma pessoa saudável

METODOLOGIA 

A passagem da concepção de Saúde como Qualidade de Vida para a poesia de Eurico Alves Boaventura, e para dela partir, transitou por três atalhos: o Hino a Feira de Santana (letra e música de Georgina Erismann, 1928) a monografia “Terra de Sã Natureza – a construção do ideal de cidade saudável em Feira de Santana. 1833-1920” e a dissertação de Mestrado “Natureza sã, civilidade e comércio em Feira de Santana: elementos para o estudo da construção de identidade social no interior da Bahia (1833-1927)” - ambas do historiador Aldo José Morais Silva (SILVA, 1997, SILVA, 2000).

Na dissertação, encontrei importantes escritos do médico Dr. Joaquim Remédios Monteiro – um outro “Eurico” a cantar loas sobre a hospiatlidade hospitalar de Feira de Santana.
Eurico, nome de origem hebraica, significa responsável pela descendência. Dito e feito: sua filha Maria Eugênia Boaventura, professora da Universidade de Campinas (Unicamp), São Paulo, organizou texto, pesquisa, seleção e notas, dando origem à obra Poesia (ALVES, 1990) nossa fonte de pesquisa sobre a produção poética de Eurico Alves.

EURICO ALVES E MANUEL BANDEIRA: POESIA EPISTOLAR

A exemplo de todos quanto se envolvem, intelectual, afetiva e emocionalmente, com a poesia de Eurico, adotaremos também o costume de fazer referência primeira aos poemas epistolares de/entre Eurico (“Elegia para Manuel Bandeira”) e Manoel Bandeira (“Escusa”). E, no caso particular do nosso artigo, esta prioridade não é somente uma força de hábito; é um imperativo.
Eurico:

ELEGIA PARA MANUEL BANDEIRA

Estou tão longe da terra e tão perto do céu,
quando venho de subir esta serra tão alta ...

Serra de São José das Itapororocas,
Afogada no céu, quando a noite se despe
E crucificada ao sol se o dia gargalha.
Estou no recanto da terra onde as mãos de mil virgens
tecem céus de corolas para o meu acalanto.
Perdí completamente a melancolia da cidade
e não tenho tristeza nos olhos
e espalho vibrações da minha força na paisagem.

Os bois escavam o chão para sentir o aroma da terra,
e é como se arranhassem um seio verde, moreno.

Manuel Bandeira, a subida da serra é um plágio da vida.
Poeta, me dê esta mão tão magra acostumada a bater nas teclas
da desumanizada máquina fria
e venha ver a vida da paisagem
onde o sol faz cócegas nos pulmões que passam
e enche a alma de gritos da madrugada.
Não desprezo os montes escalvados

tal o meu romântico homônimo de Guerra Junqueiro.
Bebo leite aromático do candeial em flor
e sorvo a volúpia da manhã na cavalgada.
Visto os couros do vaqueiro
E na corrida do cavalo sinto o chão pequeno para a galopada.

Aqui se come carne cheia de sangue, cheirando a sol.

Que poeta nada! Sou vaqueiro.
Manuel Bandeira, todo tabaréu traz a manhã nascendo nos olhos
e sabe de um grito atemorizar o sol.

Feira de Santana! Alegria!

***

Alegria nas estradas, que são convites para a vida na vaquejada,
alegria nos currais de cheiro sadio,
alegria masculina das vaquejadas, que levam para a vida
e arrastam também para a morte!

Alegria de ser bruto e ter terra nas mãos selvagens!

Que lindo poema cor de mel esta alvorada!

A manhã veio deitar-se sobre o sempre verde.

Manuel Bandeira, dê um pulo a Feira de Santana
e venha comer pirão de leite com carne assada de volta do curral
e venha sentir o perfume de eternidade que há nestas casas de fazenda,
nestes solares que os séculos escondem nos cabelos desnastrados das noites eternas
venha ver como o céu aqui é céu de verdade
e o tabaréu até se parece com Nosso Senhor.

A beleza deste tão reverenciado poema, urbe et orbe, impõe que ele seja citado na íntegra. Noblesse Oblige. Eurico o leu para o poeta José Luiz de Carvalho Filho que lhe disse: “Uma das melhores coisas que você já fez”. Eurico: “Não creio. Palavras ocas, ouvidos moucos.”. Carvalho Pinto arrebatou-lhe a cópia do poema das mãos e a enviou a Manuel Bandeira, no Rio de Janeiro. Eurico não gostou muito da atitude do amigo e asseverou: “Podia parecer cabotinismo” (carta de Eurico a Aline Olivais, datada possivelmente de 1931, em Alves, 1990, p. 65).

