quarta-feira, 30 de abril de 2014

HOJE CAYMMI FARIA 100 ANOS

hoje Caymmi 

faria 100 anos



http://www.youtube.com/watch?v=bKRr2zKxKXs

CAYMMI (1914-2014)

 E 

TOM JOBIM
(1927-1994) 

'SUITE DOS PESCADORES'



terça-feira, 29 de abril de 2014

CAYMMI (1914-2014) - GAL CANTA CAYMMI



http://val.fm/gal-costa-gal-canta-caymmi-album/




Gal Costa

segunda-feira, 28 de abril de 2014

CAYMMI (1914-2014) e PESSOA (1888-1935)


CAYMMI (1914-2014) e PESSOA (1888-1935)




O mar quando quebra na praia
É bonito, é bonito
O mar... pescador quando sai
Nunca sabe se volta, nem sabe se fica
Quanta gente perdeu seus maridos seus filhos
Nas ondas do mar
O mar quando quebra na praia
É bonito, é bonito
Pedro vivia da pesca
Saia no barco
Seis horas da tarde
Só vinha na hora do sol raiá
Todos gostavam de Pedro
E mais do que todas
Rosinha de Chica
A mais bonitinha
E mais bem feitinha
De todas as mocinha lá do arraiá
Pedro saiu no seu barco
Seis horas da tarde
Passou toda a noite
Não veio na hora do sol raiá
Deram com o corpo de Pedro
Jogado na praia
Roído de peixe
Sem barco sem nada
Num canto bem longe lá do arraiá
Pobre Rosinha de Chica
Que era bonita
Agora parece
Que endoideceu
Vive na beira da praia
Olhando pras ondas
Andando rondando
Dizendo baixinho
Morreu, morreu, morreu, oh...
O mar quando quebra na praia ...
___________
(Caymmi - O Mar)




É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar [bis]

A noite que ele não veio foi
Foi de tristeza pra mim
Saveiro voltou sozinho
Triste noite foi pra mim

É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar [bis]

Saveiro partiu
de noite foi
Madrugada não voltou
O marinheiro bonito
sereia do mar levou

É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar [bis]

Nas ondas verdes do mar meu bem
Ele se foi afogar
Fez sua cama de noivo no colo de Iemanjá


____________
(Caymmi - É doce morrer no mar)

**********

MAR PORTUGUÊS

Fernando Pessoa




Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
____________
 Pessoa, F. Mensagem. Poema X Mar Português. Edições Ática: Lisboa. 1959.

domingo, 27 de abril de 2014

NOSSO BLOGUE VISTO NO BRASIL E NO MUNDO

SEMANA DE 20/04/2014, 18h 

A  27/04/2014, 17h

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LISBOA - 2014

CAYMMI( 1914-2014), O PROFETA DA CIDADE DA BAHIA

CAYMMI (1914-2014), O PROFETA DA CIDADE DA BAHIA



"Triste Baia
Ó quão dessemelhantes ...
Tantos negócios tantos negociantes ..."
(Gregório de Matos)


"Nemo propheta in patria sua est"

[Ninguém é profeta, ninguém é valorizado, em sua própria terra natal]
(adágio latino)



Qual microscópio estará a enxergar as homenagens que Salvador e a Bahia estão a fazer  a seu filho Dorival Caymmi?



Certamente os filhos cantores/compositores - DNA de Caymmi!  - deverão ir a Salvador para homenageá-lo. Meno male.



De todo o modo, Caymmi foi o profeta da saudade da Bahia, ou seja de Salvador. Uma saudade da Bahia de Caymmi que se agrava quando se visita e se chora a degradação humana, física, patrimonial e econômico-financeira da Baixa dos Sapateiros. 

O que se está a fazer dos antigos belos imóveis do Cine Jandaia e do Cine Pax ... lá onde Ary Barrosos encontrou "a morena mais frajola da Bahia"? Ruína, ruína, ruína.



 O que se está a fazer - também lá na Baixa dos Sapateiros, vizinha de porta do famoso Pelô - do Cine Tupy que, nos anos 60, ostentava a mais bela sala de espera da América Latina? Abandono, abandono, abandono. 



