COM QUE ROUPA UMA CIDADE TEM
QUE IR ? (1)
Pois
esta vida não está sopa
E eu pergunto: com que roupa?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
E eu pergunto: com que roupa?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
(Noel Rosa – “Com que roupa”)
Blogue CIDADE
Olhares mais atentos sobre o urbano, sobre as cidades, podem constatar
que, nos últimos três ou quatro anos, gestões púbicas de cidades brasileiras
médias, ou mesmo pequenas, têm se
dedicado à tarefa de imitar as capitais
ou cidades grandes do Brasil, dos Estados Unidos ou Europa. Parece até que não têm muito o que fazer em
seus cotidianos administrativos.]
COM QUE ROUPA UMA CIDADE TEM QUE IR ?
Esses gestores – ociosos de dar dó! em suas temerárias práticas - respondem:
- com a roupa da capital e das grandes cidades do meu estado;
- com a roupa da cidade de São Paulo, Curitiba ou Rio de Janeiro.
Se tivessem sabedoria e bom senso responderiam:
- com a roupa da ‘minha’ própria cidade, com a roupa de sua
própria identidade, com a roupa da cidade para a qual me elegeram prefeito. Com
a cara e a roupa da identidade dessa cidade que não precisa ser obrigada a se
vestir “para inglês ver” ou para parecer com Rio ou São Paulo.
O que vemos nas cidades, cujas
gestões escolhem as roupas da capital e das grandes cidades do seu
estado e de cidades como São Paulo, Curitiba ou Rio de Janeiro?
1 – destruição de árvores que antes assinalavam canteiros centrais divisores de pistas para
alargamento, unidirecionamento de fluxo de veículos e sinalização vertical de avenidas. Árvores centenárias têm sido
arrancadas para que veículos transitem mão única. Acontece que, além do crime
ambiental, gestões que praticam o alargamento (para imitar as grandes cidades)
e imaginam que, com isso, obtêm (enganosas) vantagens eleitoreiras elevam as
temperaturas de zonas centrais. Além disso, as ruas alargadas são tão pouco
frequentadas pela sempre pequena frota de veículos individuais e coletivos que
tais avenidas tendem a parecer mais cemitérios que ruas.
2 – O termo técnico requalificação
vem sendo utilizada de forma tão abusiva e equivocada que
chega a justificar a repressão oficial sob forma de ações de extrema violência
e perseguição sem trégua a ambulantes e feirantes instalados em ruas e avenidas
centrais. Gestores se unem a comerciantes e empresários (mais e mais ricos,
mais e mais estabelecidos) para a “higienizar” a cidade, expulsando esses
trabalhadores sem lhes dar opções de espaço pelo qual eles nada precisem pagar:
aluguéis, taxas, etc.
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