poesia.netwww.algumapoesia.com.br Carlos Machado, 2014
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(No Jardin des Plantes, Paris)
publicadas em 1923
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Caros,
Nesta edição, estou reprisando o poesia.net n. 50, de 2003,
com alguns acréscimos de informações. O poeta em foco é o
tcheco de língua alemã Rainer Maria Rilke. Para quem não leu
o boletim original, este vale como o primeiro. E para quem quem
leu, sempre faz bem revisitar um poeta como Rilke.
Há o Rilke das soberbas "Elegias de Duíno", que influenciaram meio
mundo de poetas. Ali, são longos cantos, de longos versos derramados,
marcados por um tom abertamente metafísico. Mas há também outro Rilke
, de um lirismo mais pé-no-chão. Essa é a faceta do poeta que destacamos
neste boletim.
Nascido em Praga, na Boêmia, hoje República Tcheca, Rainer Maria Rilke (1875-1926)
inclui-se entre os mais altos nomes da poesia no século XX e certamente o mais alto
em língua alemã.
Rilke estudou nas universidades de Praga, Munique e Berlim. Publicou seu primeiro
livro, Leben und Lieder (Vida e Canções) em 1894. Um dado curioso: durante toda a
vida, o poeta não exerceu nenhuma profissão. Viveu sempre à custa de amigos nobres.
Publicadas em 1923, suas famosas Elegias de Duíno, por exemplo, foram parcialmente
escritas no Castelo de Duíno, na região de Trieste, Itália, onde ele morou por dois anos
antes de Primeira Guerra Mundial. Lá, era convidado da princesa Maria von Thurn und Taxis.
Agradecido, o poeta dedicou as elegias à protetora. Durante largo período, a faceta metafísica da poesia de Rilke determinou uma verdadeira
cisão entre poetas. De um lado, postava-se uma enorme legião de influenciados pelos versos
rilkeanos — nomeadamente, no Brasil, os poetas da chamada Geração de 45. De outro, os poetas
de esquerda, que consideravam aquilo uma completa alienação. Pablo Neruda, no Canto Geral (1950),
inclui Rilke entre os "falsos bruxos existenciais" e os "misterizantes".
Augusto de Campos conta que também os poetas concretos, por outras razões, puseram
Rilke na geladeira.
Depois, houve uma reconciliação. Tanto que os poemas mostrados neste boletim são todos traduzidos
por Augusto de Campos. O poeta concreto, naturalmente, prefere os "poemas-coisa" —
expressão do próprio Rilke, Dinggedichte —, versos em que se destaca um discurso
mais colado à realidade.
Aqui vão três desses poemas: "A Pantera", "Dançarina Espanhola" e "O Poeta", todos
integrantes do livro "Novos Poemas", de 1907. Nos dois primeiros, a palavra poética de
Rilke se mostra em toda a sua precisão e expressividade. No último, "O Poeta", a mesma
precisão serve a um lirismo mais confessional.
Também merecem destaque, entre as numerosas traduções de Rilke para o português,
os trabalhos de Dora Ferreira da Silva (Elegias de Duíno, Ed. Globo, 2001) e de José Paulo
Paes (Poemas, Cia. das Letras, 1993).
•o• Rilke morreu em 1926 e deixou escrito seu próprio epitáfio: Rosa, ó pura contradição, volúpia de ser o sono de ninguém sob [ tantas pálpebras. Rose, oh reiner Widerspruch, Lust, Niemandes Schlaf zu sein unter [ soviel Lidern. Esses três versos fazem referência ao fato de o poeta ter-se ferido num
espinho de rosa, o que agravou seu estado de saúde, pois já vinha sofrendo de leucemia.
Um abraço, e até a próxima,
Carlos Machado |
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