"AI, 

AI QUE SAUDADE EU TENHO DA BAHIA  ..." (Caymmi)

... SAUDADE TAMBÉM DO MAR DA BAHIA  ... QUANDO SE PODIA TOMAR BANHO SEM MEDO, Ó POETA CAYMMI. HOJE, CENTENÁRIO DO POETA DO MAR DA BAHIA, 10 PRAIAS DE SALVADOR ESTÃO IMPRÓPRIAS AO DIREITO DE BANHAR-SE NO 'MAR SALGADO' (Fernando Pessoa).


ALERTA PERIGO


Recomenda-nos  o Inema, órgão ambiental lá da Bahia, que estejamos a evitar as praias de Periperi (atrás da estação Férrea), Penha (em frente à Igreja N. S. da Penha), Pedra Furada (atrás do Hospital Sagrada Família), Boa Viagem (ao lado do Forte), Roma (atrás do Hospital São Jorge), Canta Galo (atrás da antiga fabrica da Brahma, atual FIB), Marina Contorno (entre a Marina e o restaurante do Amado), Armação (em frente ao Clube Inter. Pass), Boca do Rio (em frente ao Posto Salva Vidas) e  Corsário (em frente ao Posto Salva Vidas e em frente ao Posto Salva Vidas de Patamares). Nas demais praias  as condições são normais.



Segundo o Inema, Uma praia é considerada imprópria quando mais de 20% das amostras coletadas em cinco semanas consecutivas apresentar resultado superior a 1.000 coliformes fecais ou 800 Escherichia coli, ou quando, na última coleta, o resultado for superior a 2500 coliformes termotolerantes ou 2000 Escherichia coli ou 400 enterococos por 100 mL de água.
  

sábado, 26 de abril de 2014

CAYMMI (1914-2014), POETA VIVO DE UMA CIDADE MORTA

CAYMMI (1914-2014) - POETA VIVO DE UMA


CIDADE MORTA


CAYMMI cantou uma Salvador (Bahia - Brasil) que não mais existe: era, no seu tempo de poeta, uma cidade bela, habitável, agradável, transitável, visitável, respirável.


e-biografias


Dorival Caymmi

Cantor e compositor brasileiro

Biografia de Dorival Caymmi:



Dorival Caymmi (1914-2008) foi um cantor e compositor brasileiro. Cantava os costumes e tradições da Bahia. Entre suas canções de sucesso estão "Samba da Minha Terra", "Marina", "Samba da Bahia", "O Dengo Que a Nega Tem" e "Saudade de Itapoã".

Dorival Caymmi (1914-2008) nasceu em Salvador, Bahia, no dia 30 de abril. Filho 
do funcionário público, descendente de italiano, Durval Henrique Caymmi e de Aurelina Soares Caymmi, descendente de portugueses e africanos. Seu pai tocava piano, violão e bandolim. Desde menino cantava no coro da igreja.

Interrompe os estudos no primeiro ano ginasial, para trabalhar como auxiliar de escritório e, depois, caixeiro-viajante. Nessa época aprende a tocar violão sozinho, desenvolvendo um estilo pessoal, e compõe suas primeiras canções, como No Sertão (1930). Começa a cantar no rádio vez ou outra e, em 1935, estréia o programa Caymmi e Suas Canções Praieiras na Rádio Clube da Bahia.

Em 1938, tenta a sorte no Rio de Janeiro. Consegue apresentar-se na Rádio Transmissora cantando o samba "O Que É Que a Baiana Tem?", mais tarde incluído no filme Banana da Terra (1938), com Carmen Miranda, e que alcança sucesso nacional. Em 1939 passa a atuar na prestigiosa Rádio Nacional no Rio de Janeiro, onde conhece a caloura Stella Maris, com quem se casa. Emplaca nos anos 40 e 50 sucessos como "Samba da Minha Terra" (1940), "Rosa Morena" (1942), "Marina" (1947), "Não Tem Solução" (1952), "João Valentão" (1953), "Maracangalha" (1956).

