terça-feira, 25 de janeiro de 2011

SÃO PAULO 457 ANOS - GILBERTO KASSAB

[jornal "Folha de São Paulo". São Paulo, SP, 25 de janeiro de 2011, p. A3]

Os desafios da cidade aniversariante -

GILBERTO KASSAB

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Enchentes e deslizamentos estão entre nossos principais problemas e requerem ações de curto, médio e longo prazos, o que buscamos fazer





São Paulo chega aos seus 457 anos e, como sempre acontece nos aniversários, é um bom momento para refletir sobre nossa cidade. Com mais de 11 milhões de habitantes, estamos entre as maiores do planeta. E temos motivos de sobra para nos orgulharmos.
Somos hoje o maior destino turístico do país -em 2009, foram 11,3 milhões de visitantes. A cidade se transformou no principal centro de eventos e convenções da América Latina. Temos, em média, uma feira de negócios a cada três dias.

São Paulo é a única cidade a sediar etapas dos dois mais importantes campeonatos mundiais de automobilismo: a F1 e a F-Indy. Reflexo do fluxo crescente de turistas, a ocupação média da rede hoteleira da cidade foi de 68,5% no ano passado.

Aqui convivem pessoas que têm as mais diferentes origens. É possível visitar, sem sair de São Paulo, vários cantos do mundo.

Basta conhecer, por exemplo, as feiras de cultura regional, de artesanato, os sofisticados museus, teatros para todos os gostos, os restaurantes com pratos característicos dos mais variados povos. Uma miscelânea efervescente que marca nossa condição de cidade mundial.

Os números de São Paulo são gigantescos. Nossa rede de saúde atende cerca de 7 milhões de usuários. O sistema de transporte por ônibus é fundamental para mais de 6 milhões de pessoas, que realizam cerca de 10,1 milhões de viagens por dia -incluindo metrô e trens, chegamos a quase 16 milhões de viagens por dia.

Temos mais de 3 milhões de estudantes do ensino médio e fundamental, sendo que cerca de 1 milhão frequentam a rede municipal. Mas não podemos deixar de mencionar problemas que enfrentamos, muitos dos quais a história de São Paulo ajuda a compreender.

Ao longo das últimas décadas, a implantação do planejamento não acompanhou o ritmo do crescimento urbano, permitindo a ocupação e a descaracterização de várzeas e rios, a impermeabilização do solo e o uso de áreas de risco. Os efeitos disso são cada vez mais sentidos.

As enchentes e os deslizamentos estão entre os nossos principais problemas. Requerem ação planejada, de curto, médio e longo prazos. E é isso que buscamos fazer. De 2005 a 2010, em valores atualizados, os investimentos da Prefeitura de São Paulo em ações contra as enchentes cresceram quatro vezes, de R$ 97 milhões para R$ 401 milhões.

O Orçamento de 2011 prevê investimentos de R$ 681 milhões. Programas como a urbanização de favelas e de mananciais, entre outros, possibilitaram a transferência de 59 mil pessoas de áreas de risco. Nesse período, foram feitas mais de 400 obras para eliminar ou reduzir riscos. Nosso sistema de drenagem já foi beneficiado por 152 grandes intervenções desde 2005.

A prefeitura encomendou ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) um levantamento das áreas de risco da cidade. Os resultados do trabalho nos possibilitam organizar e potencializar ações para reduzir riscos e transferir famílias ameaçadas.

São Paulo desenvolve hoje um plano diretor de drenagem para orientar políticas que aumentem a capacidade de absorção de águas no solo e que revitalizem o nosso sistema de rios e córregos.

As operações urbanas (Água Branca, Rio Verde-Jacu, Vila Sônia, Lapa-Brás, Mooca-Vila Carioca; Faria Lima, Água Espraiada e centro) apontam caminhos para a reorganização da cidade e para a melhor ocupação de seus espaços.

Tenho certeza de que, por maiores que sejam, esses desafios podem ser vencidos. Reunimos diferentes origens, sonhos, frustrações, esperanças e realidades. São Paulo é uma cidade de múltiplas faces, de situações opostas. Mas que une seus habitantes em torno de um objetivo comum: torná-la cada vez mais humana e amigável.


GILBERTO KASSAB, engenheiro e economista, é prefeito da cidade de São Paulo pelo DEM. Foi secretário municipal de Planejamento (gestão Pitta).

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