DITOS POPULARES E SEUS SIGNIFICADOS
Luís da Câmara Cascudo
Muitas vezes usamos certas expressões, mas não temos ideia do que elas significam.
São ditados ou termos
populares que através dos anos permaneceram sempre iguais, significando
exemplos morais, filosóficos e religiosos.
Tanto os provérbios quanto os
ditados populares constituem uma parte importante de cada cultura.
Historiadores e escritores
sempre tentaram descobrir a origem dessa riqueza cultural, mas essa tarefa
nunca foi nada fácil.
O grande escritor Luís da
Câmara Cascudo já dizia que: “os ditados populares sempre estiveram presentes
ao longo de toda a História da humanidade”. No Brasil isso não é nenhuma
novidade. Muitas vezes ocorrem expressões tão estranhas e sem sentido, mas que
são muito importantes para a nossa cultura popular.
Veja aqui algumas dessas
expressões ou ditados populares:
Bicho-de-sete-cabeças
Tem origem na mitologia
grega, mais precisamente na lenda da Hidra de Lerna, monstro de sete cabeças
que, ao serem cortadas, renasciam. Matar este animal foi uma das doze proezas
realizadas por Hércules. A expressão ficou popularmente conhecida, no entanto,
por representar a atitude exagerada de alguém que, diante de uma dificuldade,
coloca limites à realização da tarefa, até mesmo por falta de disposição para
enfrentá-la.
Com o rei na barriga
A expressão provém do tempo
da monarquia em que as rainhas, quando grávidas do soberano, passavam a ser
tratadas com deferência especial, pois iriam aumentar a prole real e, por
vezes, dar herdeiros ao trono, mesmo quando bastardos. Em nossos dias refere-se
a uma pessoa que dá muita importância a si mesma.
Ver (ou adivinhar) passarinho
verde (MAS PODE SER AZUL, AMARELO, VERMELHO, ROXO E POR AÍ VAI!)
Significa estar apaixonado. O
passarinho em questão é uma espécie de periquito verde. Conta uma lenda que
alguns românticos rapazes do século passado adestravam o bichinho para que ele
levasse no bico uma carta de amor para a namorada. Assim, o casal de
apaixonados tinha grandes chances de burlar a vigilância de um paizão ranzinza.
Com a corda toda
Antigamente, os brinquedos
que possuíam movimento eram acionados torcendo um mecanismo em forma de mola ou
um elástico, que ao ser distendido, fazia o brinquedo se mexer. Ambos os
mecanismos eram chamados de “corda”. Logo, quando se dava “corda” totalmente
num brinquedo, ele movia-se de forma mais agitada e frenética. Daí a origem da
expressão.
Favas contadas
De acordo com Câmara Cascudo,
antigamente, votavam-se com as favas brancas e pretas, significando sim ou não.
Cada votante colocava o voto, ou seja, a fava, na urna. Depois vinha a apuração
pela contagem dos grãos, sendo que quem tivesse o maior número de favas brancas
estaria eleito. Atualmente, significa coisa certa, negócio seguro.
Fazer ouvidos de mercador
Orlando Neves, autor do
Dicionário das Origens das Frases Feitas, diz que a palavra mercador é uma
corruptela de marcador, nome que se dava ao carrasco que marcava os ladrões com
ferro em brasa, indiferente aos seus gritos de dor. No caso, fazer ouvidos de
mercador é uma alusão a atitude desse algoz, sempre surdo às súplicas de suas
vítimas.
Tapar o sol com a peneira
Peneira é um instrumento
circular de madeira com o fundo em trama de metal, seda ou crina, por onde
passa a farinha ou outra substância moída. Qualquer tentativa de tapar o sol
com a peneira é inglória, uma vez que o objecto é permeável à luz. A expressão
teria nascido dessa constatação, significando atualmente um esforço mal
sucedido para ocultar uma asneira ou negar uma evidência.
O pomo da discórdia
A lendária Guerra
de Troia começou numa festa dos deuses do Olimpo: Éris, a deusa da
Discórdia, que naturalmente não tinha sido convidada, resolveu acabar com a
alegria reinante e lançou por sobre o muro uma linda maçã, toda de ouro, com a
inscrição “à mais bela”.
