domingo, 16 de fevereiro de 2014

TEMPOESIA ... DOIS POEMAS SOBRE PARIS

TEMPOESIA  NAS CIDADES  

      POSTAGENS 

DE POESIAS QUE EXIBAM  

ALGUM  DESTAQUE À  CIDADE

20
NOV 08

Gedeão, célebre poeta português, autor de poemas como Pedra Filosofal ou Lágrima de Preta
O segundo é de Uberto Stabile, poeta e editor espanhol, natural de Valência, director da cultura do ayuntamiento de Punta Umbría (Huelva). Em Portugal, a livrododia  editora lançou uma antologia do autor com o título Só Mais uma Vez,
 livro que integra a colecção Palavra Ibérica.

Poema numa esquina de Paris

Dezenas e dezenas de pessoas passam ininterruptamente 
ao longo do passeio.

Umas para lá.
Outras para cá.
Umas para cá.
Outras para lá.
Mas cada uma que passa
tem de fazer na esquina um pequeno rodeio
para não se esbarrar com o par que aí se abraça.
Olhos cerrados, lábios juntos e ardentes,
tentam matar a inesgotável sede.
Através dos seus corpos transparentes
lê-se na esquina da parede:

DANS CETTE PLACE A ÉTÉ TUÉ
MAURICE DUPRÉ
HÉROS DE LA RESISTANCE.
VIVE LA FRANCE.

(António Gedeão)



Isto não é Paris

Isto não é Paris
nem são cinco da tarde
nem chove
nem há cómicos na rua
e tampouco nesta esquina
desta cidade que não é Paris
há um realejo surpreendido
e um pintor boémio
e uma garrafa de vinho
porque às cinco da tarde
esta cidade não é Paris
e não existe um amor curioso
escondido atrás da cortina
enquanto Edith Piaf canta
Les amants de Paris
Nem a recordação do Sena
me leva as minhas memórias tristes
desta cidade sem noite
nem espelhos de mel
e não minto se disser
que Paul Éluard saiu do meu quarto
com asas de melro branco
pela janela desta cidade
que não tem pombas nem bêbados alegres
porque às cinco da tarde
esta cidade não é Paris.


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