LIXO URBANO: TRADIÇÃO OU MALDIÇÃO? (3)
O que nós nos acostumamos a chamar de lixo urbano (resíduos sólidos ... resíduos orgânicos ... metais ... e até poluição sonora, visual ... etc ) na verdade representa apenas o lado visível/sensível do fato e da questão. Por exemplo: há cidades brasileiras - e o Rio de Janeiro não é o único caso - cujos aquíferos (rios, aguadas, lagoas, fontes ... ) de percursos francamente urbanos apresentam elevados índices de contaminação.
Tais contaminações são - por assim dicer - invisíveis e têm presença inversamente proporcional à sua visibilidade/sensibilidade ordinária. Na Salvador colonial (Bahia- Brasil), as elites sociais e econômicas habitavam as beiras das encostas (hoje chamadas Pelourinho, Carmo, Santo Antonio Além-do-Carmo) ou, mais exatamente, os casarões alí situados. Hoje (2013), essas elites - atualizadas historicamente claro! - habitam as beiras das encostas do Corredor da Vitória ou, mais precisamente, as elevadas torres com triplex e coberturas, teleféricos e iates - elites superendinheiradas que vivem e vêem a baia de Todos os Santos sobre o metro quadrado mais caro daquela cidade.
Na Salvador colonial, os casarões não dispunham de vasos sanitários; e, assim, as fezes eram armazenadas em tonéis, chamados "tigres", que - quando abarrotados de excrementos elitistas (!) eram conduzidos nos ombros dos escravos que desciam até a praia onde despejavam a carga pesada daqueles recipientes fétidos.
Tudo era visto e sentido, mas tudo era tolerado pela cultura e pelas circunstâncias históricas.
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