domingo, 13 de julho de 2014

COM QUE ROUPA UMA CIDADE TEM QUE IR ? (1)

COM QUE ROUPA UMA CIDADE TEM QUE IR ? (1)


Pois esta vida não está sopa
E eu pergunto: com que roupa?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
(Noel Rosa – “Com que roupa”)

Blogue CIDADE

Olhares mais atentos sobre o urbano, sobre as cidades, podem constatar que, nos últimos três ou quatro anos, gestões púbicas de cidades brasileiras médias, ou mesmo pequenas,  têm se dedicado à tarefa  de imitar as capitais ou cidades grandes do Brasil, dos Estados Unidos ou Europa.  Parece até que não têm muito o que fazer em seus cotidianos administrativos.]

COM QUE ROUPA UMA CIDADE TEM QUE IR ?

Esses  gestores – ociosos de dar dó!   em suas temerárias práticas  - respondem:


- com a roupa da capital e das grandes cidades do meu estado;

- com a roupa da cidade de São Paulo, Curitiba ou Rio de Janeiro.

Se tivessem sabedoria e  bom senso  responderiam:

- com a roupa da ‘minha’ própria cidade, com a roupa de sua própria identidade, com a roupa da cidade para a qual me elegeram prefeito. Com a cara e a roupa da identidade dessa cidade que não precisa ser obrigada a se vestir “para inglês ver” ou para parecer com Rio ou São Paulo.

O que vemos nas cidades, cujas  gestões escolhem as roupas da capital e das grandes cidades do seu estado e de cidades como São Paulo, Curitiba ou Rio de Janeiro?
1 – destruição de árvores que antes assinalavam  canteiros centrais divisores de pistas para alargamento, unidirecionamento de fluxo de veículos e sinalização vertical  de avenidas. Árvores centenárias têm sido arrancadas para que veículos transitem mão única. Acontece que, além do crime ambiental, gestões que praticam o alargamento (para imitar as grandes cidades) e imaginam que, com isso, obtêm (enganosas) vantagens eleitoreiras elevam as temperaturas de zonas centrais. Além disso, as ruas alargadas são tão pouco frequentadas pela sempre pequena frota de veículos individuais e coletivos que tais avenidas tendem a parecer mais cemitérios que ruas.

2 – O termo técnico requalificação vem sendo utilizada de forma tão abusiva e equivocada   que chega a justificar a repressão oficial sob forma de ações de extrema violência e perseguição sem trégua a ambulantes e feirantes instalados em ruas e avenidas centrais. Gestores se unem a comerciantes e empresários (mais e mais ricos, mais e mais estabelecidos) para a “higienizar” a cidade, expulsando esses trabalhadores sem lhes dar opções de espaço pelo qual eles nada precisem pagar: aluguéis, taxas, etc.  



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