Como as três deusas mais
poderosas: Hera, Afrodite e Atena disputavam o troféu, Zeus passou a espinhosa
função de julgar para Páris, filho do rei de Troia O príncipe
concedeu o título a Afrodite em troca do amor de Helena, casada com o rei de
Esparta.
A rainha fugiu com Páris para
Tróia, os gregos marcharam contra os troianos e a famosa maçã passou a ser
conhecida como “o pomo da discórdia” – que hoje indica qualquer coisa que leve
as pessoas a brigar entre si.
Afogar o ganso
No passado, os chineses
costumavam satisfazer as suas necessidades sexuais com gansos. Pouco antes de
ejacularem, os homens afundavam a cabeça da ave na água, para poderem sentir os
espasmos anais da vítima. Daí a origem da expressão, que se refere a um homem
que está precisando fazer sexo.
Ave de mau agouro
Diz-se de pessoa portadora de
más notícias ou que, com a sua presença, anuncia desgraças. O conhecimento do
futuro é uma das preocupações inerentes ao ser humano. Quase tudo servia para,
de maneiras diversas, se tentar obter esse conhecimento. As aves eram um dos
recursos que se utilizava. Na antiga Roma, a predição dos bons ou maus
acontecimentos (Avis spicium, em Latim) era feita através da leitura do vôo ou
canto das aves. Os pássaros mais usado para isso eram a águia, a coruja, o
corvo e a gralha. Ainda hoje perdura, popularmente, a conotação funesta com
qualquer destas aves.
Santa do pau oco
Expressão que se refere à
pessoa que se faz de boazinha, mas não é. Nos século XVIII e XIX os
contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras preciosas utilizavam estátuas de
santos ocas por dentro. O santo era “recheado” com preciosidades roubadas e
enviado para Portugal.
Mais vale um pássaro na mão
que dois voando
Significa que é melhor ter
pouco que ambicionar muito e perder tudo. É
tradição de antigos
caçadores. Eles achavam melhor apanhar logo a ave que tinham atingido de
raspão, antes que ela fugisse, do que tentar atirar nas que estavam voando e
errar o alvo.
Apressado come cru
Quando não existia o forno
microondas, era preciso muito tempo para a comida ficar pronta, ou então
comê-la crua. Nessa época, a culinária japonesa ainda não estava na moda e
comida crua era vista com maus olhos. Assim, a expressão passou a ser usada
para significar afobamento, precipitação.
Chorar as pitangas
Pitangas são deliciosas frutinhas
cultivadas e apreciadas em todo o país, especialmente nas regiões norte e
nordeste do país. A palavra deriva de pyrang, que, em tupi-guarani, significa
vermelho. Sendo assim, a provável relação da fruta com lágrimas, vem do fato de
os olhos ficarem vermelhos, parecendo duas pitangas, quando se chora muito.
Farinha do mesmo saco
“Homines sunt ejusdem
farinae” esta frase em latim (homens da mesma farinha) é a origem dessa
expressão, utilizada para generalizar um comportamento reprovável. Como a
farinha boa é posta em sacos diferentes da farinha ruim, faz-se essa comparação
para insinuar que os bons andam com os bons enquanto os maus preferem os maus.
Aquela que matou o guarda
Tratava-se de uma mulher que
trabalhava para D. João VI e se chamava Canjebrina, que, como informam os
dicionários, significa pinga, cachaça. Ela teria matado um dos principais
guardas da corte do Rei. O fato não foi provado. Mas está no livro
“Inconfidências da Real Família no Brasil”, de Alberto Campos de Moraes.
Sangria desatada
Diz-se de qualquer coisa que
requer uma solução ou realização imediata. Esta expressão teve origem nas
guerras, onde se verificava a necessidade de cuidados especiais com os soldados
feridos. É que, se por qualquer motivo, se desprendesse a atadura posta sobre
as feridas, o soldado morreria, por perder muito sangue.
Colocar panos quentes
Significa favorecer ou
acobertar coisa errada feita por outro. Em termos terapêuticos, colocar panos
quentes é uma receita, embora paliativa, prescrita pela medicina popular desde
tempos remotos. Recomenda-se sobretudo nos estados febris, pois a temperatura
muito elevada pode levar a convulsões e a problemas daí decorrentes. Nesses
casos, compressas de panos encharcados com água quente são um santo remédio. A
sudorese resultante faz baixar a febre.
