terça-feira, 30 de abril de 2013

LIXO URBANO: TRADIÇÃO OU MALDIÇÃO? (3)


LIXO URBANO: TRADIÇÃO OU MALDIÇÃO? (3)



O que nós nos acostumamos a chamar de lixo urbano (resíduos sólidos ... resíduos orgânicos ... metais ... e até poluição sonora, visual ... etc ) na verdade representa apenas o lado visível/sensível do fato e da questão. Por exemplo: há cidades brasileiras - e o Rio de Janeiro não é o único caso - cujos aquíferos (rios, aguadas,  lagoas,  fontes ... ) de percursos francamente urbanos   apresentam elevados índices de contaminação.



Tais contaminações  são - por assim dicer - invisíveis e têm presença inversamente proporcional à sua visibilidade/sensibilidade ordinária. Na Salvador colonial (Bahia- Brasil), as elites sociais e econômicas habitavam as  beiras das encostas (hoje chamadas Pelourinho, Carmo, Santo Antonio Além-do-Carmoou, mais exatamente, os casarões alí situados. Hoje (2013),  essas elites - atualizadas historicamente claro! - habitam as beiras das encostas do Corredor da Vitória ou, mais precisamente, as elevadas torres com triplex e coberturas,  teleféricos  e iates - elites superendinheiradas que vivem e vêem a baia de Todos os Santos sobre o metro quadrado  mais caro daquela cidade.



Na Salvador colonial, os casarões não dispunham  de vasos sanitários; e, assim,  as fezes eram armazenadas em tonéis, chamados "tigres", que - quando abarrotados de excrementos elitistas (!)  eram conduzidos nos ombros dos escravos que desciam até a praia onde despejavam a carga pesada daqueles recipientes fétidos.



Tudo era visto e sentido, mas tudo era tolerado pela cultura e pelas circunstâncias históricas.



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