O FALO DE SÃO PEDRO E O DO PASTOR DE PÊNIS ABENÇOADO
Estava eu a pescar alguma coisa pra chamar de crônica dominical. E no anzol beliscou um peixão: o episódio (intriga, ficção?) de um pastor que alardeava - urbe et orbe - que seu pênis era abençoado Vou tratar o assunto como uma ficção.
O falo de São Pedro era a vara com que ele pescava cristãos para o rebanho de Jesus Cristo.
O falo do pastor é seu pênis que, segundo ele mesmo, é abençoado.
O que há de comum entre o fundador do Cristianismo e o pastor é que, em ambos e como não poderia deixar de ser - o falo, como todo falo que se preze, é o símbolo do poder, qualquer poder; do cetro dos reis, de um fuzil AR15, da faixa presidencial, da sala exclusiva do chefe, do diretor ... ao bule do servidor de cafezinho.
As pessoas que se deixaram levar pelo discurso ou pela prática deste agente do sagrado (pastor)sabiam o que estavam fazendo ante a sedução do sagrado e o profano (ou profauno?) daquele discurso. E ele, conseguiu convencer e com-ferir, incestuosamente, as irmãs. Duvidar quem há-de?.
Por outro lado - ou, no outro lado, se assim desejarem - o arrependimento de quem sucumbiu ao súcubo que (diferentemente das recomendações policiais pelos manuais medievos de caça às bruxas) agia ... todo mundo acordado e desperto. O que pescava este pescador?
"Pedro, tu és pedra e sobre ti construirei a minha igreja" (Mateus, 16, 18) - disse Jesus ao seu apóstolo Pedro, vice demiurgo do cristianismo.
Anos depois, Fernando Pessoa nos consolava que "todo cais [incluindo rodoviária, ferroviária, estação de metrô, aeroporto, heliporto ...] é uma saudade de pedra".
Senti saudades do apóstolo Pedro. Ele que não pescava cristãos apenas aos domingos. Domingo, como Sexta Feira Santa, também era de pescar e de pescador. Senti saudade também de Dorival Caimmy - pescador de baianidades.
Quem nunca pescou, de vara, de cima de um cais, de um píer - quero dizer de um(a) pedro(a)
não terá o que contar de muitas coisas deliciosas quando estiver com São Pedro, lá em cima, no céu.