Cor de burro quando foge
A frase original era “Corra
do burro quando ele foge”. Tem sentido porque, o burro enraivecido, é muito
perigoso. A tradição oral foi modificando a frase e “corra” acabou virando
“cor”.
Pagar o pato
A expressão deriva de um
antigo jogo praticado em Portugal. Amarrava-se um pato a um poste e o jogador
(em um cavalo) deveria passar rapidamente e arrancá-lo de uma só vez do poste.
Quem perdia era que pagava pelo animal sacrificado. Sendo assim, passou-se a
empregar a expressão para representar situações onde se paga por algo sem ter
qualquer benefício em troca.
De pequenino é que se torce o
pepino
Os agricultores que cultivam
os pepinos precisam de dar a melhor forma a estas plantas. Retiram uns
“olhinhos” para que os pepinos se desenvolvam. Se não for feita esta pequena
poda, os pepinos não crescem da melhor maneira porque criam uma rama sem valor
e adquirem um gosto desagradável. Assim como é necessário dar a melhor forma
aos pepinos, também é preciso moldar o caráter das crianças o mais cedo
possível.
Salvo pelo gongo
O ditado tem origem na na
Inglaterra. Lá, antigamente, não havia espaço para enterrar todos os mortos.
Então, os caixões eram abertos, os ossos tirados e encaminhados para o ossário
e o túmulo era utilizado para outro infeliz.Só que, às vezes, ao abrir os
caixões,os coveiros percebiam que havia arranhões nas tampas, do lado de
dentro, o que indicava que aquele morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo
(catalepsia – muito comum na época).
Assim, surgiu a idéia de, ao
fechar os caixões, amarrar uma tira no pulso do defunto, tira essa que passava
por um buraco no caixão e ficava amarrada num sino. Após o enterro, alguém
ficava de plantão ao lado do túmulo durante uns dias. Se o indivíduo acordasse,
o movimento do braço faria o sino tocar. Desse modo, ele seria salvo pelo
gongo. Atualmente, a expressão significa escapar de se meter numa encrenca
por uma fração de segundos.
Elefante branco
A expressão vem de um costume
do antigo reino de Sião, situado na atual Tailândia, que consistia no gesto do
rei de dar um elefante branco aos cortesões que caíam em desgraça. Sendo
um animal sagrado, não podia ser posto a trabalhar. Como presente do próprio
rei, não podia ser vendido. Matá-lo, então, nem pensar. Não podendo também
ser recusado, restava ao infeliz agraciado alimentá-lo, acomodá-lo e criá-lo com
luxo, sem nada obter de todos esses cuidados e despesas. Daí o ditado
significar algo que se tem ou que se construiu, mas que não serva para nada.
Comer com os olhos
Soberanos da África Ocidental
não consentiam testemunhas às suas refeições. Comiam sozinhos. Na Roma
Antiga, uma cerimônia religiosa fúnebre consistia num banquete oferecido aos
deuses em que ninguém tocava na comida. Apenas olhavam, “comendo com os olhos”. A
propósito, o pesquisador Câmara Cascudo diz que certos olhares absorvem a
substância vital dos alimentos. Hoje o ditado significa apreciar de longe, sem
tocar.
Amigo da onça
Segundo estudiosos da língua
portuguesa, este termo surgiu a partir de uma história curiosa. Conta-se
que um caçador mentiroso, ao ser surpreendido, sem armas, por uma onça, deu um
grito tão forte que o animal fugiu apavorado. Como quem o ouvia não acreditou,
dizendo que , se assim fosse, ele teria sido devorado, o caçador, indignado,
perguntou se, afinal, o interlpcutor era seu amigo ou amigo da onça.
Atualmente, o ditado significa amigo falso, hipócrita.
Estar com a corda no pescoço
O enforcamento foi, e ainda é
em alguns países, um meio de aplicação da pena de morte. A metáfora nasceu de
anistias ou comutações de pena chegadas à última hora, quando o condenado já
estava prestes a ser executado e o carrasco já lhe tinha posto a corda no
pescoço, situação que, de fato, é um sufoco. Hoje, o ditado significa
estar ameaçado, sob pressão ou com problemas financeiros.