A resposta à missiva poética de Manuel Bandeira:

ESCUSA

Eurico Alves, poeta baiano.
Salpicado de orvalho, leite cru e tenro cocô de cabrito,
Sinto muito,mas não posso ir a Feira de Sant’Ana.

Sou poeta da cidade.
Meus pulmões viraram máquinas inumanas e aprenderam a respirar
o gás carbônico das salas de cinema.
Como o pão que o diabo amassou.
Bebo leite de lata.
Falo com A., que é ladrão.
Aperto a mão de B., que é assassino.
Há anos que não vejo romper o sol, que não lavo os olhos nas cores
das madrugadas.
Eurico Alves, poeta baiano,
Não sou mais digno de respirar o ar puro dos currais da roça.

O poema de Eurico transpira sensualismo e, também, indicadores de saúde/ qualidade de vida melhores do que aqueles denunciados pelo texto de Manuel Bandeira. No Rio de Janeiro, cinéfilos lotavam e poluíam o interior abafado das quatro paredes dos cinemas (sem a circulação de ar e o conforto térmico de hoje evidentemente) com a exalação de gás carbônico proveniente da expiração.

Em Feira de Santana, o ar puro de uma serra sem paredes e de um céu sem limites. No Rio já nas primeiras décadas do século passado, a crítica de Bandeira aos alimentos industrializados (“Bebo leite de lata”), às condições desconfortáveis do viver urbano carioca de então (“Como o pão que o diabo amassou”) e ao sedentarismo (“Há anos que não vejo romper o sol, que não lavo os olhos nas cores da madrugada”). Por contraste, na Feira de Santana de inícios do século XX o ar puro, a simplicidade do estilo de vida urbana – ainda salpicado de ruralidades.

Na linguagem escrita (poemas, cartas, na Web, e mail ...), na instância virtual ou na oralidade a céu aberto, o diálogo entre duas pessoas parece estar marcado pela lógica matemática da teoria dos conjuntos. Por ser in-divíduo (não divisível, portanto), cada pessoa significa um conjunto diferente do outro. Mas quando os dois conjuntos estão interagindo se delineia um espaço de intersecção que é exatamente onde estão os elementos comuns aos dois diferentes conjuntos em meio aos seus exclusivos elementos. Assim, o não dito de Eurico está no dito de Bandeira – nos dizeres específicos de cada poeta – e vice-versa. Oscar Wilde tem razão: “Não existem perguntas indiscretas, existem respostas indiscretas”. Por outro lado, oculto sob a sombra da solaridade do explícito e do explicitado, o não dito de Eurico sobre o Rio de Janeiro está presente no dito de Bandeira sobre esta cidade. O não dito de Bandeira sobre Feira de Santana está presente no dito de Eurico sobre Feira.

Não há resposta descompromissada com a pergunta, nem pergunta descompromissada com a resposta; mesmo quando existe silêncio numa parte ou mesmo nas duas das partes do evento dialógico.

A RUA, EURICO ALVES E JOÃO DO RIO

Há outros poemas apologéticos da natureza, cidade e campo de Feira de Santana, brotados de Eurico Alves, sobre os quais podemos refletir – como por exemplo A alma da rua (dedicada a Clóvis da Silveira Lima) e Poema leve da Rua Barão de Cotegipe.

Mais próximo do cidadão do que o município (mesmo com o processo de municipalização da Saúde) está a rua. A rua é um elemento formados do território em Saúde Pública, da área de abrangência do Programa de Agentes Comunitários de Saúde PACS/Ministério da Saúde - Brasil)e da comunidade de atuação do Programa de Saúde da Família (PSF/Ministério da Saúde - Brasil). A rua não deve apenas ser alvo de práticas preventivas de combates a epidemias (a exemplo da atual, março de 2009, epidemia de Dengue); ela deveria funcionar como um importante fragmento dos Sistemas Locais de Saúde (SILOS/Ministério da Saúde – Brasil). As ruas têm alma. E para não dizer que não falamos de poesia, vale arriscar um diálogo entre Eurico Alves e outro poeta: João do Rio, carioca, em seu livro “A alma encantadora das ruas”.