No fim da década, ressurge em nova roupagem, regravado por João Gilberto. Nos anos 70, condecorado pelo governo baiano, apresenta "Oração para Mãe Menininha" (1972) e "Modinha para Gabriela", da trilha sonora da novela Gabriela.

Com problemas cardíacos, apresenta-se esporadicamente em shows ao lado dos filhos Dori, Nana e Danilo, também músicos de sucesso. Em 60 anos de carreira, Dorival Caymmi gravou cerca de 20 discos, mas o número de versões de suas músicas feitas por outros intérpretes é praticamente incalculável. Sua obra, considerada pequena em quantidade, compensa essa falsa impressão com inigualável número de obras-primas. A editora Lumiar lançou em 1994 o songbook com suas obras, acompanhado por três CDs.


Dorival Caymmi morre de falência múltipla dos órgãos, no Rio de Janeiro, no dia 16 de agosto de 2008.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

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MICARETA DE FEIRA COMEÇA HOJE

Micareta Feira de Santana 2014 

http://www.feiradesantana.ba.gov.br/micareta2014/

Feira de Santana - Bahia - Brasil


programação
CIRCUITO MANECA FERREIRA – 24 a 27.
Carlinhos Brown, Alavont,É O Tchan,Margareth Menezes,Daniela Mercury, Babado Novo, Negra Cor, Katê, Chiclete Com Banana, Alinne Rosa, Guig Gheto, Claudia Leite, Asas Livres, Paulo Bindá, Marcia Porto, Djalma Ferreira, Galeguinho, Trio da Cidade, Outros Baianos, Mister Axé, Banda Clã, Banda Rataplan, Banda Bahia Bend, Banda Conect, Oz Panteras, Monte Zion, Dionorino, Suing Tribal, Axé e Beijo, Banda Santa Fé, Banda Skina, Sambatuk, Xamego da Gente, Banda Chicaê, Ana Castello, 100+Nem Menos, Mania de Gheto, Oz Pallaz, Expresso do Samba, Cia do Xamegarte, Thalita Costa, Chicana, Grupo 2Rjê, Jean Santana, Karla Janaina, Kolé i Pan, Madina, Mareô da Bahia, Força Baiana, Malicia sem Vergonha, Mazinho Venturiny, Dila Costa, Luciana Alves, Marcionilio Prado, Sara Reis, Marizelia e Seus Coisinhos, Ideia Xekke, Bonfim Tropical, Sutak Fogoso, Xero Mole, Semente Baiana, Excita Samba, Fofocaê, D´Boné, Mariane Gippsy, TH Banda, Cinco Segundos, Saul Baldevies, Axé Nejo, Luana Monalisa, Nave Louca, Mauricio Lins, Balanço Gostoso e Kteretê.
CIRCUITO QUILOMBOLA
Edson Gomes, Filhos de Ghandy, Viola de Doze, Banda Cativeiro, Art Samba, Deny Mazini, Gilsan, Libu do Reggae, Beto Maravilha, Neto de Ghandy, Abordagem, Gilson Piezzo, Capital Zumbi, Furacão do Reggae, Zé das Congas, Jorge de Angélica.
ESPAÇO CHARLES ALBERT KALILÂNDIA
25 – Concurso de Rainha e Rei Momo 3ª Idade
25 – Orquestra de Marchas de Frevo – Cachoeira
25 – Orquestra Biriba
26 – Baile Infantil com Patati Patatá
26 – Orquestra de Fred Dantas
26 – Armandinho Dodô e Osmar
26 – Willi Hendel
27 – Baile Infantil com Juan e Javena
27 – Orquestra Musi Feira
27 – Bailinho de Quinta
27 – Orquestra Alegria Alegria Dilma Ferreira
DOBRADINHAS
24 – Carlinhos Brown e Zé das Congas
24 – E o Tchan e Sem Mais Nem Menos
25 – Margareth Menezes e Marizélia
25 – Daniela Mercury e Madina
25 – Babado Novo e Sara Reis
25 – Negra Cor e Djalma Ferreira
26 – Chiclete com Banana e Paulo Bindá
26 – Aline Rosa e Luciana Alves
27 – Katê e Carla Janaina
27 – Claudia Leite e Thalita Costa
ESQUENTA (20 de abril)
Banda Habeas Copus, Charanga Mascarados, Charanga Euterpe, Marchas e Frevos de Cachoeira, Coreto Eletronico