Como sardinha em lata
A palavra sardinha vem do
latim sardina. Designa o peixe abundante na Sardenha, conhecida região da
Itália. É um alimento apreciado e nutritivo, de sabor bem peculiar. As
sardinhas, quando enlatadas em óleo ou em outro molho, vêm coladas umas às
outras. Por analogia, usa-se a expressão popular sardinha em lata para designar
a superlotação de veículos de transporte público.
O pior cego é o que não quer
ver
Em 1647, em Nimes, na França,
na universidade local, o doutor Vicent de Paul D’Argenrt fez o primeiro
transplante de córnea em um aldeão de nome Angel.
Foi um sucesso da medicina da
época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com
o mundo que via. Disse que o mundo que ele imagina era muito melhor. Pediu ao
cirurgião que arrancasse seus olhos.
O caso foi acabar no tribunal
de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o
cego que não quis ver. Atualmente, o ditado se refere a a alguém que se
nega a admitir um fato verdadeiro.
Andar à toa
Toa é a corda com que uma
embarcação remboca a outra. Um navio que está “à toa” é o que não tem leme nem
rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar. Uma mulher à toa, por
exemplo, é aquela que é comandada pelos outros. Jorge Ferreira de Vasconcelos
já escrevia, em 1619: Cuidou de levar à toa sua dama. Hoje, o ditado
significa andar sem destino, despreocupado, passando o tempo.
Casa de mãe Joana
Este dito popular tem origem
na Itália. Joana, rainha de Nápoles e condessa de Provença (1326-1382), liberou
os bordéis em Avignon, onde estava refugiada, e mandou escrever nos estatutos:
“Que tenha uma porta por onde todos entrarão”.
O lugar ficou conhecido como
Paço de Mãe Joana, em Portugal. Ao vir para o Brasil a expressão virou “Casa da
Mãe Joana”. A outra expressão envolvendo Mãe Joana, um tanto chula, tem a mesma
origem, naturalmente.
Onde judas perdeu as botas
Como todos sabem, depois de
trair Jesus e receber 30 dinheiros, Judas caiu em depressão e culpa, vindo a se
suicidar enforcando-se numa árvore.
Acontece que ele se matou sem
as botas. E os 30 dinheiros não foram encontrados com ele. Logo os soldados
partiram em busca as botas de Judas, onde, provavelmente, estaria o dinheiro.
A história é omissa daí pra
frente. Nunca saberemos se acharam ou não as botas e o dinheiro. Mas a
expressão atravessou vinte séculos. Atualmente, o ditado significa lugar
distante, inacessível.
Quem não tem cão caça com
gato
Se você não pode fazer algo
de uma maneira, se vira e faz de outra. Na verdade, a expressão, com o
passar dos anos, se adulterou. Inicialmente se dizia “quem não tem cão caça
como gato”, ou seja, se esgueirando, astutamente, traiçoeiramente, como fazem
os gatos.
De pá virada
Um sujeito da pá virada pode
tanto ser um aventureiro corajoso como um vadio.
A origem da palavra é em
relação ao instrumento, a pá. Quando ela está virada para baixo, é inútil não
serve para nada. Hoje em dia, “pá virada” tem outro sentido. Refere-se a uma
pessoa de maus instintos e criadora de casos ou a um aventureiro.
Deixar de Nhenhenhém
Conversa interminável em tom
de lamúria, irritante, monótona. Resmungo, rezinga.
Nheë, em tupi, quer dizer
falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, eles não entendiam aquela
falação estranha e diziam que os portugueses ficavam a dizer “nhen-nhen-nhen”.
Estar de paquete
Situação das mulheres quando
estão menstruadas. Paquete, já nos ensina o Aurélio, é um das denominações
de navio. A partir de 1810, chegava um paquete mensalmente, no mesmo dia, no
Rio de Janeiro. E a bandeira vermelha da Inglaterra tremulava. Daí logo se
vulgarizou a expressão sobre o ciclo menstrual das mulheres. Foi até escrita
uma “Convenção Sobre o Estabelecimento dos Paquetes”, referindo-se, é claro,
aos navios mensais.
Pensando na morte da bezerra
Estar distante, pensativo,
alheio a tudo.
Esta é bíblica. Como vocês
sabem, o bezerro era adorado pelos hebreus e sacrificados para Deus num altar.
Quando Absalão, por não ter mais bezerros, resolveu sacrificar uma bezerra, seu
filho menor, que tinha grande carinho pelo animal, se opôs. Em vão. A bezerra
foi oferecida aos céus e o garoto passou o resto da vida sentado do lado do
altar “pensando na morte da bezerra”. Consta que meses depois veio a falecer.