EURICO ALVES:

As ruas vivem ... as ruas choram ... as ruas têm alma ...
As ruas choram com saudades do dia as lágrimas pálidas dos fracos lampeões acesos.
As ruas riem pela gargalhada gostosa da claridade do sol.
Têm alma estas solitárias ruas, uma alma vagabunda,
Boêmia, ébria do vinho claro que cascateia da lua ... (Eurico Alves - “A alma da rua”)

JOÃO DO RIO:

Ora, a rua é mais do que isso, a rua é um fator da vida das cidades, a rua tem alma! Em Benares ou em Amsterdão, em Londres ou Buenos Aires, sob os céus mais diversos, nos mais variados climas, a rua é a agasalhadora da miséria. Os desgraçados não se sentem de todo sem o auxílio dos deuses enquanto diante dos seus olhos uma rua abre para outra rua. A rua é o aplauso dos medíocres, dos infelizes, dos miseráveis da arte.

EURICO ALVES: 

É uma alma sem gozo, triste, triste como um soluço da mata
E perdida no ar, à-toa, no ar sem vida daquela viela estreita ...
Um quiosque, ao longe, silencioso, feio,
Pisca olhos de bêbados, tem olhares nervosos de agonia.
E aquele importuno automóvel vem macular
O silêncio triste da alma triste da rua ...
A rua tem uma alma vagabunda, pálida e boêmia ... (Eurico Alves - “A alma da rua”)

JOÃO DO RIO - A rua! Que é a rua? Um cançonetista de Montmartre fá-la dizer:

Je suís la rue, femme êternellement verte,
Je n’ai jamais trouvé d’autre carrière ouverte
Sinon d’être la rue, et, de tout temps, depuis
Que ce pénible monde est monde, je la suis...

(Eu sou a rua, mulher eternamente verde / jamais encontrei outra carreira aberta / senão a de ser a rua e, por todo o tempo; desde / que este penoso mundo é mundo, eu a sou...)

EURICO ALVES:

A rua larga é assim
Feito a gargalhada enloirecida da tarde.
Há meninos ricos tentando
Estragar o céu com pequenas bolas de borracha
Meninas ricas também,
Que lêem revistas
Em cadeiras de vime na calçada.
A tarde está vendo tudo, tudo,
E sorrindo ... (Eurico Alves – “Poema alegre da Rua Barão de Cotegipe”)

Sensualistas, Eurico Alves na ruas da Feira de Santana de seu tempo e João do Rio nas ruas do Rio de Janeiro de seu tempo, caminham como que flutuassem entre as levezas do cotidiano.

Disponibilizando todos os sentidos para estas ruas, eles encontram em alguma praça, o sensualismo de Michel de Certeau. (CERTEAU, 1990a, 1990b) e o sensualismo “pensar é estar doente dos olhos” de Fernando Pessoa na pessoa de Alberto Caeiro. (PESSOA, 1993)

OUTRAS PALAVRAS E OUTROS EURICOS: GEORGINA ERISMANN

Via de regra, hinos de países e de muitas cidades, em todo o Mundo, têm conotações marciais.Exibem imodestas autorreferências de energia, força, coragem, disposição viril para a luta, para a guerra enfim: “Verás que um filho teu não foge à luta” (Hino Nacional do Brasil).. “Aux armes citoyens / Formez vos bataillons” (“La Marseillaise” – Hino Nacional da França)

O hino da cidade/município de Feira de Santana é uma das exceções:

Salve ó terra formosa e bendita
Paraíso com o nome de Feira
Toda cheia de graça infinita
És do norte a princesa altaneira
Bem nascida entre verdes colinas
Sob o encanto de um céu azulado
Ao estranho tu sempre dominas
Com o poder do teu clima sagrado
Sorridente como uma criança
Descuidosa da sua beleza
Do futuro és a linda esperança
Terra moça de sã natureza
Poetisa do branco luar
Pelas noites vazias de agosto
Fiandeira que vive a fiar
A toalha de luz de sol posto
De Santana és a filha querida
Noite e dia por ela velada
E o teu povo tão cheio de vida
Só trabalha por ver-te elevada

Este hino (letra e música) foi composto, em 1928, pela feirense Georgina de Mello Lima Erismann (27/01/1893 – 23/02/1940), musicista que dava aulas de de piano na Rua Conselheiro Franco – na época Rua Direita, ou melhor, Rua Direta. Direta pois ligava diretamente a Praça da Matriz à Praça Bernardino Bahia, as duas mais frequentadas praças e respectivos coretos.. Era o que chamamos hoje de “corredor cultural” de Feira de Santana, onde aconteciam espetáculos teatrais e musicais, desfiles carnavalescos depois micaretescos, de filarmônicas e de festas religiosas católicas (sermões, procissões, atos da Semana Santa).

