sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ÁGUA .. (2) - O SOLO DA NOSSA MÃE GENTIL

ÁGUA,  TERRA , FOGO ,  e AR (2)

O SOLO DA NOSSA MÃE GENTIL


"Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil"

(trecho final do Hino Nacional do Brasil)


Vicente Deocleciano Moreira

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Não era minha intenção inicial numerar as postagens da série ÁGUA,  TERRA , FOGO ,  e AR; até porque tem sido hábito deste Blog (ou Blogue) oferecer numeração apenas  às postagens ininterruptas ... até a última, a FINAL. . A exceção, de agora,  que tento justificar se deve ao fato de,  agindo assim,  pensar que estaremos orientando melhor o leitor que poderia – de imediato - pensar tratar-se de uma repetição intercalada por outras postagens de diferentes assuntos dentro do tema (geral) CIDADE. E esse possível imediatismo,  tal engano, seria perfeitamente compreensível pois não teria havido nenhum sinal de distinção entre uma e outra postagem , no conjunto de títulos do Arquivo do Blog.
Como já tivemos  uma primeira postagem  intitulada  ÁGUA,  TERRA , FOGO ,  AR (e HUMANOS)   (em 15 de janeiro/2011), faz sentido que esta  passa a ser a segunda.

Brasileiros andamos,  anos luz, distantes da cultura da prevenção, da pro atividade – no geral e na particularidade dos cataclismas causados pela fúria das águas (pluviais, marítimas e fluviais), das terras (terremotos, desabamentos ... ), do fogo (incêndios de devastadoras proporções ...) e dos ventos fortes (tornados, etc)
Este Blog defende a idéia de um Ministério ou mesmo Secretaria Especial, para prevenir e, quando for o caso, resolver no ato, problemas advindos de catástrofes naturais. Não importa o nome, rótulo, que esse Ministério (ou essa Secretaria Especial) viria a ter, desde que não tenha  os nomes e as missões dos já existentes Ministério do Interior ou Ministério das Cidades., os quais já têm muitos azeres específicos.
Mas, vale reconhecer, essa idéia hoje  ainda pode parecer:
- absurda ...
- jocosa, irônica, sarcástica ...
- desnecessária ...
- “mais um Ministério”...
- “mais ‘cabide de emprego’”...
- mais uma sangria desatada para o dinheiro do contribuinte...
- bálsamo ou analgésico para fazer sumir a dor da culpa...
- etc, etc ...

Não concordo, em absoluto, com nenhum desses qualificativos porque:
- Enquanto as tragédias estão a matar, desabrigar e desalojar e enquanto estão vivas nas mídias, todos  choramos, exibimos tristeza e solidariedade  às vezes sinceras, expomos sinais culturais de luto, sonhamos soluções. E lamentamos, a um ano da tragédia anterior,  o que não fizemos inclusive por clara,  reconhecida e, envergonhadamente, assumida   falta de vontade política.
- O começo, meio e o fim  de cada catástrofe anunciada, tem sido também o tempo de fazer acusações aos adversários políticos de plantão no poder,   acusações com ou sem fundamento ... não importa, pois o importante é que centenas de brasileiros estão vendo afundar e desaparecer entes queridos, casas e bens.
- Costumamos esquecido as enchentes e suas vítimas e sobreviventes, mal  as águas começam a baixar, a desaparecer, como se fora  um velho e pernicioso hábito de autoridades, técnicos, mídias, políticos e do chamado ‘povo em geral’, no Brasil. Enquanto esquecemos a obra furiosa da natureza que, aliás,  demora  em  nos dar trégua, as vítimas sobreviventes da última tragédia, há um ano, ainda estão a sofrer a dor maior que é a do esquecimento.
- Não é possível construir “piscinões”  quando a chuva diluviana parece não ter fim. Na estiagem também não os construímos com a altura, segurança e tamanho do tamanho dos recursos que o Estado tem que encaminhar a  obras de tal monta e de tão elevada importância social e humana. Se os “piscinões” (estão obviamente) sob a terra e, portanto, invisíveis aos olhos dos eleitores e transeuntes. Talvez por não pensar assim, os japoneses construíram “piscinões” que podem servir de exemplo a países que, volta e meia, são inundados pelas águas.
- Também escapa aos  olhos de senso comum dos eleitores e transeuntes o asfalto permeável  e capaz de absorver com a necessária rapidez as águas das chuvas.
- É pensamento corrente que limpezas  e  drenagens de aquíferos (lagos,  lagoas, rios) e obras de desobstrução de “bocas de lobo” e canalizações  talvez não resultem em voto nas próximas eleições ...
Diante de tudo isso diremos que, em inúmeras situações da gestão pública, o “essencial é invisível aos olhos” (“O Pequeno Príncipe” – Antoine de Saint-Exupéry). Ou então, o Estado  tem se enfeitado com adornos tão moderninhos que está fora de moda a promoção do bem comum. Também diante de tudo isso, fico a imaginar que é intragável e de difícil deglutição a idéia de criar um ente ministerial que poderá:
- avaliar criticamente (e independente de bandeira partidária) o que  os poderes públicos  têm feito, como têm agido, ante as últimas catástrofes.
- financiar e acompanhar a aplicação de recursos no planejamento e excução de obras de engenharia  preventiva.
- planejar e executar ações educativas (notadamente de cunho ambiental), de modo contínuo em todo o território nacional, para desestimular a construção de residências em áreas de risco.
- agir conjuntamente com organizações e autoridades policiais para prevenir e coibir a exploração comercial, por gananciosos, das áreas de risco.
- intermediar, estimular ou agir diretamente na importação e no  financiamento de tecnologias nacionais com o objetivo de prever, com maior precisão possível, o advento dos cataclismas.

Mas ... tudo isso só faz sentido se acontecer antes dos próximos e previsíveis  desastres  provocados pela fúria dos elementos ÁGUA, TERRA, FOGO e AR.

Não esqueçamos que, neste momento em que estou publicando esta postagem, está se aproximando de mil o número de mortos e desaparecidos na enchente pluvial no Rio de Janeiro de 2011.

E pensar que ainda estamos a ouvir   os gritos de socorro e de sofrimento das vítimas das enchentes causadas pelas chuvas de 2010 quando,  neste instante, ainda ecoam em nossas almas os gritos de socorro e de sofrimento daqueles compatriotas que têm fome, frio, penam e perambulam vítimas que são das chuvas das primeiras semanas de 2011. Não fosse a solidariedade de muitos ..

Governo e população temos que cuidar do nosso solo, florestas, rios e mares, zelar pela  nossa água, ter ciúmes de nosso território, precisamos estar ciosos do ar que respiramos, das nossas fontes de energia (a exemplo das energias solar e eólica); temos, enfim,   que fazer de nossa patria a mãe gentil que, seus filhos, todos eles,  sonhamos todos os dias.
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PS:
As palavras ZELO, CIÚME e CIO (no sentido de erotismo e de cuidado) têm a mesma raiz histórica.








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