Não entender patavina
Não saber nada sobre
determinado assunto. Nada mesmo.
Tito Lívio, natural de
Patavium (hoje Pádova, na Itália), usava um latim horroroso, originário de sua
região. Nem todos entendiam. Daí surgiu o Patavinismo, que originariamente
significava não entender Tito Lívio, não entender patavina.
Jurar de pés junto
A expressão surgiu das
torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de heresias
tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado para confessar seus
crimes.
Emanuele Filiberto di Savoia
Testa de ferro
O Duque Emanuele Filiberto di
Savoia, conhecido como Testa di Ferro, foi rei de Chipre e Jerusalém. Mas tinha
somente o título e nenhum poder verdadeiro. Daí a expressão ser atribuída a
alguém que aparece como responsável por um por um negócio ou empresa sem que o
seja efetivamente.
Erro crasso
Na Roma antiga havia o
Triunvirato: o poder dos generais era dividido por três pessoas. No primeiro
destes Triunviratos, tínhamos: Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Este último foi
incumbido de atacar um pequeno povo chamado Partos. Confiante na vitória,
resolveu abandonar todas as formações e técnicas romanas e simplesmente atacar.
Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca visibilidade. Os
Partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos, sendo o general
que liderava as tropas um dos primeiros a cair. Desde então, sempre que
alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido, dizemos tratar-se de
um “erro crasso“.
Lágrimas de crocodilo
O crocodilo, quando ingere um
alimento, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas
lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima. Daí a expressão
significar choro fingido.
Fila indiana
Tem origem na forma de
caminhar dos índios americanos, que, desse modo, encobriam as pegadas dos que
iam na frente.
Passar a mão pela cabeça
Significa perdoar, e vem do
costume judaico de abençoar cristãos-novos, passando a mão pela cabeça e
descendo pela face, enquanto se pronuncia a bênção.
Gatos pingados
Esta expressão remonta a uma
tortura procedente do Japão que consistia em pingar óleo fervente em cima de
pessoas ou animais, especialmente gatos.
Existem várias narrativas
ambientais na Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de
óleo quente. Como o suplício tinha uma assistência reduzida, tal era a
crueldade, a expressão “gatos pingados” passou a significar pequena assistência
sem entusiasmo ou curiosidade para qualquer evento.
Queimar as pestanas
Antes do aparecimento da
eletricidade, recorria-se a uma lamparina ou uma vela para iluminação. A luz
era fraca e, por isso, era necessário colocá-las muito perto do texto quando se
pretendia ler o que podia dar num momento de descuido queimar as pestanas. Por
essa razão, aplica-se àqueles que estudam muito.
Sem papas na língua
Significa ser franco, dizer o
que sabe, sem rodeios. A expressão vem da frase castelhana “no tener
pepitas em la lengua”. Pepitas, diminutivo de papas, são partículas que surgem
na língua de algumas galinhas, é uma espécie de tumor que lhes obstrui o
cacarejo. Quando não há pepitas (papas), a língua fica livre.
A toque de caixa
A caixa é o corpo oco do
tambor que foi levado para a a Europa pelos árabes. Como os exercícios
militares eram acompanhados pelo som de tambores, dizia-se que os soldados
marchavam a toque de caixa. Atualmente, refere-se a uma tarefa que se tem
de fazer rapidamente, eventualmente a mando de alguém ou mesmo à força.
Maria vai com as outras
Dona Maria I, mãe de D. João
VI (avó de D. Pedro I e bisavó de D. Pedro II), enlouqueceu de um dia para o
outro . Declarada incapaz de governar, foi afastada do trono. Passou a
viver recolhida e só era vista quando saía para caminhar a pé, escoltada por
numerosas damas de companhia. Quando o povo via a rainha levada pelas damas
nesse cortejo, costumava comentar: “Lá vai D. Maria com as
outras”. Atualmente aplica-se a expressão a uma pessoa que não tem opinião
e se deixa convencer com a maior facilidade.
Fonte: CASCUDO, Luís da
Câmara. Locuções Tradicionais no Brasil. São Paulo, Editora Global/2008.
Fonte internet – http://saibahistoria.blogspot.com.br/2010/07/blog-post.html
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