OUTRAS PALAVRAS E OUTROS EURICOS: DR. JOAQUIM REMÉDIOS MONTEIRO

A altitude de Feira de Santana e a crença em sua “sã natureza” colocaram Feira de Santana até as primeiras décadas do século XX numa posição privilegiada e concorrida para todos quantos necessitavam de ar puro, de regiões elevadas e de bons miasmas para curar seus males de saúde – conforme a teoria epidemiológica miasmática então hegemônica. Para Feira de Santana correu o médico Joaquim Remédios Monteiro - o Dr. Remédios - ,na busca da saúde e da cura para a tuberculose de que sofria – cura atribuída ao ar, a altitude e o clima da Feira de Santana de então.
Dr. Remédios – nome de logradouro em Feira de Santana – formou-se em Medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro, em 1851, estudou em Paris (1855), retornou ao Rio de Janeiro (1858). Viajou a Desterro em Santa Catarina, na busca de cura para a tuberculose, mas não foi bem sucedido – a julgar pelo desalento de suas palavras no seu livro (manuscrito) intitulado ”Memórias” (SILVA, 2000, p. 114)):

Em maio de 1863 partí de Santa Catarina na persuasão de que a deixava para sempre e de que pouco tempo me restava de vida. Desde então ocorre-me freqüentemente a idéia de morte. Este pensamento gera no meu espírito um aniquietamento (sic) total que rouba-me toda alegria, me abate toda energia física e moral. Nem a confiança na misericórdia divina, nem a recompensa do bem que tenho praticado diminui a intensidade dessa idéia. Apavora-me a eternidade e a idéia da morte acompanha-me como a sombra segue o corpo.

Uma franca situação de desespero se abate sobre o Dr. Remédios até que, em 1877, a conselho do Dr. Antonio José Pedreira de Araújo, se muda para Feira de Santana, onde fixa residência, insere-se rápida e confortavelmente nas elites locais, adquire alto prestígio e ocupa a presidência da Câmara de Vereadores de 1887 a 1890. Em 4 de agosto de 1884, Dr. Remédios escreve e publica artigo, na Gazeta Médica da Bahia, com o título “A Feira de Sant’Anna como “Sanatorium” da Tuberculose Pulmonar”. Neste artigo, as palavras do Dr. Remédios são bem mais animadoras que as do texto em que se despede de Santa Catarina:

A cidade da Feira de Sant’Anna dista 22 léguas da cidade da Bahia. Acha-se colocada num planalto de muitas léguas de extensão.  As ruas são em geral largas. De dez anos para cá tem se construído muitos prédios novos. A temperatura mínima é de 17° cent. No inverno e a máxima no verão de 30º.
Com estas duas temperaturas extremas pode-se bem considerar a Feira de Sant’Anna apropriada a uma residência fixa de verão e de inverno.

O solo é extremamente duro e seco, de sorte que para se obter água é necessário cavar poços de 15 metros de profundidade. No inverno predominam os ventos do quadrante sul e no verão os do norte, ambos sem impetuosidade. A atmosfera é pura e agradável e por vezes sentir-se-á embalsamada pelas emanações aromáticas do alecrim silvestre que viceja nos terrenos incultos das circunvizinhanças.

Nos meses de setembro, outubro e novembro há dias frescos, bonitos, agradabilíssimos e esplendidos.
A Feira de Sant’Anna é uma estação sanitária encantadora, alegre como o sol que a doura.
Junte-se a isto a facilidade de comunicação com a capital e a vantagem de gozar de uma vida confortável, de uma alimentação rica, de muito bom leite e excelente carne.

Já em um dos meus escritos denominei-a – Petrópolis da Bahia.

