Os paulistanos não podem perder o Cine Belas Artes
BLOG DE RAQUEL ROLNIK 12/01/11
Raquel é urbanista, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e relatora especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada.
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O Cine Belas Artes é um patrimônio cultural dos paulistanos. Para muitas gerações que vivenciaram a esquina da Consolação com a Paulista desde os tempos do bar Riveira e da lanchonete Baguete, o fechamento do Belas Artes representará uma grande perda.
Com uma programação diversificada, nao tributária dos blockbusters, o Belas Artes é uma das poucas opções de cinema de rua que ainda existem em São Paulo para pessoas que não gostam de ir a um cinema de shopping com todos os seus inconvenientes.
A preservação desse patrimônio tem um significado muito maior para a cidade do que apenas a defesa de um empreendimento cultural. Os paulistanos não podem perder o Belas Artes!
Abaixo segue um ótimo artigo de Nabil Bonduki, publicado hoje na Folha de São Paulo, contra o fechamento do cinema.
Também está circulando na rede um abaixo-assinado para quem quiser se manifestar.
Prostibulos e Bocas de fumo continuarão abertos.
Bacana…
Ótimo artigo de Nabil!
Infeliz/e hj as gdes operadoras de cinema nada mais são do q parte do avassalador mercado imobiliário q monta suas parcerias com gdes empreendedoras. E o que elas querem, mais do que lançar em suas salas as principais… estréias comerciais da semana, é mesmo construir shoppings e ter a certeza que neles serão implementadas mais de suas salas.
Com isso é bem provável q logo um gde grupo investidor rebata essa articulação toda da população contra o fecha/o do Belas Artes, dizendo que no mesmo local será construído um novo shopping, integrando às estações de metrô e com novas salas de cinema, e que tudo vai ficar “melhor” ainda!!
Sabemos que nossa cidade “funciona” assim, e esse movimento a favor do Belas Artes tem que se fortificar e evoluir!!!
Quem mora na cidade de São Paulo deve estar sabendo do iminente fechamento de um dos melhores cinemas da cidade, o Belas Artes. Um cinema histórico, com cerca de 68 anos de vida, o Belas Artes irá fechar no fim deste mês graças a uma canalhice do dono do terreno, um tal de Flávio Maluf que, apesar de todas as características, não é filho do grande corrupto Paulo Maluf.
A questão, enfim, é que diversos frequentadores começaram um abaixo-assinado pedindo para que a prefeitura – do higienista Kassab – se sensibilize (e talvez deixe de lado a expulsão e os maus tratos aos moradores de rua do centro ou aos moradores do extremo sul da cidade) e faça alguma coisa para salvar o melhor cinema de arte da cidade.
Revolta à parte (e estou bem revoltado, pois adoro o cinema), a questão central aqui é discutir certos comentários que ouvi pelo Twitter e andei lendo em outros lugares de quem anda dizendo que é besteira tentar salvar “uma empresa”. Ou pior, alguns ainda dizem que com tanta causa importante para se preocupar, porque logo perder tempo (sic) com um cinema, uma empresa?
Oras, falho em entender estes argumentos e digo porque.
Em primeiro lugar, não se trata meramente de uma “empresa”, mas sim da tentativa de salvar um ambiente específico, um cinema, um local onde se promove cultura e entretenimento. Não importa quem seja o dono ou donos, ou o nome, e sim o ambiente, o concreto: o cinema.
Em segundo lugar, não penso que o ser humano só possa ou deva defender uma única causa. Não se trata de dizer, porém, que algo é mais ou menos importante, senão que se tratam de coisas diferentes.
Da mesma forma que me revolto e tento fazer alguma diferença quando alguém quer censurar a rede, ou quando vejo sem-tetos sendo espancados, ou ainda quando a prefeitura resolve jogar spray pimenta em desabrigados. Porque então não poderia me indignar igualmente quando um cinema que prezo fecha?
Como disse antes, não se trata de uma comparação, de dizer o que é mais ou menos importante, não é esta a questão, senão a de mostrar que não existem lutas justas que não sejam válidas lutar. Uma não excluí a outra.
Os poucos lugares onde filmes que não passam em qualquer lugar estão querendo fechar. Grande alternativa para nós paulistanos…