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quarta-feira, 23 de abril de 2014

UMA INVENÇÃO CHAMADA CIDADE

UMA INVENÇÃO CHAMADA CIDADE


A roda vem sempre à mente quando o assunto é 'as grandes invenções da humanidade'. Tudo bem, nada contra, mas a cidade tem lá também sua importância ... a ponto de - grande paradoxo! -  não termos memória nítida e assídua da vida antes da cidade; a ponto de, pelo fato de estarmos acostumados a viver gregariamente, não imaginarmos sequer que, humanos, já fomos bandos dispersos e nômades a 'correr' daqui pra lá, de lá pra cá em busca das melhores condições possíveis para comer, beber e nos mantermos ao menos vivos.

No campo da mitologia judaica, temos Babel. E a torre de babel foi um dos primeiros sinais da arrogância do ser humanos que, então, depois de ter realizados obras mil - com destaque para as cidades (Ur, a primeira delas) e, ainda assim, - insatisfeito e gritando sua condição de ser do desejo (e não da necessidade como os demais exemplares da fauna terráquea) - o humano resolve construir uma torre que o levaria a Deus, desafiando-O e querendo ser e ter mais que Ele. O final da história é por demais conhecida. Mas a invenção da cidade é cúmplice e maior incentivo, estímulo, para edificar a torre de babel.

Blogue CIDADE

segunda-feira, 21 de abril de 2014

BRASILIA HOJE 54 ANOS

Pensada para o carro, Brasília faz 54 anos com nó no trânsito
Para especialistas, projeto da cidade dificulta o transporte público e o deslocamento de pedestres
Postada em: 21/04/2014 ás 13:37:28Link:
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Ser cortada ao meio por uma rodovia é uma das provas que mostram que Brasília foi pensada para o carro. Considerada a meta-síntese do Plano de Metas, de Juscelino Kubistchek, que apostava na indústria automobilística como motor do desenvolvimento brasileiro, a cidade chega aos 54 anos de idade sofrendo com sérios problemas de mobilidade urbana. É como se fosse uma senhora com pouco mais de meio século e à beira de um “infarto” em consequência de problemas de circulação.

Apesar de muitos problemas serem reflexos do projeto de Lúcio Costa, o urbanista não é culpado pelo cenário caótico em relação à mobilidade, uma vez que projetou a capital em 1957, para ser construída em três anos, e não previa a explosão demográfica descontrolada e o crescente incentivo aos meios de transporte individual, que extrapolou o limite de carros que as grandes cidades podem suportar.

No entanto, para a arquiteta, urbanista e professora  da FAU-UnB (Faculdade de Arquitetura da Universidade de Brasília) Sylvia Ficher, o problema de Brasília e de toda a região metropolitana do Distrito Federal não é o excesso de carros, mas a falta de ruas. Segundo ela, a lógica do projeto do Plano Piloto é toda baseada em vias expressas: só há grandes avenidas e pequenas ruas locais que formam trama incompleta.

No processo de expansão urbana em cidades do DF, o mesmo sistema foi mantido, sem muita variedade de tipos de vias, diferente das cidades tradicionais em que o sistema de circulação é mais complexo.

— Se eu quero sair da Asa Sul para Taguatinga, só tenho um caminho que é a EPTG [Estrada Parque Taguatinga]. Daqui para o Setor de Rádio e TV Sul, só tenho a W3. Então o sistema está sempre jogando todos os carros nessas poucas vias arteriais, que ficam entupidas.

Para explicar o urbanismo, a professora faz a comparação com o sistema de circulação sanguínea. 

— Se você espetar qualquer lugar do corpo com um alfinete vai sair sangue. Se for atingido um vaso sem importância vai sair uma gota. Mas, se você furar uma grande artéria, vai sangrar até morrer.

Uma situação cotidiana que pode exemplificar a hemorragia descrita pela metáfora da professora é a batida de um carro em uma árvore no Setor Policial Sul no último dia 9 de abril. Só o acidente causou engarrafamento em toda a EPTG até Águas Claras, incluindo as vias pouco importantes da cidade, impedindo que os carros conseguissem acessar a via expressa que liga a região ao Plano Piloto.