As mulheres, os homens, as crianças enervadas, definhadas pela malária urbana da capital, sem molestais caracterizadas, vigoram-se neste clima, aliás pouco conhecido e ainda não estudado por homens profissionais. Já se faz sentir a necessidade de um estudo a respeito da Feira, onde tardiamente os doentes vem procurar o restabelecimento, um estudo em que se atenda ás suas condições térmicas, hygrometricas, anemológicas, altitude, etc. (citado por SILVA, 2000, p. 133).
Vasos comunicantes, os poemas “Elegia para Manuel Bandeira”, de Eurico Alves, “Escusa”, de Manuel Bandeira, o Hino a Feira de Santana de autoria de Georgina Erismann (“Com o poder do teu clima sagrado” e “Terra moça de sã natureza”) e o artigo “A Feira de Sant’Anna como “Sanatorium” da Tuberculose Pulmonar”, do Dr. Remédios fazem exaltação às belezas naturais, ao clima e à saúde com qualidade de vida de Feira de Santana; são vasos comunicantes da Saúde/Qualidade de Vida, sim. Quem os reler verá.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

“O poeta não, sou vaqueiro” Eurico Alves Boaventura sem o saber, e sem o saber das teorias e das políticas contemporâneas da Saúde Pública, foi um importante sanitarista ao profetizar poetizando o conceito de Saúde como Qualidade de Vida. E sem o saber, e sem o saber do urbanismo contemporâneo foi um urbanista apaixonado. E sem o saber, e sem o saber dos ecologistas e ambientalistas contemporâneos foi um teórico e um militante da Ecologista e do Ambientalismo.
Imaginamos que Eurico Alves, aos cem anos de idade, gostaria de se saber possuidor de tantos saberes proféticos, mesmo que na sua Feira de Santana de hoje (2009 seu centenário) muito do que seus versos atestam como Saúde/Qualidade de Vida estivessem (como estão) “soterrados” nos aterros das lagoas e nascentes, no holocausto da feira livre que acaba de completar 32 anos, no asfaltamento, verticalização e crescimento desordenados, na miséria, nas epidemias e endemais sem controle, na violência contra gentes e coisas, no aniquilamento de seu patrimônio material e imaterial e nos diversos tipos de poluição: do ar, sonora, visual .... 

Sem saudosismos, “sem mania de passado, sem querer ficar do lado de quem não quer navegar ...” – como nos socorre Paulinho da Viola (“Argumento”, 1975) - vale indagar sobre o que foi feito da/na Rua Barão de Cotegipe?. Imaginamos, ainda, que Eurico gostaria de se saber possuidor de tantos saberes proféticos sim, porque seus versos continuam sendo lições e fontes luxuosas de inspiração de como, por exemplo, o Programa Cidades Saudáveis, (Ministério da Saúde – Brasil) deve sonhar, pensar e fazer, em todo o Brasil, cidades saudáveis 

- Teria Eurico buscado no Hino de Georgina Erismann e nos escritos do Dr. Monteiro a inspiração para seus poemas sanitaristas, urbanistas, ecologistas, ambientalistas?

- Há certas perguntas, cuja melhor resposta é não dar resposta. Afinal, aprendemos desde crianças, de nossos pais e de nossos avós, que “as melhores respostas são as que não se dão”.
Mas, não vamos deixar o leitor, a leitora atônito(a) em meio à insensatez e à insalubridade desse insólito diálogo, e posto que, wildeanamente falando, não existe pergunta indiscreta e sim resposta indiscreta. Talvez pudéssemos consolá-lo principalmente se estiver capturado pela avidez de conhecer as origens das coisas, dizendo-lhe que - talvez quem sabe(?) - não bastasse a sua Feira de Santana, Eurico Alves teria buscado inspiração na inutilidade da poesia, ou seja, “na filosofia, na contemplação .das nuvens – e alguma coisa pouca mais.” - como assim bem respondeu Antonio Brasileiro, outro poeta feirense, à pergunta de um jornalista sobre a inutilidade da poesia. (DIAS, 2009)

Feira de Santana tem como orago e padroeira Santana que, segundo a hagiologia católica, mãe de Maria e avó de Jesus Cristo. Daí que, por força dessa mesma hagiologia, Santana é considerada a padroeira das avós. Dia 26 de julho, Dia de Santana é, também, Dia das Avós. Portanto, temos vivido numa cidade tanto protegida quando inspiradora de ancestralidades. Como diziam os romanos de ontem, quod abundant non noscet e os profissionais de Direito de hoje, o que abunda não vicia, apesar de tanta proteção, mesmo assim, sedento da então sorridente Feira de Santana, o juiz e poeta

