segunda-feira, 13 de maio de 2013

SALVA-SE O PRÉDIO, VAI-SE A ABÓBORA - FEIRA DE SANTANA - BAHIA

fonte - TRIBUNA FEIRENSE

Feira de Santana (Bahia - Brasil), Segunda-Feira, 13 de Maio de 2013

11-05-2013 16:32

AMÉLIO AMORIM: SALVA-SE O PRÉDIO, VAI-SE A ABÓBORA

César Oliveira


Um dos papéis de um teatro é a formação de público.  A sua existência, vai criando um público com afinidade teatral, com interesse em peças e show de caráter menos rebolativo e erótico do que os comumente oferecidos, nesta cidade. Esta parceria acaba levando ao surgimento de grupos teatrais locais e, com o tempo, o aparecimento de peças teatrais de fora e shows mais intimistas, área em que Feira, ainda, é muito carente.   Vez por outra, por esforço pessoal de um produtor, aparecem alguns espetáculos, mas sem regularidade, e em meio a muitas carências.

È tolice imaginar que não temos público, ou que as pessoas não gostam. O que não temos é hábito e opções. Elas precisam ser expostas, para que comecem a criar a vinculação e o costume. Infelizmente, todos os espaços existentes aqui estão aquém do se precisa. O Maestro Miro tem a disposição inadequada de cadeiras -todas em um mesmo nível-, camarins pequenos e o Margarida Ribeiro, do mesmo modo. Destes espaços o que melhor poderia ser improvisado, enquanto não se termina a lengalenga do Centro de Convenções, é o Amélio Amorim. Tem camarins grandes, boca de palco extensa, bom número de cadeiras, espaço para iluminação, acústica razoável. Com os camarins recuperados, as cadeiras numeradas ( se foram), e as condições de funcionamento regularizadas, ele pode ser um bom espaço para shows e peças.

Ao lado do prédio onde funciona o auditório, parcialmente recuperado, continua em progressiva destruição um marco da vida feirense. O espaço onde funcionou o Complexo Carro de Boi composto por um restaurante regional e uma boate em forma de abóbora, a Jerimum, criado pelo esforço pessoal, perseverança e talento, do brilhante arquiteto Amélio Amorim, segue, de forma, talvez, irreversível, em direção à perda total. Amélio dedicou sua vida à idealização daquela obra e, como me disse, mais de uma vez, sua viúva, também já falecida, Irma Amorim, às vezes com o dinheiro que ganhava na semana.

Aquele, que deveria ser o espaço mais representativo de uma fase de transição entre o passado e o presente de Feira, se perde, indiferente, na memória e na falta de ação de quem deveria preservá-lo. 

Ali, ao lado, promessas de recuperação, todas vãs, é o único espetáculo permanentemente em cartaz. 

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