G.1 - globo
Greve dos
garis deixa
lixo acumulado
em cidades
da Grande São Paulo
Cidades do ABC são as mais afetadas pela greve anunciada na sexta (20).
G1 esteve em sete cidades nesta manhã; cinco tinham lixo acumulado.
Lixo amontoado nas ruas é uma realidade em cinco das sete cidades da Grande São Paulo visitadas pelo G1 nesta sexta-feira (27). A greve dos trabalhadores de coleta de lixo afeta Diadema, Santo André, São Bernardo, Mauá e Taboão. Já Osasco e Guarulhos não tinham lixo nas ruas visitadas pela equipe de reportagem, apesar de serem alvo do movimento grevista.
A categoria diz que 130 cidades no estado são afetadas pela greve, mas não divulgou uma lista com os nomes. Os grevistas pedem 45% de aumento, a Justiça do Trabalho fez a proposta de 9,5% e o sindicato patronal oferece até 8,5%.
saiba mais
O sindicato da categoria afirma que os trabalhadores respeitam a decisão judicial que determinou a manutenção de 70% da coleta de lixo domiciliar e 100% do lixo hospitalar nas cidades conforme a determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
Entretanto, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação e Limpeza Urbana de São Paulo (Siemaco) admite que a categoria tem privilegiado a coleta nas áreas centrais das cidades do ABC.
Panorama nas cidade
Sem uma nova rodada de negociações prevista, ruas do ABC e cidades da região seguem com bastante lixo acumulado. Na Central de Tratamento de Resíduos Lara, em Mauá, apenas caminhões de entulho e de lixo hospitalar entraram nesta manhã sem problemas.
A chegada de caminhões comuns de resíduos enfrenta resistência dos grevistas que seguem em vigília na porta da empresa desde a segunda-feira (23). A Polícia Militar segue de prontidão na frente do aterro.
Em Mauá são coletadas 270 toneladas de lixo por dia, em média. A Prefeitura de Mauá diz que a Secretaria de Serviços Urbanos "tem buscado alternativas", mas pede a compreensão de toda a população. "Enquanto durar a greve, é importante evitar deixar lixo nas ruas e avenidas".
No bairro Cidade São Jorge, em Santo André, há lixo amontoado perto de pontos de ônibus. Os bairros de Diadema também continuam sem coleta desde segunda-feira.
Em Diadema, havia ruas até mesmo impedidas para o tráfego de veículos por causa da quantidade de lixo espalhado em protesto (veja abaixo reportagem do Bom Dia São Paulo).
No Centro de Taboão da Serra, rua estavam tomadas por sacos de lixo pela manhã desta sexta. Comerciantes e moradores contavam que o problema existe desde segunda-feira (23), e que na quinta (26) a Prefeitura enviou caminhões alternativos aos da empresa que faz a coleta no município. Essa coleta, porém, não foi suficiente para deixar as ruas limpas.
Na área urbana da Rodovia Régis Bittencourt, na altura da Praça Nicola Vivilechio, havia montes de lixo em frente a vários comércios. O gerente de um açougue, Vicente Cardoso, afirmou que os funcionários precisaram guardar o lixo do lado de dentro da loja nas últimas noites em razão da greve. "Do jeito que está, até atrapalha a clientela", disse.
A situação era diferente da encontrada em Osasco, onde não havia acúmulo de lixo nas ruas do Centro e de bairros vizinhos, como o Jardim Cipava.
Segundo o presidente do sindicato de coletores da cidade, Assil Aparecido, a Prefeitura está remanejando pessoal de outros setores para fazer a coleta e cobrir os 30% de funcionários da coleta que estão parados - a Justiça exigiu que pelo menos 70% dos serviços de limpeza funcionem.
O G1 também percorreu bairros da Vila Galvão e do Centro de Guarulhos, mas não encontrou sacos de lixo amontoados.
Queixas no aterro de Mauá
Nesta manhã um grupo se concentrava na frente do aterro em Mauá. O coletor de lixo Cirineu Surdini, de 46 anos, conta que os pagamentos são feitos em dia e que eles recebem em torno de R$ 900 mensais. “O bruto é R$ 1,1 mil, mas com os descontos sobra uns R$ 900."
Para fazer R$ 1,4 mil precisa trabalhar três domingos, mas a gente só pode trabalhar dois. Às vezes a gente faz hora extra aí consegue tirar mais um pouquinho. Eles dizem que não podem dar o aumento, mas eles podem”, afirmou. Segundo ele, um coletor chega percorrer em torno de 35 km. “Andar, não? Correr”, observa.
Manoel Pereira da Silva, de 41 anos, coletor de lixo há 12, diz ter ficado afastado por 8 anos devido a uma hérnia de disco e à tendinite nos dois ombros. “Eu voltei para o trabalho, mas gasto R$ 400 de remédio todo mês. Os exames mostram que eu tenho a mesma coisa que eu tinha quando fui afastado.”
Michel Douglas Barbosa, 27 anos, disse que a tarefa é árdua. “Todo dia eu chego com dor no corpo em casa, nas pernas, nos braços. Todo dia”, conta.
Negociação salarial
O Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo (Selur) afirma que as empresas não podem conceder o valor proposto pelo desembargador Wilson Fernandes na audiência de conciliação de 9,5%. “A recessão está aí. As prefeituras não tiveram o refinanciamento das dívidas. Elas não têm condições de fazer o repasse para darmos um aumento desses”, diz um representante do sindicato.
O representante do Selur informou que, na última rodada de negociações, foi proposto para a categoria um aumento de 8% nos salários e 10% nos benefícios ou 8,5% nos salários com aumento de 8,5% nos benefícios. “Isso é o máximo que podemos oferecer”, declarou.
O presidente do Siemaco, que representa os funcionários da limpeza urbana do ABC nas negociações, Roberto Alves da Silva, afirmou que a última proposta não será colocada em votação porque é inferior a feita pela Justiça do Trabalho. “Para que a gente vai passar essa proposta para categoria se ela não vai passar? Eles estão querendo provocar o julgamento da paralisação. Essa greve é por 45 reais”, afirmou.
PUBLICIDADE
Nenhum comentário:
Postar um comentário