— Qualquer coisinha fora do previsto para completamente o trânsito de Brasília e gera um efeito em cadeia. Um acidente engarrafa o Setor Policial Sul, a EPTG, a minha rua em Águas Claras, os carros na garagem no meu prédio e até o meu elevador, brinca o especialista em políticas públicas de transportes e pesquisador da UnB, Artur Moraes.

Para resolver o problema, Moraes descarta as mudanças nas vias públicas, como ampliação ou inversão de sentido como medidas para melhorar o trânsito.

— Isso não funciona mais, você faz a mudança hoje e daqui um ano está tudo engarrafado de novo.

Sylvia Ficher defende uma revisão cuidadosa de toda a trama viária do DF, abrindo a malha, fazendo as ligações entre vias expressas, médias, e as pouco importantes. Segundo ela, é muito importante interligar as cidades que não têm sua articulação viária autônoma do Plano Piloto.

— A trama incompleta compromete o transporte público, já que não há ruas para os ônibus passarem, criando áreas que não são servidas pelos coletivos. São como tecidos necrosados onde o sangue não chega. As ligações são difíceis: da W3 à L2, não há passagem com facilidade, os ônibus nem conseguem  passar por esses lugares.

Por causa disso, mesmo usando o ônibus, muitas vezes o pedestre é obrigado a andar grandes distâncias para completar seu caminho. Aliás, o deslocamento a pé também é um problema no DF devido à escala quilométrica e à urbanização de baixa densidade demográfica, com áreas urbanas dispersas, pouco contínuas e cheias de vazios.

Para melhorar a vida dos pedestres, a professora defende intervenções para equilibrar a relação de tratamento entre eles e os carros, que sempre são privilegiados nas questões de mobilidade urbana. Além de resolver os problemas nas calçadas, Sylvia sugere a instalação de semáforos de pedestres inclusive nas grandes avenidas da cidade.

— Por que não pode haver semáforo de pedestres no Eixo Rodoviário? Por que o pedestre é obrigado a passar por um túnel subterrâneo sujo, fedido, perigoso e o carro fica com o caminho melhor? Por que para o automóvel eu dou uma via expressa e o pedestre precisa andar igual a um tatu por baixo da terra? Então se coloca semáforo, o pedestre cruza com segurança e o mundo não acaba.

Os ciclistas também não são privilegiados no Distrito Federal. As ciclovias são alvo frequente de críticas. De acordo com o pesquisador Artur Moraes, os percursos em zigue-zague indicam que a bicicleta ainda é vista como veículo de passeio e não como meio de transporte.

— Por que o carro anda em linha reta e o ciclista precisa se esforçar muito mais para andar fazendo curvas?

Além disso, de acordo com o presidente da ONG (organização não governamental) Rodas da Paz, Jonas Bertucci, as ciclovias apresentam descontinuidade nos trajetos, falta de sinalização, e em grande parte não têm iluminação. O coordenador do Fórum de Mobilidade por Bicicleta no DF, Paulo Alexandre Passos, diz que o projeto das ciclovias foi licitado no governo passado a partir de uma pesquisa que foi feita na cidade pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem) para saber de onde elas saíam e chegavam, usando a bicicleta.

—  As ciclovias que não dão em nada são dois trechos, um executado e o outro não. Parece que está desconectada, mas é porque não está pronta. Precisamos ver isso. Se a ciclovia já está terminada, é uma questão. Se está em obra é outra questão.

Porém, a professora Sylvia Ficher acredita que no DF a bicicleta não é a melhor das alternativas, pois apenas funciona bem como meio de transporte em escalas pequenas, de até 10 km.

— Agora se fala muito sobre o transporte por bicicleta, mas uma pessoa que mora em Brazlândia, por exemplo, não tem condições de ir pedalando para o Plano Piloto, porque são 45 km de distância. Ida e volta são 90 km, isso seria treinamento de esportista profissional.
Foto: Agência BrasilFonte: R7Postador: Edson Gilmar


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