Mundo, vasto mundo deste domingo, 21 de fevereiro de 2010
NOTÍCIA URGENTE – NESSE MOMENTO, A ILHA DE MADEIRA (PORTUGAL) ESTÁ SOFRENDO COM FORTE TEMPORAL: MAIS DE QUARENTA MORTOS. DECRETADO ESTADO DE CALAMIDADE PÚBLICA.
LIVRO
“A CIDADE DAS MULHERES”, de Ruth Landes
LANDES, Ruth. 2002. A Cidade das Mulheres. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ. 352 p
Resenhista: Professora Regina Abreu da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO). Rio de Janeiro – Brasil.
O livro A Cidade das Mulheres, de Ruth Landes (1908-1991), agora em sua segunda edição no Brasil, incita a uma análise por esse viés. A trajetória da antropóloga americana – estimulada por seu mestre, Franz Boas, e por sua orientadora, Ruth Benedict –, da Universidade de Columbia para o Rio de Janeiro e a Bahia, pouco antes da Segunda Guerra Mundial, é relatada na primeira pessoa. Suas impressões, sensações, emoções e sentimentos são expostos em uma narrativa em que é privilegiada a idéia do encontro com o outro, do qual ela retira o material para produzir sua obra. O falar de si e o construir a si mesma nessa narrativa tornam-se indissociáveis da produção do texto, na contramão de uma tradição hegemônica nas ciências sociais que bane a primeira pessoa dos relatos científicos e, como assinalou Walter Benjamin, substitui a experiência pela informação e a narrativa pela história. A Cidade das Mulheres, escrito na contramão das tendências científicas vigentes no final da década de 40, significou a revitalização do estilo narrativo, contribuindo também para a construção de um modo de fazer antropologia marcado pela valorização da experiência (a pesquisa de campo), pela sensibilidade para com as questões de gênero e, sobretudo, pela afirmação da singularidade do sujeito no processo de construção do conhecimento
Com uma percepção fina e sensível, ela foi capaz de apontar algumas singularidades do candomblé baiano, como a tendência ao aumento gradual do poder feminino e do número de mães-de-santo, nos candomblés mais tradicionais, e do de "homossexuais passivos", nos candomblés de caboclo [grifo nosso]. Entretanto, como assinala Marisa Corrêa no Prefácio desta edição, a antropóloga estava remando contra a maré. "A visão corrente era a de que a dominação masculina, vigente na sociedade brasileira como um todo, era também vigente nos cultos afro-brasileiros. Ao desmontar este esquema simplista […] Landes expôs uma fratura de gênero na análise dos cultos afro-brasileiros que merece atenção até hoje" (:15).
Fonte referencial: revista Mana, vol.9 no.1 Rio de Janeiro, Apr. 2003
Print ISSN 0104-9313
doi: 10.1590/S0104-93132003000100012
“A CIDADE DAS MULHERES”, de Ruth Landes
LANDES, Ruth. 2002. A Cidade das Mulheres. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ. 352 p
Resenhista: Professora Regina Abreu da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO). Rio de Janeiro – Brasil.
O livro A Cidade das Mulheres, de Ruth Landes (1908-1991), agora em sua segunda edição no Brasil, incita a uma análise por esse viés. A trajetória da antropóloga americana – estimulada por seu mestre, Franz Boas, e por sua orientadora, Ruth Benedict –, da Universidade de Columbia para o Rio de Janeiro e a Bahia, pouco antes da Segunda Guerra Mundial, é relatada na primeira pessoa. Suas impressões, sensações, emoções e sentimentos são expostos em uma narrativa em que é privilegiada a idéia do encontro com o outro, do qual ela retira o material para produzir sua obra. O falar de si e o construir a si mesma nessa narrativa tornam-se indissociáveis da produção do texto, na contramão de uma tradição hegemônica nas ciências sociais que bane a primeira pessoa dos relatos científicos e, como assinalou Walter Benjamin, substitui a experiência pela informação e a narrativa pela história. A Cidade das Mulheres, escrito na contramão das tendências científicas vigentes no final da década de 40, significou a revitalização do estilo narrativo, contribuindo também para a construção de um modo de fazer antropologia marcado pela valorização da experiência (a pesquisa de campo), pela sensibilidade para com as questões de gênero e, sobretudo, pela afirmação da singularidade do sujeito no processo de construção do conhecimento
Com uma percepção fina e sensível, ela foi capaz de apontar algumas singularidades do candomblé baiano, como a tendência ao aumento gradual do poder feminino e do número de mães-de-santo, nos candomblés mais tradicionais, e do de "homossexuais passivos", nos candomblés de caboclo [grifo nosso]. Entretanto, como assinala Marisa Corrêa no Prefácio desta edição, a antropóloga estava remando contra a maré. "A visão corrente era a de que a dominação masculina, vigente na sociedade brasileira como um todo, era também vigente nos cultos afro-brasileiros. Ao desmontar este esquema simplista […] Landes expôs uma fratura de gênero na análise dos cultos afro-brasileiros que merece atenção até hoje" (:15).
Fonte referencial: revista Mana, vol.9 no.1 Rio de Janeiro, Apr. 2003
Print ISSN 0104-9313
doi: 10.1590/S0104-93132003000100012
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