Eurico Alves Boaventura não se satisfez. Beatificou e santificou Feira de Santana através de seus versos. Agindo assim, Eurico acomodou todo um Vaticano em seu espírito. O Vaticano para consagrar/canonizar alguém ser humano como santo, é necessário que o(a) candidato(a) à santidade tenha praticado ou esteja envolvido, comprovadamente, em algum milagre que tenha sido responsabilizado pela cura de alguém; ou que, com o mesmo rigor de comprovação, o(a) aspirante à santidade tenha suportado, graças à fé em Deus e a inúmeros sacrifícios (sacro-ofícios) o sofrimento físico e psíquico que algtuma doença lhe impôs. Desta ou de qualquer outra forma, santidade tema ver com sanidade – não apenas no idoma francês: saúde, sanidade = santé; santidade = santeté.
Sem galicismos e com muitos sertanismos, ao consagrar muitos de seus versos à sanidade, à saúde – diríamos hoje ambiental, qualidade de vida – Eurico Alves canoniza Feira de Santana, cidade já tão abundante da proteção de Santa Ana, em santidade. Vida longa, pois, a Eurico Alves para que ele possa continuar cuidando, zelo, ciúme e cio, de seus descendentes que todos somos.

REFERÊNCIAS

ALVES, Eurico. Poesia. Salvador: Fundação das Artes/Empresa Gráfica da Bahia, 1990, 226p.(Pesquisa de Maria Eugênia Boaventura)

BRASILEIRO, Antonio. Da inutilidade da poesia. Salvador, EDUFBa, 2002.

CARVALHO FILHO, José Luiz de, Notícia sobre Eurico Alves. Poesia/Eurico Alves. Salvador, Fundação das Artes/Empresa Gráfica da Bahia, 1990, 226 p. (Pesquisa de Maria Eugenia Boaventura).

CERTEAU, Michel de. L’invention du quotidien. T I: arts de faire. Paris, Gallimard, 1990a
_____________ . L’invention du quotidien. T II: habiter, cusiner. Paris, Gallimard, 1990b.

DIAS, Marcos. . Poesia de toda forma. Entrevista com Antonio Brasileiro. A Tarde, Salvador, 8 de março de 2009, (Caderno Muito, p. 40))

DO RIO, João. A alma encantada das ruas. Brasília (DF), Ministério da Cultura/Fundação Biblioteca Nacional/Departamento Nacional do Livro.

OLIVIERI, Rita. Para ler Eurico Alves Boaventura. Sitientibus. Feira de Santana, Ba, Universidade Estadual de Feira de Santana, 4(7): 35-47, 1987.

OLIVIERI-GODET, Rita (Org). Eurico Alves: imagens do campo e da cidade. Salvador: Secretaria de Cultura e Turismo. Fundação Cultural, EGBA, 1999, 220 p.

PESSOA, Fernando. O guardador de rebanhos, seguido de O Pastor Amoroso. SãoPaulo, Princípio, 1993.

SILVA, Aldo José Morais. Terra de Sã Natureza – a construção do ideal de cidade saudável em Feira de Santana. 1833-1920. (monografia de Especialização em História da Bahia). Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana, 1997.
____________. Natureza sã, civilidade e comércio em Feira de Santana: elementos para o estudo da construção de identidade social no interior da Bahia (1833-1927). (dissertação de Mestrado em História), Salvador, Universidade Federal da Bahia, 2000.

SOARES, Valter Guimarães. Outros sertões: a Bahia de Eurico Alves. Sitientibus. Feira de Santana, Ba, Universidade Estadual de Feira de Santana, /jun. 2001

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

CANTAREIRA S PAULO HOJE 10,8%




  1. CANTAREIRA S PAULO HOJE 10,8%

POESIA DE MULHERES NO DIA DA MULHER www.amopoesia.com.br

A Magia da Poesia: Poesia de mulheres no dia da mulher

Link to A Magia da Poesia  

Posted: 24 Feb 2015 05:10 AM PST
>> Camisetas para quem ama poesia: www.amopoesia.com.br

Poesia de mulheres no dia da mulher (poetisas brasileiras e estrangeiras)
Seguimos a sugestão de duas leitoras, com esta homenagem ao dia internacional da mulher em 8 de março. Todo carinho para as mulheres que conquistaram tão arduamente - e por elas mesmas – seu espaço através da história em todas as áreas, inclusive na poesia:
Adélia-Prado
Adélia Prado